SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

SERMÃO DE JEREMIAS


Um dos profetas mais simpáticos das Sagradas Escrituras é o profeta Jeremias. Sabemos a respeito dele mais do que de qualquer outro profeta porque ele nos abre o coração como nenhum outro.
Outros se escondem por assim dizer num anonimato quase total. Isaías diz muito pouco a respeito de si mesmo. Ezequiel, quase nada. Mas Jeremias, em quase cada página, ele não somente expressa o seu sentimento, a sua reação, as visões que ele recebia ou as experiências pelas quais passava. Uma boa parte do livro de Jeremias é quase um diálogo entre o profeta e o seu Deus. Estas passagens são chamadas As Confissões de Jeremias, mas não são tanto confissões como diálogos em que ele reclama, protesta, discute mas aceita também o plano divino para a sua vida.

Foi chamado ao ofício profético quando era muito menino, e ele não quis aceitar. E é interessante que quase todos os grande profetas como Moisés, Isaías, Jeremias foram constrangidos por Deus a aceitar o encargo que finalmente assumiram. Ele protestou que era ainda uma criança.

(Jr 1:5): "Antes que Eu te formasse no ventre materno, Eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações."
6Então, lhe disse eu: Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança.
7Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque a todos os que Eu te enviar irás; e tudo quanto Eu te mandar falarás.

Jeremias então é comissionado de início, porque está no primeiro capítulo, a uma dupla função: a função de derrubar, destruir, arrancar e arruinar – uma função negativa, em que ele teria de desfazer muitas ilusões quanto à vida religiosa; mas não ficaria apenas nesta função negativa, ele também teria uma função positiva a cumprir:

(Verso 10): "... e também para edificares e para plantares."

Há muitos paralelos entre Jeremias e Jesus.

Quando nosso Salvador fez aquela famosa pergunta que se encontra em Mateus 16, e o povo respondeu de várias maneiras:

Mateus 16, verso 13: "Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a Seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?"
14E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros, Elias; e outros Jeremias ou algum dos profetas.

Ninguém disse que Jesus era como Isaías, por exemplo. E menos ainda que Jesus fosse como Ezequiel, mas Jesus era para o povo como Jeremias.

É interessante que podemos traçar vários paralelos entre Jesus e Jeremias:

Ambos não se casaram. Lemos em Jeremias 16, verso 1 que Deus lhe disse que não se casasse. Ele viveu num tempo calamitoso e a sua experiência pessoal devia refletir todo o sofrimento pelo qual a nação estava passando.

Ambos foram acusados de trair os interesses da nação.

Ambos foram esbofeteados.

Ambos foram comparados a um cordeiro levado ao matadouro.

Leio em Jr 11:19 – "Eu era como manso cordeiro, que é levado ao matadouro; porque eu não sabia que tramavam projetos contra mim".

E de nosso Salvador, disse o profeta Isaías cap. 53, verso 7: "Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante ao seus tosquiadores, ele não abriu a boca."

Ambos empregaram parábolas em sua pregação. Jeremias usou a parábola do cinto de linho, do vaso quebrado, das duas cestas de figos – assim como Jesus usou inúmeras parábolas para transmitir a mensagem à Sua geração.

Ambos anunciaram a destruição próxima de Jerusalém. De fato, foi uma das incumbências do profeta Jeremias preparar aquele povo para o fato que Jerusalém seria tomada e destruída dentro de poucos anos.

Ambos choraram sobre Jerusalém. Há vários textos de Jeremias, mas vamos escolher um, que está em:

Jeremias 9, verso 1, aqui Jeremias aparece chorando a sorte do seu povo: "Provera a Deus a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos em fonte de lágrimas! Então, choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo."

De Jesus nos é dito em Lucas 19, verso 41 que contemplando a sorte de Jerusalém: "Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou."

42e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos."

E ambos anunciaram a próxima destruição do templo.

E ambos protestaram contra a profanação do templo. E é interessante que quando Jesus visitou o templo, no início do Seu ministério, de acordo com o Evangelho de João cap. 2, Jesus cita o profeta Jeremias. Ele cita Isaías: "A Minha casa deveria ser chamada casa de oração para todos os povos"; e daí Ele cita Jeremias: "Vós a tendes convertido em covil de ladrões." Nós vamos tocar nessa passagem de Jeremias brevemente.

