SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

O CORRETO USO DA VONTADE


Neste assunto há um estranho paradoxo. É simples, contudo para muitos é difícil. Nos dias de Cristo, as pessoas "boas" rejeitaram o seu impacto, porém os "pecadores" saudaram-no com alegria. Estudiosos de teologia como Lutero e Erasmo têm debatido este assunto. Morte espiritual aguarda os que não o compreendem; os que o entendem encontram o segredo da vida cristã vitoriosa. A Bíblia relata experiências de homens que resistiram a muitos anos de problemas e provações antes de entender esta verdade na prática.

Depois do Dilúvio Deus prometeu jamais destruir a terra pela água. Alguns creram nesta promessa. Outros não. Os descrentes começaram a construir uma torre em direção ao céu, para a eventualidade de Deus não cumprir Sua promessa. A construção fracassou.

Abraão teve experiência semelhante. Deus o levou à terra que ele deveria receber como herança; além disso Deus prometeu torná-lo pai de uma grande multidão. Após sua viagem à Canaã as pessoas o cumprimentavam. Podemos imaginar a cena:

– Como é seu nome?
– Meu nome é "Pai de uma Multidão" – ele respondeu – pois esse é o significado de meu nome.
– Oh – exclamaram elas – muito bem, seu nome é "Pai de uma Multidão". Quantos filhos você tem?
– Bem... não tenho nenhum. E as pessoas sorriam.
As pessoas saudaram a Sara. – Seja bem-vinda à terra de Canaã. Como você se chama?
– Meu nome é "Mãe de Nações".
– Oh, sim?! Quantos filhos você tem?
– Bem... eu não tenho filhos.

Isto era motivo de silencioso embaraço.

Então as pessoas aproximavam-se um pouquinho mais e perguntavam: Qual é sua idade?
– Tenho 65 anos.

Isto aumentava ainda mais o embaraço.

Finalmente Abraão e Sara decidiram que Deus fizera uma promessa que não podia cumprir. "Ele precisa de nosso auxílio", concluíram. Então discutiram o assunto e chegaram a um plano. Logo, uma trágica situação na família se desenvolveu. Somente depois de anos de dores de cabeça Abraão finalmente aprendeu a lição que o qualificaria a ser chamado de "Pai da Fé...

Deus falou a Moisés para tirar Israel do Egito e levá-lo à Terra Prometida.

Moisés disse: "Ótimo, se sou o homem que desejas, posso então começar". Ele começou brandindo sua espada e assassinando um egípcio. Fugiu então para o deserto onde, por 40 anos, como pastor de ovelhas, aprendeu a lição da fé e da vontade. No final dos 40 anos Deus o lembrou de que ele devia tirar Israel do Egito.

Moisés respondeu: "Não posso fazer isso. Sou um pastor de ovelhas. É impossível para mim libertar Israel". Mas Deus sabia que ele estava pronto. Finalmente Moisés estava desejoso de depender da força divina.

Então, a despeito de seu maravilhoso líder que aprendera o difícil caminho, Israel passou pela mesma experiência. Fora-lhes prometido: "O Senhor vosso Deus é o que peleja por vós". Deuteronômio 3:22. Mas Israel vagou pelo deserto por 40 anos tentando aprender a lição que Moisés aprendera antes – a lição de que quando Deus faz uma promessa Ele tem poder para cumpri-la e não precisa de nossa interferência. Nossa interferência simplesmente O estorva na realização de Seus propósitos.
Deus tem prometido dar-nos poder para vencer nossos pecados. A maior batalha já travada é alcançar a compreensão em nossas próprias mentes, de que Deus é capaz de cumprir Suas promessas.

Em seu livro Captains of the Host (Capitães do Exército), Arthur Spalding discute alguns dos problemas da experiência cristã. O ponto culminante chega quando ele diz:
"Muito mais sutil é a convicção estabelecida na mente da maioria dos professos cristãos (...) de que o homem deve lutar para ser bom e fazer o bem, e de que quando ele tiver feito tudo que pode, Cristo virá em seu auxílio e o ajudará a cumprir o resto. Muitos confiam hoje neste confuso credo de salvação parcialmente através das obras e parcialmente por meio de poder auxiliar."

NÃO OLHAR PARA NÓS PRÓPRIOS

Alguns "conquanto pensem que se estão entregando a Deus, têm ainda grande dose de presunção. (...) Não há vitórias nesta espécie de fé. Essas pessoas labutam sem propósito algum; têm a alma em contínua escravidão, e só encontrarão descanso quando depuserem seus fardos aos pés de Jesus". – Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 353.

