SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

O QUE JESUS DISSE SOBRE SI MESMO


Horas sem conta têm sido gastas discutindo os mistérios envolvidos na Encarnação. Quase todos crêem que Jesus era e é Deus. Mas e sobre Sua natureza humana? Até que ponto Ele era humano? Era Ele como nós ou não? Parece que nossa resposta depende da natureza do pecado e do relacionamento de Jesus com ele.

Se há um tema que se tem distinguido entre os teólogos como sendo particularmente difícil e divisório, este é o tema da natureza de Cristo. Algumas vezes temos gasto horas a fio no assunto, e terminamos depois no ponto onde iniciamos! Mas quando falamos sobre Jesus e o que Ele era, torna-se muito fascinante descobrir o que Ele disse a esse respeito, e o que os Evangelhos disseram sobre o assunto. Afinal de contas, Ele realmente deveria ser a autoridade final sobre o assunto, você não acha?

Provavelmente não exista nenhum crente na Bíblia que seja cristão evangélico, fundamentalista que não creia que Jesus era Deus, que Jesus é Deus. Mas veja algumas das muitas referências bíblicas sobre o tema: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. ... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1:1, 14). No batismo de Jesus Deus mesmo disse: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt. 3:17).

Até os demônios sabiam quem Ele era. O diabo veio e tentou Jesus a transformar pedras em pão (Mt 4). Se ele não soubesse que Jesus era Deus, esta tentação teria sido ridícula. Nenhum de nós jamais foi tentado neste ponto! E não apenas o próprio demônio mas todos os seus demônios seguidores sabiam quem era Jesus. Em mais de uma ocasião eles disseram: "Ah! Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!" (Lc 4:34, 41; Mc 1:24).
Jesus disse: "Ninguém a tira [Minha vida] de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la." (Jo 10:18). Nenhum de nós podia reclamar isso. Jesus


estava falando como Deus. Ele deu evidência de que Ele tinha poder para perdoar pecados, e o povo O acusou de blasfêmia (Lc 5:20,21). Mais uma vez Jesus estava falando como Deus.

João 13:3 nos fala que Jesus sabia que Ele viera de Deus, que Ele era Deus. No templo com a idade de 12 anos Ele disse: "Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?" (Luc. 2:49, RC). Ele deu evidência em primeiro lugar de que Ele era Aquele que fora enviado do Céu. E no Seu julgamento, quando o sumo sacerdote O interrogou sob juramento se Ele era o Filho de Deus, Ele disse: "Eu sou" (Mc 14:61,62).

De maneira que Jesus era Deus. Ele continuou a ser Deus quando Ele Se tornou homem. E Ele continua a ser Deus, à destra do Pai hoje.

Dito isto, vamos proceder ao segundo tópico principal do tema – Jesus era também homem. Ele era humano. "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (Jo 1:14).

Como homem, Jesus exibiu certos traços comuns aos seres humanos. Ele se cansava, e ia dormir no fundo de um barco (Jo 4:6; Mc 4:37,38). Ele teve fome e sede. Ele teve sede na cruz (Jo 4:7,8; 19:28). Ele descobriu, como homem, o que é experimentar as carências e necessidades que nós experimentamos.

Mas aqui é onde o tema da natureza de Cristo começa a ser melindroso, onde surge o diálogo e a discussão. Quanto de homem era Ele? Quão humano era Ele? Era Ele exatamente como nós ou não?

Jesus Se tornou homem após milhares de anos de degradação da raça humana. Na época de Adão os homens viviam centenas de anos. Não era assim nos dias de Jesus. Jesus tinha menos vitalidade física do que Adão. Jesus se cansava ao passo que Adão provavelmente não. De fato, na história da mulher junto ao poço (João 4), aparentemente Jesus estava mais cansado que os Seus discípulos! Desde Adão a raça humana tem decrescido em força física, poder mental, e caráter moral. Jesus aceitou a fraqueza da humanidade; o poder que Ele manifestou em Sua vida foi o poder do Pai. Se Jesus tivesse vindo à Terra como homem durante os primeiros cem anos após a queda do homem, Ele teria tido menos dificuldades, humanamente falando.