Como dizíamos então, uma das funções do profeta Jeremias era desfazer várias ilusões.

(1) Primeira: A ilusão de que a idolatria era tão boa como o culto do verdadeiro Deus.

Nós lemos em Jeremias 2 de dois males cometidos pela casa de Judá, começando com o verso 9:

9Portanto, ainda pleitearei convosco, diz o Senhor, e até com os filhos de vossos filhos.
10Passai às terras do mar de Chipre e vede; mandai mensageiros a Quedar, e atentai bem, e vede se jamais sucedeu coisa semelhante.
11Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto que não eram deuses? Todavia, o Meu povo trocou a sua Glória por aquilo que é de nenhum proveito.
12Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai estupefatos, diz o Senhor.
13Porque dois males cometeu o Meu povo: A Mim Me deixaram, o Manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.

Eles tinham cometido o grave erro de trocar cisternas, e pior ainda cisternas rotas que não podem reter as águas. E é sabido que o terreno da Palestina é um terreno calcário na sua maior parte; e como as chuvas são escassas, limitadas aos 3 meses do inverno, é costume cavar cisternas na rocha calcária para conservar água para o resto do ano. Há milhares e milhares de cisternas. Mas frequentemente quando precisavam da água, a água tinha escapado por uma rachadura na parede da cisterna; por isso que ele chama de "cisternas rotas".

De outro lado, trocaram o Manancial de águas vivas. O manancial borbulha água pura, viva, perene; ao passo que a cisterna contém água impura, estagnada e incerta. Uma outra diferença entre o manancial e a cisterna: O manancial, a fonte é dada, é um dom de Deus, ninguém precisa cavar pelo manancial, ele aí está oferecendo as suas águas puras ao passante, ao passo que a cisterna precisa ser cavada. Daí o manancial ser o símbolo da verdadeira religião, ao passo que a cisterna é o símbolo de uma religião falsa, baseada em obras. E como disse alguém: "No fundo, todo o paganismo se resume em salvação pelas obras."

Estavam rejeitando portanto o manancial, a graça divina que lhes era oferecida pela misericórdia divina, para cavar para si caminhos baseado em obras humanas.

(2) Outra ilusão era de que o homem pudesse gloriar-se em sua sabedoria, força ou riquezas. Leio:
Jeremias 9:23 e 24: "Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em Me conhecer e saber que Eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na Terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor."

Riquezas, sabedoria, força – são todos bens transitórios destinados a perecer com seus possuidores. Daí a advertência do profeta: "Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas". O que é que tem o homem que ele não tenha recebido de Deus? E se nós recebemos algum dom é apenas a título de empréstimo. Nenhum dom será nosso permanentemente a menos que o usemos para o bem de nosso semelhante e para a glória de Deus. Nossa confiança devia, portanto, estar não nos dons mas no Doador da sabedoria, da inteligência, da salvação eterna.

Há um capítulo do livro de Jeremias que é todo dedicado a castigar a casa real de Judá. Os reis são mencionados – 3 deles – pelo nome, começando com Salum, melhor conhecido como Jeoacaz; depois o rei Jeoaquim, depois o rei Joaquim ou Jeconias.

Do rei Jeoaquim que reinou 11 anos, pouco tempo antes da primeira tomada de Jerusalém no ano 605 AC, é dito o seguinte:

(Jr 22:13-15, p.p.): "Ai daquele que edifica a sua casa com injustiça e os seus aposentos, sem direito! Que se vale do serviço do seu próximo, sem paga, e não lhe dá o salário; que diz: Edificarei para mim casa espaçosa e largos aposentos, e lhe abre janelas, e forra-a de cedros, e a pinta de vermelhão. Reinarás tu, só porque rivalizas com outro em cedro?”

Aí está um rei que tinha mal interpretado o que significava ser rei. Ele pensava que ser rei era construir palácios, nem que fosse com o sangue e o suor de empregados que não recebiam salário. Em contraste, ele menciona o bom rei Josias:

15... Acaso, teu pai não comeu, e bebeu, e não exercitou o juízo e a justiça? Por isso, tudo lhe sucedeu bem.
16Julgou a causa do aflito e do necessitado; por isso, tudo lhe ia bem. Porventura, não é isso conhecer-me? – diz o Senhor.

