Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

UM PRESENTE DE NATAL A JESUS


Certa vez no ministério de Cristo aproximaram-se dEle dois de Seus discípulos – Tiago e João – acompanhados de sua mãe, e fizeram ao Salvador um pedido: "Senhor", disseram eles, "queremos que nos concedas o que Te vamos pedir."  E Jesus disse: "Que quereis que vos faça?"  Responderam-Lhe: "Permite-nos que na Tua glória nos assentemos um à Tua direita e outro à Tua esquerda."

Era um pedido estranho, egoísta; e o Mestre, Salvador nosso, respondeu: "Não sabeis o que pedis." E os outros discípulos se indignaram ao ouvir do pedido egoísta e interesseiro de Tiago e João.

Nós fazemos muitos pedidos a Deus. Nossas orações estão impregnadas de vários pedidos; quase que nós oramos só pedindo favores. Entretanto, nesta hora não queremos falar dos pedidos que fazemos a Deus, mas desejamos falar dos pedidos que Deus nos faz a nós. Ou mais exatamente, falaremos sobre o único pedido que Deus faz ao homem.

O Natal, como de costume, tem sido uma ocasião para se dar presentes uns aos outros. Entretanto, se o Natal é de Jesus, Ele é Quem deveria receber presentes.

O que daremos a Jesus neste Natal? Bem faríamos nós se neste Natal chegássemos aqui neste templo para, abrindo dos nossos tesouros, entregássemos as nossas ofertas ao nosso Salvador. Seria muito oportuno que no Natal a tesouraria da Igreja recebesse abundantes recursos para a obra de Jesus Cristo.

Difícil é dar presentes. Uma das coisas mais difíceis de se fazer é dar presentes. Por quê?

Os preços: São altos; nosso dinheiro é pouco. As variedades: não sabemos o que escolher. Os gostos diferentes: Será que ele/ela vai gostar? E os presenteados? Um grande número de pessoas esperando receber presentes: Para quem vamos dar? Temos nossas limitações; não podemos dar para todos!

Mas não há essa dificuldade toda se queremos presentear a Jesus, porque Ele já especificou o que Ele quer receber neste Natal, e o que Ele pede está ao alcance de todos. E hoje queremos falar sobre o mais precioso de todos os presentes que podemos entregar a Jesus. Nós o encontramos em Prov. 23:26: "Dá-me, filho meu, o teu coração."

Portanto, não precisamos ficar em dúvida a respeito do presente que o Salvador deseja de nós neste Natal, pois Ele mesmo especifica no texto lido: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração."  Este é o mais sublime pedido que você encontra na Bíblia. Na realidade, é o único pedido que Deus faz ao homem; todos os outros pedidos estão dentro deste pacote.

I – A ORIGEM DO PEDIDO

1) Esse pedido procede de um PAI

Notem as palavras: "Dá-Me, filho Meu". Ora, se eu sou o Seu filho, Ele é o meu Pai, evidentemente. O nosso relacionamento para com Deus é de Pai para filhos. Cristo mesmo nos ensinou a orar a Deus, dirigindo-nos a Ele como um Pai: "Pai nosso, que estás nos céus" (Mt 6:9).

Graças a Deus, podemos nos aproximar dEle, chamando-O de Pai. E Ele compreende tudo quanto isso implica. O pai conhece o filho, e Deus conhece muito bem os Seus filhos. A Bíblia nos diz que Ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. (Sal. 103:14). E uma vez que Ele conhece a nossa estrutura, sabe de nossas fragilidades, está ciente de nossas limitações. Ele conhece todos os nossos pecados ocultos, sabe de todas as nossas más inclinações. Conhece todas as nossas boas intenções também.

Mas é admirável que conhecendo-nos assim, Ele não nos trata como merecemos. Diz a Bíblia que Deus não nos trata segundo os nossos pecados, e nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Como é que Ele nos trata? "Como um pai se compadece dos seus filhos, assim o Senhor Se compadece" de nós outros. Eu me alegro muito na Sua compaixão e misericórdia: Ele é o nosso Pai amorável e a Sua misericórdia é de eternidade a eternidade.