Nós também sabemos isso concernente a Jesus – Ele nunca pecou. Ele disse de Si mesmo: "E Aquele que me enviou está comigo, não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que Lhe agrada. ... Quem dentre vós me convence de pecado?" (Jo 8:29, 46). E antes do Seu nascimento, o anjo dissera a Maria: "O Ente Santo que há de nascer será chamado Filho de Deus." (Lc 1:35). Jesus era sem pecado. Ele foi chamado "o Ente Santo", e nenhuma outra pessoa nascida neste mundo jamais foi descrita desta maneira. Assim, aqui é onde nós destacamos em que Jesus nasceu diferente de nós. Ele nunca foi pecador. Ele nunca pecou. Ele era sem pecado.

Às vezes, nós discutimos se a natureza humana de Jesus era igual à de Adão antes da queda ou depois da queda. Tais discussões podem levar você até à meia-noite! Mas em um sentido, é como perguntar a alguém se ele quer manteiga de amendoim ou geléia no pão, e ele responder Sim. Há um sentido em que Jesus era como Adão antes da queda e um sentido em que Ele era como Adão depois da queda. Ambos são verdade. Jesus era como Adão depois da queda no sentido de receber os efeitos da lei da hereditariedade e tornou-se um ser humano sujeito às limitações dos seres humanos do Seu tempo. Mas Ele era como Adão antes da queda no sentido de que Ele era sem pecado.

Quando Jesus tomou as capacidades de homens caídos, havia algo que Ele não tomou – a natureza pecaminosa do homem. Ele tinha uma natureza espiritual desde o nascimento que não acarretou propensões para pecar. Jesus não tinha desejo de pecar. O que você pode dizer acerca de si mesmo? Você pode dizer isto acerca de qualquer outra pessoa nascida neste mundo de pecado? Mas foi dito de Jesus que Ele amou a justiça e odiou a iniquidade (Hb 1:9).

Tudo isso nos leva a uma pergunta muito prática: Tinha Jesus algum tipo de vantagem sobre nós? Sim, Ele tinha uma vantagem sobre nós. Ele nasceu como "o Ente Santo". Nós não nascemos assim. Jesus nunca pecou; portanto, Ele nunca foi tentado a continuar no pecado, algo que eu sugiro que é uma de nossas maiores tentações. Jesus nunca teve este problema. Desde criança, Ele amou a justiça e odiou a iniquidade. Isto não pode ser dito sobre nós. Assim Ele teve vantagens.

Mas Jesus viveu sua vida terrestre mediante dependência de Seu Pai celestial. Portanto, Ele não fez uso de Suas vantagens. Ele viveu a vida exatamente da maneira em Ele nos convidou a viver – mediante dependência de um poder superior. Ele nos disse: "Sem mim nada podeis fazer." (Jo 15:5). Mas Ele disse também: "Eu nada posso fazer de mim mesmo" (João 5:30). Até Seus poderosos milagres foram realizados pelo poder de Deus, em vez de serem feitos por Seu próprio poder divino inerente (cf. At 2:22). No deserto da tentação, um anjo veio para fortalecer Jesus e ministrar Suas necessidades. Ele não usou Seu poder divino para suprir Suas próprias necessidades, a despeito da tentação do diabo para Ele fazer alguma coisa (Mt 4:11). Novamente, no jardim do Getsêmani um anjo veio para fortalecê-lo (Lc 22:43). Foi um anjo mensageiro do trono de Seu Pai que O encorajou, e Lhe deu poder para enfrentar a cruz.

Quando nós chegamos à cruz, vemos Jesus lutando sob o peso dos pecados e culpa do mundo inteiro, e clamando: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mt 27:46). E nos perguntamos se Ele está finalmente só. Mas assim não é. "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (2Co 5:19). Deus ainda estava ali, muito embora Jesus não podia vê-Lo. A presença de Deus foi manifesta pelas trevas sobrenaturais que vieram por volta da hora nona, pelo terremoto, e pelo rasgar do véu do templo quando finalmente Jesus morreu.

Assim através de toda Sua vida – em Seu comportamento perfeito e sem pecado, em Seus milagres, no Getsêmani e na Cruz – Jesus viveu mediante um poder acima dEle. Sempre foi por meio de relacionamento de fé e oração, comunicação, e companheirismo que Jesus experimentou este poder.