Jeoaquim tinha ilusão de que ser rei era ser grande, forte, poderoso, tirânico; ao passo que para Josias, o verdadeiro rei era um pastor do seu rebanho, era exercer justiça e juízo, era proteger os mais fracos e os mais desamparados da sociedade.

(3) Outra ilusão que Jeremias teve de combater é a ilusão de que o homem pode mudar de conduta quando bem queira.

Lemos em Jeremias 13, verso 23: "Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal."

Quão ilusória é a esperança daqueles que pensam mudar de conduta de um dia para outro! Ignoram a força do hábito, ignoram que estão condicionados pelo costume de longos anos a viver de um certo jeito. É uma ilusão pensar que alguém vai se arrepender no seu leito de morte. É notório como promessas feitas sob a pressão de uma enfermidade grave logo são esquecidas.

É tão difícil mudar a conduta humana como é mudar o curso de um navio que está singrando o mar a pleno vapor. Aquele navio com as suas milhares de toneladas, com aquela carga enorme não pode mudar de um momento para outro o curso. Assim o homem não pode de um momento para outro mudar o curso de sua vida. "Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas?"

Se alguma mudança há de ser efetuada de uma maneira completa e radical, essa mudança tem que ser feita pela graça de Deus. O homem de si mesmo nada pode fazer. Quão difícil é cancelar o hábito de fumar ou beber ou de abandonar o uso de drogas, e quanto aos outros vícios que mantêm homens por assim dizer algemados em seus hábitos. E é preciso um milagre da graça divina para romper com isto.

Conta um pregador que quando era jovem estava colportando certa vez no Canadá francês, no tempo da depressão econômica, da década de 30 a 40; era muito mais fácil trabalhar no Canadá, havia um pouco mais de dinheiro em circulação do que trabalhar nos EUA. Assim ele foi passar suas primeiras férias de 3 meses em Quebec e colportava em francês. E como o livro que vendia tinha uma capa vermelha, e havia muita suspeita em Quebec, uma província extremamente católica de tudo que era comunista, alguém passou a palavra ao chefe de polícia que alguém estava distribuindo um livro comunista. Ele foi chamado à chefatura de polícia na cidade de Chicotimi. Depois o polícia pediu explicações, ele mostrou o livro; era um livro de natureza médica, nem era um livro religioso.

Mas como em muitas cidades do Brasil, lá em Quebec também predominava o catolicismo, e o chefe de polícia disse: "O senhor vai conversar com o cura", é o padre. Ele foi conversar com o padre. Felizmente era um senhor bastante inteligente. Ele pegou o livro, começou folhear capítulo após capítulo. Quando os seus olhos caíram sobre o capítulo que tratava do alcoolismo, e ali havia uma frase do médico, dizendo que para vencer o alcoolismo era necessária a graça divina. Quando o padre leu esta frase, ele imediatamente concluiu: "Este não é um livro comunista, este é um bom livro." E deu ao colportor autorização de continuar vendendo aquele livro em Chicotimi.

Como dizíamos, não podemos romper de um dia para outro com hábitos de uma vida toda. É uma pura ilusão, ninguém deve pensar que vai se arrepender no seu leito de morte. As pessoas geralmente morrem como viveram. Em tempo quando nós temos pleno gozo de nossas faculdades é que devemos então fazer a decisão capital de nossa vida, a decisão de entregarmos nossa vida a Cristo.

Muitos descobrirão o que Jeremias disse aqui em:

Jr 8:20: "Passou a sega, findou o verão e nós não estamos salvos."

Para muita gente será tarde demais. Não aproveitaram o tempo da graça, e tarde demais vão descobrir que o grão já tinha sido recolhido para o celeiro celestial e eles ficaram fora do celeiro: "Não estamos salvos." Hoje é o dia da salvação. Hoje se alguém escutar a sua voz, não endureça o seu coração.

(4) Outra ilusão é de que se o povo tivesse o templo tudo estava bem. É o grande tema de Jeremias, especialmente no capítulo 7 que é conhecido como o sermão do templo. Neste sermão ele vai sublinhar várias ilusões.

Jr 7:4 – "Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este."