"Cada qual terá uma luta intensa para vencer o pecado no próprio coração. Às vezes essa obra é muito penosa e desanimadora; pois ao vermos os nossos defeitos de caráter, pomo-nos a considerá-los, em vez de olhar para Jesus e revestir-nos das vestes da Sua justiça. Todo aquele que entrar na cidade de Deus pelas portas de pérola, fá-lo-á como vencedor, e sua maior conquista terá sido a do próprio eu [não coisas]". – Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 381.

"Não devemos olhar para nós mesmos. Quanto mais contemplarmos nossas imperfeições, tanto menos forças teremos para vencê-las". – Ellen G. White, em Review and Herald, 14 de janeiro de 1890.

Jamais foi intenção de Deus que vivêssemos obsessivamente preocupados com nossos pecados, nossos erros, nossos problemas. Essa preocupação aumenta os problemas.
Você já se preocupou tanto em dormir à noite a ponto de perder o sono? É também possível lutar tanto para vencer o inimigo que nos tornemos semelhantes a ele. Jesus tem um plano melhor. Devemos olhar para Ele, considerá-Lo e conhecê-Lo. Esse é o uso apropriado de nossa vontade ou escolha. Aí é que devemos colocar nossos esforços.

Aqui vai uma declaração muito clara de Ellen G. White:

"O Senhor nada pode fazer para a restauração do homem enquanto ele, convicto de sua própria fraqueza e despido de toda presunção, não se entrega à guia divina. Pode então receber o dom que Deus está à espera de conceder. Coisa alguma é recusada à alma que sente a própria necessidade. Ela tem ilimitado acesso Àquele em quem habita toda a plenitude". – O Desejado de Todas as Nações, p. 220.

A vontade é extremamente importante no processo da salvação. De fato, ninguém deveria apresentar "a idéia de que o homem pouco ou nada tem que fazer na grande obra de vencer; pois Deus nada faz para o homem sem sua cooperação. Nem digais que, depois de haverdes feito tudo que de vossa parte seja possível, Jesus vos ajudará. Disse Cristo: 'Sem Mim nada podeis fazer'. S. João 15:5". – Mensagens Escolhidas, livro 1, p. 381.

Como você pode conciliar isto? Não devemos fazer nada? Qual é o trabalho de Deus e, a atuação do homem? Aqui entra a função da vontade humana. Se exercermos a vontade corretamente, "uma completa mudança pode ser operada na vida". – Conselhos Sobre Saúde, p. 440.

Justamente aqui encontramos uma clara idéia do que é a vontade. A vontade "é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou de escolha". – Caminho a Cristo, p. 47.

Quando falamos da vontade do homem, estamos nos referindo à sua habilidade de escolher. Paulo reconheceu isto em Romanos 7:18: "O bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo". Paulo sabia como escolher entre o certo e o errado; sabia o que deveria fazer, mas não podia fazê-lo.
Lembre-se que Pedro declarou: "Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo Te negarei". Mateus 26:35. Pedro fez a escolha correta mas não teve forças para cumpri-la. Sentiu-se vencido e fugiu da turba pouco depois de fazer a escolha acertada! Qual foi o problema? Ele não compreendia a função correta da vontade.

Agora, devemos distinguir cuidadosamente entre "vontade" e "força de vontade". Às vezes as confundimos e pensamos que são a mesma coisa. Mas não são. A vontade é a capacidade humana de escolher; a força de vontade é o poder para realizar. Devemos usar ambas, a vontade e a força de vontade de maneira correta e estar em constante preocupação até realizarmos. (Ver Testimonies, vol. 5, p. 513.)

VOANDO PARA O HAVAÍ

Posso escolher voar para o Havaí. Assim dirijo-me a um aeroporto. Lá, correndo tanto quanto posso, começo a agitar meus braços ao vento enquanto embarco para minha viagem. Contudo, posso agitar meus braços o dia inteiro, e entrar pela noite a dentro, jamais deixarei o solo. O fato é que posso estar tão cansado quando tiver terminado a viagem que talvez não tenha força suficiente para deixar o aeroporto internacional.

Contudo, se eu escolher não fazer tal, e escolher fazer outra coisa, posso fazer. Posso colocar-me nas mãos de um piloto que está voando num avião para o Havaí. Será seguro concluir que chegarei ao meu destino. Uma vez feita a escolha, o piloto fez o restante por mim. Não é certo? Esta simples ilustração sugere a força de vontade.

