SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

O QUE JESUS DISSE SOBRE A PERFEIÇÃO


Tão bela e importante como seja a idéia de perdão, a religião de Jesus envolve algo mais – um ambiente livre de pecado. E esta vitória não é relegada somente a uma vida futura entre Deus e os santos anjos; Jesus torna claro que a perfeição deve ser nossa aqui e agora num mundo entregue ao mal. Mas mesmo assim, devemos lembrar que é a vitória de Cristo, não a nossa. A justiça que Ele opera em nós é ainda Sua justiça e vem a nós pela fé. No momento que perdemos de vista esse fato, a perfeição se torna em perfeccionismo baseada no eu.

Perfeição pode ser um assunto perigoso. Permanecer no tópico pode ser em si mesmo uma tarefa desanimadora e frustrante. A razão é que quando falamos sobre perfeição, nossa atenção é quase invariavelmente focalizada para dentro de nós mesmos, e aqui não é onde está o poder. O poder está sempre fora de nós. Assim, o procedimento seguro quanto à perfeição, deve ser lidar com ela suavemente, uma rápida olhada, e levá-la à conclusão.

Para começar, precisamos de um clara compreensão da diferença entre perfeição e perfeccionismo. Aqui é onde precisamos de um glossário. Arriscarei uma definição: A pessoa que está envolvida em perfeccionismo é aquela que usualmente pensa um pouco mais, aquela que focaliza sua atenção e a experiência de todos na perfeição. Aquele que crê no perfeccionismo é freqüentemente o único que insiste que a natureza pecaminosa é erradicada antes que Jesus venha outra vez e que não podemos apenas vencer mas também tornar-nos sem pecado. Eu gostaria de discordar de qualquer identificação com perfeccionismo. Mas a doutrina da perfeição é uma boa doutrina bíblica, um sólido ensino da Bíblia, e Jesus mesmo teve algo a dizer a respeito.

Poderíamos começar com a declaração que Jesus fez em mais de uma ocasião: "Não peques mais" (Jo 5:14; 8:11). Isso chegou perto da perfeição, não é verdade? Jesus disse em Mateus 28:20, para ensiná-los "a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado." Isso também é bem completo. Mas Jesus fez três comentários maiores nesta conexão. O primeiro é Mateus 5:48; o segundo é Mateus 22:11, e o terceiro é Mateus 19:21.

Mateus 5:48: "Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." Tem-se dito que a palavra perfeito nas Escrituras significa nada mais que "maduro". E é verdade que a palavra grega leva em si a idéia de maturidade. De maneira que alguns dizem que Jesus realmente não queria dizer "perfeito"; em vez disso ele queria dizer "maduro". Mas a palavra maduro é atualmente uma palavra mais forte do que perfeito, porque maduro leva consigo a idéia de perfeição final. Você pode ter um bebê recém-nascido, e pode ser um bebê perfeito que murmura e emite sons. Você pode ter uma criança perfeita de 2 anos, que senta na calçada e fala tolices aos seus amigos. E ele pode ser um bebê perfeito de 2 anos. Mas se ele ainda fizer isso aos 20 anos, você ficaria nervoso! Quando uma pessoa está murmurando e proferindo tolices aos 20 anos, não apreciamos isto!

Jesus Se permitiu ir por estágios de crescimento na vida cristã. Isto fica muito claro em Marcos 4:28: "Primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga." Uma erva pode ser uma erva perfeita, e uma espiga pode ser uma espiga perfeita. E o grão cheio na espiga pode ser não apenas perfeito mas maduro também. Pode ser perfeito em vários estágios de desenvolvimento, exatamente como pode ser perfeito em cada estágio. Mas maturidade indica uma perfeição final. Assim, em um sentido, quando alguém tenta explicar Mateus 5:48 por trocar a palavra perfeito pela palavra maduro, ele tem feito as palavras de Jesus ainda mais fortes. Seria mais fácil ser um bebê perfeito do que ser um adulto perfeito. E eu sou grato por este ensino de Jesus que há perfeição em cada etapa de crescimento, porque pode ser exatamente o que alguns de nós estão ainda em um desses estágios!