Estamos seguros! Estamos salvos! Havia um dogma corrente em Judá que não era de origem divina. Deus tinha feito uma promessa em Isaías de que Jerusalém não seria jamais tomada pelo inimigo se a nação fosse fiel. Mas eles transformaram uma promessa num dogma – é o dogma da inviolabilidade de Jerusalém. Jerusalém jamais seria conquistada pelo inimigo, o templo jamais seria destruído, ele era o penhor da presença divina, e portanto não tinham nada a recear quanto ao futuro. Mas notem o que Jeremias diz logo a seguir.

5Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo;
6se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal,
7Eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre.
8Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam.
9Que é isto? Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente, queimais incenso a Baal e andais após outros deuses que não conheceis,
10e depois vindes, e vos pondes diante de Mim nesta casa que se chama pelo Meu nome, e dizeis: Estamos salvos...!
11Será esta casa que se chama pelo Meu nome um covil de salteadores aos vossos olhos?

Não havia ilusão maior do que essa de pensar que porque tinham o templo, tinham tudo, estavam garantidos, estavam salvos. É como se nós disséssemos: Temos a verdade e tudo está bem! Eles tinham divorciado a religião da conduta, a religião da moral, da ética – e ainda pretendiam estar adorando um Deus que é um Deus santo. "Furtais e matais, cometeis adultério e jurais falsamente" e ainda, dizia Jeremias aos seus contemporâneos, vindes nesta casa dizendo: Estamos salvos!
Outros pensavam que o templo era um talismã, um fetiche. Assim como um talismã protegia seu possuidor, a posse do templo era garantia de salvação. Assim imaginavam eles.

A religião pode degenerar em mera formalidade – é isso que estava acontecendo com o povo de Judá – se submetiam a certas cerimônias, uma certa disciplina, realizavam certos sacrifícios, ofereciam incenso, havia um ministério estabelecido com funções regulares, o culto era um culto bonito, pomposo, havia cântico, e achavam que com o ritual estavam garantindo a sua salvação. Mas como diria tanto Isaías como Amós e Jeremias: o ritual nunca é um substituto para a retidão de conduta.
Os pagãos concebiam sacrifícios como maneira de apaziguar os deuses ou comprar o seu favor. Israel corria o risco de cair no mesmo erro. O verdadeiro lugar dos sacrifícios, do ritual, e outras práticas religiosas são meios para levar o adorador para mais perto de Deus. Quando se tornam fins em si mesmos transformam-se em pedras de tropeço. A própria observância do sábado é um meio de nos levar para mais perto de Deus, não é um fim em si mesmo.

Todo serviço religioso que se realiza aqui neste templo é um meio de nos levar para mais perto de Deus. Mas se apenas se torna um fim em si mesmo perde todo o seu valor espiritual, porque Deus não Se impressiona com a pompa de nosso ritual. Deus tem muito mais interesse na vida que levamos de dia em dia. Ele está muito mais interessado na conduta prática. "se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras, se deveras praticardes a justiça, cada um com o seu próximo". É isto que agrada a Deus, não que venhamos a ganhar a salvação pelas obras, mas a vida que levamos dá evidência ao mundo se amamos a Deus, se compreendemos esse Deus que é um Deus santo e espera santidade de Seus filhos aqui neste mundo.

(5) Outra ilusão nutrida pelo povo de Judá nas vésperas da destruição de Jerusalém e do templo era a seguinte: era a ilusão de que a religião dependia de apoios externos tais como templo, sacrifícios, ritual, sacerdócio estabelecido, uma ordem política estável e coisas desta natureza.

O dia estava se aproximando quando aquele povo ia perder a monarquia, deixaria de existir. A monarquia davídica terminou com a queda de Jerusalém no ano de 586 AC. Nunca houve um outro rei da sucessão de Davi sentado no trono de Israel. O templo deixou de existir durante 70 anos ou mais, não havia mais ministério estabelecido, não havia um sacerdócio regular, não havia mais sacrifícios, e ainda a religião deveria subsistir. A grande verdade que Jeremias queria inculcar no coração daquele povo justamente antes da catástrofe nacional é de que a religião devia se manter mesmo sem apoio externo.

É bom ter apoio externo, é bom ter uma casa de oração, é bom ter serviços regulares, é bom podermos ler a Bíblia regularmente e com liberdade. Mas o dia virá quando seremos privados de todo apoio externo e cada um terá que ficar de pé de acordo com a fé que ele possui em seu coração. Importante então é o apoio interno, muito mais do que esse apoio externo. Deus sabe que precisamos de apoio, mas Ele quer ver crescermos até o dia que poderemos dispensar todo apoio e permanecer de pé, sós se necessário for, na presença de Deus.