"O homem não é capaz de salvar-se por si próprio, mas o Filho de Deus trava as batalhas dele, e dá-lhe a vitória outorgando-lhe Seus divinos atributos". – Ellen G. White, na Review and Herald, 8 de fevereiro de 1898. (Itálicos acrescentados.)

Traduzido para a vida real, o que Deus está tentando dizer-nos é que se escolhermos lutar a peleja da fé com toda a nossa força de vontade, corretamente dirigida à real fonte de poder em nossa vida, conquistaremos. (Ver Testimonies, vol. 5, p. 513.) Se desejarmos concentrar toda força de vontade que tenhamos em direção do conhecimento de Jesus pessoalmente e Lhe permitirmos viver Sua vida em nós, então venceremos. Precisamos utilizar nossa autodisciplina na escolha de um relacionamento pessoal diariamente com Deus. Então deixaremos com Ele nossas lutas. Esta é uma das idéias mais difíceis de serem aceitas pelo ser humano. Por quê? Por causa do orgulho natural e da auto-suficiência do coração humano. Acariciamos o pensamento de que podemos fazer algo mais.

Você se lembra dos ônibus elétricos? Há alguns deles nas cidades maiores. No alto dos carros há uma conexão que coleta energia dos fios condutores de eletricidade. Se eu fosse condutor de um desses carros e descobrisse que a conexão havia escapado dos fios de energia elétrica, eu teria duas alternativas a escolher. Poderia descer e recolocar a conexão em contato com a linha de força ou poderia dar partida.

Se eu escolhesse dar partida, estaria então dirigindo erradamente meu desejo de poder. Estou escolhendo algo que não posso fazer. Se eu escolher a ação correta para minha vontade, então o carro prosseguirá. Exercerei minha vontade e minha força de vontade em direção de Cristo e concentrarei meus esforços na área de minha fé pessoal e minha vida devocional. Conhecerei então a diferença entre tentar dar partida ao Ônibus e tentar pô-lo em contato com a fonte de poder.

Qual é a natureza de sua vida devocional? Você sabe o que significa cair de joelhos diariamente com a santa Palavra de Deus em oração particular e procurá-Lo de todo seu coração? Realmente, a natureza de sua vida devocional lhe dirá se você está utilizando adequadamente sua vontade.

O dramático desafio de Paulo aos filipenses ganha novo sentido à luz deste assunto: "Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade". Filipenses 2:12, 13. Se eu escolher a experiência de permitir que a obra de Deus se realize em mim, então Ele me levará a outras escolhas; Ele sustentará todas estas escolhas com todo o poder do Céu. Dessa forma a vitória é possível.
Às vezes pensamos que há muitas coisas para realizar na vida cristã para as quais temos força, e consumimos nossa existência tentando fazê-las. Jamais esquecerei a emoção e o alívio que experimentei há vários anos quando me ocorreu que o que Deus realmente espera que eu faça consciente e deliberadamente, é o uso das avenidas que Ele tem dado pelas quais posso manter-me em contato com Seu poder: o estudo da Bíblia e a oração.

Através destes meios simples e frequentemente negligenciados, Deus chega a íntimo companheirismo conosco e cumpre o mistério do evangelho, "Cristo em vós" (Cl 1:27; cf. 2Co 5:17). A vida devocional não é uma opção na experiência cristã. Comunhão diária não é algo que acrescentamos a nossa vida para sermos cristãos. É toda a base da vida cristã! "Ninguém é cristão vivo a menos que tenha uma experiência diária nas coisas de Deus". – Testimonies, vol. 2, p. 505.

Perguntará alguém: "Não faremos outras coisas na vida cristã, além de ler a Bíblia e orar?" Naturalmente faremos! Mas a diferença será que o que fizermos brotará espontaneamente porque o Senhor habita em nós. Então faremos mais do que jamais imaginamos e alcançaremos um padrão mais elevado do que conhecemos ou imaginamos.
Paulo descreveu esta vida maravilhosa cheia de poder quando escreveu: "Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim". Tiago 2:19, 20.

"Ao nos sujeitarmos a Cristo nosso coração se une ao Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida. Isto é o que significa estar trajado com as vestes de Sua justiça". – Parábolas de Jesus, p. 312.

"Coisa alguma é aparentemente mais desamparada, e na realidade mais invencível, do que a alma que sente o seu nada, e confia inteiramente nos méritos do Salvador. Pela oração, pelo estudo de Sua Palavra, pela fé em Sua constante presença, a mais fraca das criaturas humanas pode viver em contato com o Cristo vivo, e Ele a segurará com mão que nunca a soltará". – A Ciência do Bom Viver, p. 182. (Itálicos acrescentados).

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