Uma das questões que geralmente surgem quando falamos sobre a idéia de perfeição é: "Quem é que a alcançou?" Mas essa é uma questão insensata. Nunca medimos a verdade por nossa experiência ou pela experiência de qualquer a respeito disso. Esta é uma forma de existencialismo. É uma abordagem muito simplista da verdade – especialmente da verdade de Deus – ir dizendo que uma coisa é impossível simplesmente porque eu nunca o logrei fazer nem conheço pessoalmente alguém que o conseguisse. Há muitas pessoas, nas gerações deste mundo, que alcançaram o ideal de Deus. Mas a natureza da perfeição é tal que eles foram provavelmente os últimos a saberem disso, e nós provavelmente também não sabemos acerca deles. Mas não vamos decidir que é impossível por causa disso.

Em Cristo "habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Col. 2:9), e a vida de Cristo se manifeste "em nossa carne mortal" (2Co 4:11). Pela conexão com Cristo "o preceito da lei" se cumprirá "em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito." (Rm 8:4). A vida de Jesus em nós produzirá o mesmo tipo de obediência que foi manifestada em Sua vida.

A religião de Cristo inclui mais do que perdão, por mais belo que seja. Inclui livrar-nos do pecado, não precisamente em alguma vida futura celestial mas aqui e agora. Isto não significa que não mais seremos pecadores. Até o apóstolo Paulo disse que ele era o principal dos pecadores. Mas não queria dizer que estava pecando todo o tempo. Quando Paulo disse em Romanos 7:18: "o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo", não estava falando sobre obras externas e desempenho, porque em Filipenses 3 encontramos um belo registro de seu sucesso em realizações externas. Ele não economizou palavras. O que Paulo estava dizendo era que à parte de Deus, de si mesmo, ele ainda era um pecador. E todos nós teremos de fazer coro com ele neste conhecimento.

Algo da confusão no assunto da perfeição vem de uma má compreensão do propósito da perfeição. Perfeição não é de qualquer modo a base de nossa salvação. O propósito da perfeição é trazer glória e honra a Deus. Mateus 5:16: "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus." Salmo 23:3: "Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome." O último grupo de pessoas, exatamente antes de Jesus voltar, temem a Deus e Lhe dão glória (Ap 14:6).

Um dos perigos de estudar este assunto tem sido a tendência de dar a impressão que nossa perfeição é o que nos salva. Não é assim. Jesus e a cruz é que nos salva. Obediência e perfeição cristã devem trazer glória e honra a Ele, e se isso é a habitação de Cristo no interior que torna isso possível, então é a obra de Deus através de nós. Não fazemos nada por nós mesmos (Gl 2:20).

O cristão permanece pecaminoso por natureza até a Volta de Jesus (1Jo 1:8). Isto não deveria causar desânimo ao cristão, porque sua permanência em Cristo repousa na contínua graça justificadora de Deus. Contudo, a última mensagem da Bíblia, no livro de Apocalipse, fala muito sobre o vencedor. Obviamente, é o pecador que vence. O que o torna vencedor? Primariamente, ele vence sua prática de depender do seu próprio poder, depender de si mesmo, e em vez disso aprende a depender do poder de Deus. Isto não acontece da noite para o dia, mas resulta da experiência crescente do pecador salvo quando ele continua seu diário relacionamento com Deus. Esta é a obra de Deus, não nossa.

Se você quer entender o assunto da perfeição e a necessidade da perfeição, estude cuidadosamente Mateus 22. Você encontra mais respostas nesse capítulo, na parábola de Jesus sobre a veste nupcial, do que em qualquer outra parte. O homem que veio às bodas sem veste nupcial tinha recebido o convite. Ele tinha respondido ao convite e foi aceito na festa na base dessa resposta. Sua subsequente expulsão da festa foi por causa de sua desonra ao rei, e ao filho do rei, pela recusa de usar o traje que fora provido para ele gratuitamente.