(6) Outra ilusão corrente em Judá era de que só em Jerusalém Deus podia ser encontrado. Portanto, se fossem deportados da sua terra e agora se encontrassem num país estrangeiro – como na Babilônia ou na Assíria – a religião tendia a desaparecer. Jeremias queria dizer, deixar bem claro e através de cartas que ele escreveu para os que foram exilados em 597 AC, ele continuou pregando ainda mesmo depois dessa deportação parcial até o ano de 586 AC, e teve oportunidade de exortar os exilados como Ezequiel fazia pessoalmente – Jeremias fazia por carta. Ele deixou este belo conselho que se encontra no capítulo 29, que contém realmente a carta de Jeremias aos cativos de Babilônia. Ele deu conselhos práticos a essa gente longe da sua terra.

Jr 29:10 – "Assim diz o Senhor: Logo que se cumprirem para Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a Minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar."
11Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor, pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.

Um Deus de amor, queria confortar a Seus filhos desolados em terra estranha. Deus nutria para com eles pensamentos de paz e não de mal, pare lhes dar o fim que aspiravam.

12Então, Me invocareis, passareis a orar a Mim, e Eu vos ouvirei.
13Buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração.

Mesmo em Babilônia poderiam invocar o nome de Deus, contanto que O invocassem de todo o coração. Deus não aceita um culto dividido. Ele espera que Lhe entreguemos a nossa vida sem reservas, com integridade de alma, com inteireza de coração. "Buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração." Mesmo em Babilônia.

Há pessoas aqui que não têm a felicidade de ter um lar unido, cristão – apenas o esposo é cristão, ou é adventista; ou é a esposa; um membro da família, às vezes um filho apenas, uma filha – mas mesmo nestas circunstâncias desfavoráveis podemos cultivar a comunhão com Deus porque Deus é Espírito, e aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e em verdade, independentemente de apoio externo, se necessário for. Nós estaremos nos preparando para aquele dia crítico se nós fizermos cada dia o hábito dessa comunhão com Deus em nossa câmara secreta, porque Deus que vê em oculto conhece a experiência religiosa de cada um de nós.

Como eu dizia, Jeremias tinha uma função dupla: uma função negativa de derrubar, arrancar, arruinar muitas superstições, muitas concepções errôneas da religião para em seu lugar plantar, edificar uma casa sólida espiritual; mas ele sabia muito bem que essa mudança só podia ocorrer mediante a graça divina.

E Jeremias se torna então o profeta do novo concerto, de uma nova aliança que Deus faria com Seu povo. Eles tinham falhado totalmente na sua promessa de obedecer a vontade divina durante vários séculos. Oportunidades várias lhes foram concedidas, fracassaram totalmente. Se Deus não interviesse de uma maneira miraculosa pela Sua graça, não havia futuro. Está ali em Jeremias no capítulo 31, anunciar aquilo que se tornaria o novo testamento, o novo concerto, uma nova aliança.

Jr 31:33 – "Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei; Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo."
34Não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos Me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais Me lembrarei.

Deus ia abrir para aquele povo uma nova página, um novo capítulo na sua experiência religiosa. É nesse novo capítulo conhecido como novo concerto, nessa nova aliança Deus promete mudar-lhes o coração. Aquilo que Ele pediu lá em Ezequiel, Ele promete fazer também em Jeremias, que nesse novo coração ia escrever a Sua lei, de modo que esta lei se torna um constrangimento interior e não um constrangimento exterior, uma religião do coração e não uma religião de forma.

E cada um será instruído pelo Espírito de Deus, de modo que: "Não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor, porque todos Me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor."

Deus quer abrir para nós também um novo capítulo em nossa experiência religiosa. Ele quer que como membros adultos, amadurecidos em nossa experiência espiritual entremos com Ele numa relação inteligente. Como é a relação espiritual, Ele quer receber-nos como Seus filhos, guiar-nos pelo Seu Espírito. Cabe a nós, então, responder ao apelo divino e aceitar as advertências de Jeremias, que não somente veio para desfazer ilusões, mas para implantar a semente do Evangelho nos corações humanos.

Que Deus nos abençoe para compreender a Sua mensagem, é a minha oração esta noite. Amém.

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