Aqueles que têm o privilégio de ser pais podem melhor compreender esse relacionamento de Deus conosco. Podem sentir o seu próprio amor para com os seus filhos, e o amor de Deus para consigo. Tudo quanto a palavra pai significa Deus cumpre em nós, por nós e para nós, e muito mais que isso.

Mas se Deus é um Pai de amor e misericórdia, e se Ele nos fizesse um pedido, como haveríamos nós de negar o Seu pedido? Não temos outra alternativa, em vista do Seu maravilhoso amor, senão de atender o Seu pedido.

2) Esse pedido procede dAquele que é o PROPRIETÁRIO

Sim, Ele é o Proprietário não só da pessoa a quem Ele Se dirige mas também do coração que Ele pede. "Dá-Me, filho Meu". Deus Se dirige a nós e diz: "filho meu". Ou seja: Você é Meu, você é Meu filho! O apóstolo Paulo disse certa vez: "Não sois de vós mesmos" (1Co 6:19). Somos propriedade de Deus, não nos pertencemos.

Nós pertencemos a Deus por duas razões:

a) Primeiro, pela CRIAÇÃO, porque Ele nos criou, Ele nos formou com Suas próprias mãos, e tudo quanto Ele criou pertence a Ele – somos dEle pela criação. "Ao Senhor pertence ... o mundo e os que nele habitam". "Sabei que o Senhor é Deus; foi Ele quem nos fez, e dEle somos; somos o Seu povo e rebanho do Seu pastoreio" (Sl 24:1; Sl 100:3).

b) Em 2º lugar, pertencemos a Deus pela REDENÇÃO. O apóstolo Paulo afirmou: "Porque fostes comprados por preço" (1Co 6:20), um preço infinito. E qual foi o preço? O sangue de Jesus Cristo. Ele mesmo é o nosso Criador e o nosso Redentor. Que grande Proprietário nós temos em Cristo! Ele nos criou, e quando nós nos perdemos pelo pecado, Ele nos comprou novamente.

Se Ele é o Criador, Ele sabe o que é melhor para nós; Se Ele é o Redentor, Ele deseja o melhor para nós; Ele agora apenas faz um pedido: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração".

c) Pertencemos a Deus pela Criação, pela Redenção; e Ele agora deseja que sejamos dEle por ESCOLHA.

Temos a capacidade de escolher servir o nosso Salvador. Ele nos conferiu o livre arbítrio. Quando Ele nos faz o pedido: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração", devemos atender à Sua voz suplicante e amorosa, entregando-Lhe o coração, usando o livre arbítrio, escolhendo a Jesus como o nosso grande Proprietário.

E se nós já pertencemos a Ele, o que nos custaria entregar o coração? Então seríamos completamente dEle.

II – O PEDIDO DO PAI: O CORAÇÃO

Vamos pensar agora sobre o Pedido do Pai, o presente que daremos a Quem está de aniversário, de Natal. A Bíblia tem muito a dizer sobre o coração.

1) O que é o coração? Para a Ciência: é uma víscera, um órgão. Para a Fisiologia: é um músculo. A Medicina vê no coração uma bomba que distribui o sangue para todo o organismo.

Mas no sentido bíblico (e esse é agora o sentido universal), no sentido figurado: O coração é a fonte dos nossos pensamentos, dos sentimentos. É a sede da vontade, a origem de nossas afeições. Portanto, o coração no sentido bíblico é a mente. Deus pede a nossa mente, a fonte dos pensamentos, a origem de nossa vontade. Quando Deus pede o coração, Ele quer dizer a mente completa, a nossa vontade, o nosso eu individual.

Se nós dermos o nosso eu individual, se dermos a nossa vontade, se dermos a nossa mente sem reservas, teremos dado tudo  o que somos, tudo o que temos.

2) Descrição Bíblica.

A Bíblia não faz nenhum elogio ao coração do homem.  Disse o profeta Jeremias: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" Jer. 17:9. E Cristo completou: "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios,  a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura" (Mar. 7:21, 22).