Todos nós somos convidados à ceia das bodas do Cordeiro, e todos nós devemos aceitar o convite. Jesus pagou tudo, o os amáveis braços abertos da cruz ainda apontam o caminho ao país celestial. Quando Jesus inclinou a cabeça e morreu no Calvário, Ele comprou o direito de perdoar qualquer pessoa nascido neste mundo que aceitará Seu perdão. Todos nós somos convidados às bodas. Não há nada que possamos acrescentar ao que Jesus já fez. "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie." (Ef 2:8.9).

Mas o que dizer da veste nupcial? Em Apocalipse 19:6-8, encontramos a descrição da ceia das bodas do Cordeiro: "Então, ouvi uma como voz de numerosa multidão, como de muitas águas e como de fortes trovões, dizendo: Aleluia! Pois reina o Senhor, nosso Deus, o Todo-Poderoso. Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos." A Revised Standard Version diz: "o linho fino são os atos justos dos santos."

O que são os atos justos dos santos? O que é a justiça dos santos? Jeremias 23:6 nos lembra que é o "SENHOR, Justiça Nossa". Assim qualquer tipo de justiça vista nos santos ainda é a obra do Senhor, não é verdade? Portanto, não é nossa justiça; é Sua justiça. Mas Ele oferece a nós tanto Sua justiça por nós, ao prover o convite, e Sua justiça operada em nós, que é representada pela veste nupcial. Ambas são pela fé, e ambas provêem dEle.

Finalmente, em Mateus 19 temos a história do jovem que veio a Jesus, desejando saber o que tinha que fazer para alcançar a vida eterna. Jesus lhe disse para guardar os mandamentos. E o jovem disse: "Tudo isso tenho observado; que me falta ainda? Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me." (versos 20, 21).

Por muito tempo tive grandes problemas com esse texto, porque eu dizia: "Como pode alguém ser perfeito, e então vir e seguir a Jesus?" Parecia-me que ele devia ir primeiro a Jesus ou jamais teria esperança de ser perfeito. Mas quando eu dei uma olhada mais profunda a esse texto comecei a perceber que Jesus estava dizendo a ele – dizendo a nós – como ser perfeito. Jesus está falando muito mais do que em dinheiro. Desembarace-se de tudo o que você tem. Você pode ser rico em talento.

Deixe de depender do seu talento. Você pode ser rico em bons olhos e deve vencer toda vez que você se olha no espelho! Desembarace-se dos seus bons olhos. Quero dizer, naturalmente, desembarace-se de sua dependência deles. Não dependa da sua inteligência, ou da sua educação, ou do seu status social, ou de qualquer outra coisa. Venda tudo o que você tem, em termos de dependência deles. Desembarace-se das coisas das quais você depende de alguma maneira como um substituto da dependência de Jesus. E venha a Ele, tendo-se rendido a si mesmo.

E então siga a Ele. O que mais é acrescentado? Jesus disse noutra parte: "Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens." (Mat. 4:19) Ele está falando em segui-Lo no serviço. Ninguém pode seguir a Cristo no serviço até chegar ao ponto de ter-se rendido a si mesmo e a sua autodependência.

Nunca nos tornaremos perfeitos por esforçar-nos em ser perfeitos. Qualquer tipo de perfeição que Deus tem em mente para nós somente virá quando habitarmos em Jesus e olharmos para Ele. E aquele que estiver mais envolvido em ajudar a outrem a conhecer a Jesus é quem estará habitando mais em Jesus. Ao colocarmos os olhos em Jesus, a obra que Ele começou em nossas vidas, Ele a completará (Fp 1:6).

Morris Venden
MINISTRY/JULY/1982, pp. 8-9

Comentários