Desta maneira Jesus Se tornou nosso exemplo. Ele disse isso em conexão com a Ceia do Senhor. "Eu vos dei o exemplo" (Jo 13:15). Ele disse em João 13:34: "que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei". Ele disse em Mateus 10:25: "Basta ao discípulo ser como o seu mestre". E Apocalipse 3:21 nos diz que nós venceremos como Jesus venceu.

Muitos hoje parecem escolher entre três opções concernente a natureza humana de Cristo. Uma é crer que Jesus era igual a Adão antes da queda, e portanto crer que não podemos obedecer a lei de Deus como Jesus obedeceu, porque Ele era diferente de nós. A segunda idéia é crer que Jesus era como Adão depois da queda, e portanto crer que nós podemos obedecer a lei de Deus. Afinal de contas, Jesus fez isso, e Ele é exatamente como nós. A terceira posição é que Jesus era como Adão tanto antes como depois da queda. Vamos ver cada opinião em detalhe.

Primeira: Se nós definimos pecado em termos de uma natureza humana caída, Jesus deveria ter sido como Adão antes da queda, porque Ele não era pecador. Nós somos pecadores. Portanto, Jesus era diferente de nós e Ele não poderia ser nosso exemplo. Ele tinha uma vantagem sobre nós em termos de obediência, e nós, como pecadores, não podemos esperar obedecer. Na verdade, achamos isto impossível. De modo que pelo contrário, aceitamos Sua obediência substitutiva e confiamos que Sua obediência toma o lugar em nossa conta no Céu.

Segunda: Se nós definimos pecado em termos de transgressão da lei, Jesus teria sido como Adão depois da queda. Este ponto de vista diz que a pessoa é pecador porque peca (e ele não é pecador até praticar pecado). Jesus era exatamente como Adão após a queda; Ele tinha uma natureza humana pecaminosa exatamente como nós temos. Ele evitou ser pecador por nunca praticar nenhuma coisa má. Assim Jesus era exatamente como nós, exceto que nunca pecou. Ele Se tornou nosso exemplo em todos os pontos, e nós podemos obedecer como Ele obedeceu, por reprimir a transgressão.

Terceira: Se definimos pecado em termos de um relacionamento quebrado, então Jesus seria como Adão antes da queda, porque Ele tinha uma natureza espiritual desde o início que nunca foi separada do Pai. Mas Ele era também como Adão depois da queda, porque Ele viveu em completa dependência do Pai para fazer as obras que vemos manifestas em Sua vida. Se o conceito de pecado é um relacionamento quebrado (em vez de uma natureza pecaminosa, ou atos pecaminosos) então Jesus pode ser nosso exemplo em mostrar-nos como viver na dependência de um Poder Superior. Podemos obedecer, porque podemos tornar-nos portadores de Sua natureza espiritual, experimentar a restauração do relacionamento quebrado, e depender de Sua força para vencer. O resultado? A possibilidade de obediência total à lei de Deus.

Eu creio na terceira posição. Eu creio que o problema do pecado vai mais além de praticar más ações. A questão do pecado é um relacionamento quebrado, uma vida vivida independentemente de Deus. Quem tem a maior tentação para viver independentemente? Aquele que é sem pecado ou aquele que não é? Nesse sentido, Jesus é o maior exemplo que nós podemos requerer.

Em resumo, Jesus era divino e Ele era humano. Ele tomou sobre Sua natureza espiritual as faculdades de nossa natureza humana caída. Em seu estado enfraquecido, Ele nos deu um exemplo de vitória do alto, em vez da vitória de dentro. E, de todos modos, esta é afinal a real questão.

Ao examinar este assunto, sinto que estamos pisando terreno santo. É uma coisa surpreendente compreender que Jesus veio e viveu uma vida que eu devo viver.

Será que este tema me faz sentir que estou aquém? Claro que sim. Mas será que me desanima? Não. Jesus deu demasiadas evidências de que Ele me ama e continuará a ajudar-me a entender como Ele viveu Sua vida, para que eu possa viver na dependência dEle, como Ele viveu na dependência de Seu Pai.

Podemos ser gratos porque somos aceitos por causa do sacrifício de Jesus que ainda pavimenta nosso caminho ao país eterno. E também podemos ser gratos porque Ele nos mostrou como vencer, mediante dependência dEle. "Eu neles, e Tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade" (Jo 17:23).

Morris Venden
MINISTRY/MAY/1982, pp. 18-19

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