A Bíblia fala muito sobre o coração; ela descreve o coração com muitos adjetivos. Numa Concordância Bíblica encontrei os seguintes atributos que descrevem os vários estados do coração humano:

Coração em guerra - (Sal. 55:21)
Coração ímpio - (Jó 36:13)
Coração insensato - (Sal. 14:1)
Alegre - (Prov. 17:22)
Triste - (Neem. 2:2)
Ferido - (Sal. 109:22)
Turbado - (Sal. 143:4)
Perverso - (Prov. 17:20)
Maligno - (Prov. 26:23)
Enganado - (Isa. 44:20)
Seduzido - (Jó 31:9)
Fraco - (Ezeq. 16:30)
Enfermo - (Isa. 1:5)
Ousado - (II Crôn. 17:6)
Soberbo - (II Crôn. 25:19)
Exaltado - (II Crôn. 32:25)

Mas a Bíblia fala de uma qualidade estranha que encontramos em Zac. 7:12: "Sim, fizeram o seu coração duro como diamante para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam." Zacarias fala de corações duros como diamante. Diamante é a coisa mais dura que existe. Nada pode riscar o diamante, porque ele é que risca tudo de tão duro que é.

O coração duro como diamante é um coração insensível, que não mais responde aos apelos do Espírito Santo. Como isso acontece? O coração fica endurecido pelo "engano do pecado". O orgulho endurece o coração, e o torna insensível ao toque do Espírito Santo.

Mas, amigos, embora tão tristemente qualificado, Deus assim mesmo pede o nosso coração. "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado." (Hb 3:12-13).

Se você sente o chamado, se você ainda ouve a voz de Deus falando à sua consciência, ainda há esperança. Ele continua dizendo: "Dá-M, filho Meu, o teu coração!"

3) O que Deus não pede: Deus não pede Dinheiro: Muitos são pobres e não poderiam se salvar, se esta fosse a condição e o pedido. Ele não pede Filhos: Deus não pede filhos, como o deus Moloque, a quem os amonitas sacrificavam seus próprios filhos. Muitos não podem ter filhos; seria um pedido impossível. Deus também não pede a nossa Cultura: Muitos não puderam estudar numa faculdade. Ele não pede Sacrifício: Jesus Cristo já morreu na cruz para nos salvar.

4) O que Deus pede? Deus pede apenas o coração. Um coração é alo que todos têm: Ricos e pobres, sábios ou iletrados, fracos ou fortes – todos têm um coração para dar. É um pedido que todos podem dar: Deus não pede o que nos é impossível. Ele conhece as nossas limitações, e só pede o que está ao nosso alcance. Entretanto, Deus pede, mas não exige. Ele não força a nossa vontade. Ele respeita o nosso livre arbítrio.

III – POR QUE DEUS PEDE O CORAÇÃO?

Por que Ele quer um coração enfermo, maligno, pecaminoso, triste? Por que Deus pede esse coração rebelde, em guerra, esse coração turbado, enganoso? Temos a Sua resposta em Ezeq. 36:26, 27: "Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne."   Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis."

Não poderia haver coisa mais sublime, mais elevada e nobre: Você já viu coisa igual? Alguém já lhe disse: "Dá-me a sua casa velha, porque eu quero lhe dar uma casa nova!" "Dá-me o seu carro velho, porque eu vou lhe dar um carro novinho em folha!" "Dá-me o seu terno velho, que eu darei a você um novo terno!" "Me dá esse seu sapato imprestável, eu lhe darei um sapato novo!"

Houve um encontro entre dois famosos doutores. O Dr. Christian Barnard entrou no quarto onde jazia o paciente de transplante cardíaco, o Dr. Blaiberg. O silêncio entre os dois homens foi a primeira coisa a ocorrer. O Dr. Christian Barnard, dirigindo-se para o Dr. Blaiberg, perguntou: "O senhor apreciaria ver o seu velho coração?" Blaiberg hesitou e respondeu: "Apreciaria, sim."

O Dr. Barnard deixou o quarto de seu paciente, desceu as escadarias de mármore que davam acesso ao laboratório e cuidadosamente tomou o vidro que guardava em solução o coração de Blaiberg. Segurou este vidro, subiu as escadarias e entrou ao quarto de Blaiberg. O silêncio voltou. Depois que os dois homens se entreolharam, Blaiberg estendeu as mãos para segurar o vidro onde estava o seu velho coração. As mãos trêmulas, e com voz entrecortada de soluços, disse para o Dr. Barnard: "Doutor, leve de volta este velho coração que tanto trabalho deu quando pulsava dentro do meu peito. Eu tenho agora um novo coração."

Você hoje pode dizer: "Eu tenho agora um novo coração!"? Deus pede seu velho coração para trocá-lo por um novo coração. Deus hoje nos diz: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração", para que Eu possa trocá-lo por um novo coração. Dá-Me o seu coração cansado; Dá-Me o seu coração triste, abatido, esse coração poluído pelo pecado, esse coração fraco e tremente, que Eu lhe darei um novo coração.

Deus faz isto porque Ele é Pai. O pai tem prazer em dar coisas novas para o filho. Deus é Amor: Só o amor infinito poderia conceber tal dom – o dom de um novo coração, que resulta em uma nova vida, um novo caráter transformado à imagem de nosso Criador.

IV – PARA QUEM DAREMOS O CORAÇÃO?

Há outro ser, que é Satanás – um poder antagônico a Deus, que também deseja o nosso coração. Ele é o inimigo de nossas almas e ele quer o nosso coração para levá-lo à ruína. Ele não manifesta amor, mas ódio. Ele não pede, ele exige. Ele usa a força – luta com insistência para ganhar o nosso coração.

Deus que poderia usar a força por ser o Pai, por ser o Proprietário legítimo, Ele não usa a compulsão, mas Ele pede, Ele solicita. "Não por força, nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor" (Zac. 4:6). Qual será a nossa decisão? Para quem você dará o seu coração? A Bíblia diz: "Hoje se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração" (Hb 4:7).

Para quem daremos o coração? 1) Saul deu o seu coração a Satanás, e o seu fim foi o suicídio. 2) Judas permitiu ao Diabo entrar em seu coração e se suicidou. 3) Demas amou o presente século, pôs o seu coração nas coisas do mundo e se perdeu. 4) Davi entregou o seu coração a Deus. Sua oração foi: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro" (Sal. 51:10), e foi chamado depois de "o homem segundo o coração de Deus" (At 13:22). 5) Moisés entregou seu coração a Deus, de preferência a gozar os prazeres transitórios do pecado (Hb 11:25). Hoje ele está no Céu. 6) Enoque hoje ainda vive, e se encontra também no mesmo Céu porque escolheu a Deus por ser o proprietário de seu coração.

CONCLUSÃO

E quanto a você? Pode ser que você já pertença à Igreja de Cristo; então de fato você é um filho salvo, mas Deus pede: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração". Pode ser que você já foi batizado, mas depois, esquecendo sua decisão, você entregou seu coração ao mal, ao pecado e às coisas deste mundo, e você hoje é um filho pródigo, e por isso com mais razão, Deus pede: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração". Pode ser que você esteja vindo à Igreja, mas ainda não entregou o seu coração a Jesus Cristo, e neste caso você é um filho a ser adotado na família divina, e especialmente Deus pede: "Dá-Me, filho Meu, o teu coração".

Você gostaria de entregar hoje o seu coração a Deus? Você gostaria que Jesus Cristo entrasse na sua vida, realizando uma transformação completa, trocando o seu velho coração por um novo? Como você responderá ao pedido de Deus: “Dá-Me, filho Meu, o teu coração”?

Qual será a sua resposta? “Hoje se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Hb 4:7).


PR. ROBERTO BIAGINI
Teólogo, Mestre em Teologia. Realizou vários cursos de Extensão Teológica da Andrews University e do Centro de Educação Contínua da DSA. Trabalhou como distrital de várias igrejas do centro, norte e sul do país. É casado com a Profª. Silvane Luckow Biagini, e tem dois filhos, Ângela e Roberto.

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