Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

O BOM USO DA PALAVRA


Texto: “A morte e a vida estão no poder da língua”. (Prov 18:21)

Ilustração: Qual a mais poderosa das armas?

Há alguns anos, o filósofo Chinês Lin Yutang em visita a cidade de São Paulo, foi entrevistado num programa de televisão e fizeram-lhe a seguinte pergunta:

- Qual a mais poderosa das armas?

Sem precisar pensar muito ele respondeu: -A mais poderosa das armas é a palavra.

Você já pensou no cuidado que devemos ter no manuseio desta arma?

Deus nos deu o dom da fala para ser uma bênção, mas por vezes, ele se torna em desgraça e maldição.

“O dom da palavra é um talento que deve ser cultivado cuidadosamente. De todos os dons que recebemos de Deus, nenhum é capaz de se tornar maior bênção que este. Com a voz convencemos e persuadimos, com ela elevamos orações e louvores a Deus, e também falamos a outros do amor do Redentor. Que importância tem, pois, que seja bem educada a fim de tornar-se mais eficaz para o bem”. EGW - Parábolas de Jesus, 335

I - MANEIRAS IMPRÓPRIAS DE USAR A PALAVRA

1. Para injuriar e caluniar os adversários

As ofensas e calúnias são armas muito velhas, especialmente entre os políticos.

Ilustração: Língua espetada com alfinetes

Um dos exemplos mais deploráveis deste venenoso processo, encontramos no império Romano. Cícero, por ódio político, difamava o general Marco Aurélio, um dos mais dignos senadores de Roma. Foi além, por que em discurso público, atacou a honra da esposa de seu adversário. Esta atitude indigna acarretou-lhe a morte, por que ao Marco Aurélio  tornar-se imperador, sua esposa exigiu a cabeça daquele que a chamara de mulher dissoluta. Tendo a cabeça diante de si em represália, crivou de alfinetes a língua de Cícero.

2. Transmitir Boatos

Em Êxodo 23:1 há o seguinte conselho: “Ninguém faça declarações falsas”. O original é mais enfático por que diz: “Não terás nada com o falso Rumor”.

Os portadores de boatos transgridem o nono mandamento, por ferir a reputação alheia. “Não darás falso testemunho contra o teu próximo”. (Êxodo 20:16)

3. Andar com Mexeriqueiro

Assemelha-se ao anterior por ser outra maneira de prejudicar o próximo. Mexeriqueiros é quem faz intrigas e gosta de bisbilhotar a vida alheia.

A advertência divina é bem clara quanto a este equívoco: “Não espalhem calúnias entre o seu povo. Não se levantem contra a vida do seu próximo. Eu sou o Senhor”. (Lev 19:16)

4. Criticar o procedimento e as deficiências dos outros


Disse Abraão Lincoln: “Tem o direito de criticar, quem tem o coração para ajudar”

Se seguíssemos a orientação divina, jamais incorreríamos neste erro, desde que a advertência de Cristo é bem clara: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?” (Mat 7:3)

5. Viver murmurando

Dentre as falhas dos filhos de Israel, a murmuração foi uma das mais destacadas. Os corpos que caíram nas cálidas areias do deserto demonstram o desagrado divino para com esta fraqueza, tão peculiar aos seres humanos. A Bíblia em 43 passagens condena veementemente esta falha da personalidade.

Diante da orientação divina o cristão jamais deve murmurar.

(1)  “Respondeu Jesus: Parem de me criticar”. (João 6:43)

(2)  “Façam tudo sem queixas nem discussões”. (Fil 2:14)

6. Proferir palavras torpes, obscenas e fúteis

Duas passagens bíblicas condenam com energia esta espécie de linguagem.

(1)  “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem”. (Efé 4:29)

(2)  “Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ações de graças”. (Efé 5:4)

7. Usar Palavras Bajuladoras

Que diz Paulo sobre esse tipo de linguagem?

“Vocês bem sabem que a nossa palavra nunca foi de bajulação nem de pretexto para ganância; Deus é testemunha.” (1 Tess 2:5)

Antes de falar devíamos formular três perguntas:

·  1ª São nossas Palavras Verdadeiras?

·  2ª São elas bondosas?

·  3ª São elas necessárias?

Ilustração: Sócrates e a Maledicência

Certo dia um homem, muito agitado, apresentou-se a Sócrates, o célebre filósofo antigo, e disse-lhe:

– Escute Sócrates: como seu amigo, tenho alguma coisa para lhe dizer.

– Espere! – interrompeu o sábio. – O que você vai me dizer, passou pelos três coadores?

– Três coadores?! – perguntou o outro, admirado.

– Sim, amigo, três coadores. Vejamos se o que você tem para me dizer passou por eles. O primeiro coador é o coador da verdade. Você tem certeza de que é verdadeiro o que vai me dizer?

Assegurar, não posso. Ouvi dizer e...

– Bem, bem. Certamente você o fez passar pelo segundo coador: o da bondade. Ainda que não seja verdadeiro, será pelo menos bom o que você quer me dizer?

Titubeando replicou o outro: – Não, pelo contrário . . .

– Ah! – interrompeu o sábio. – Procuremos então passar pelo terceiro coador e vejamos se é útil o que tanto agita você.

– Útil?! – tornou o amigo, já impaciente e vexado. Não é...

– Bem, – disse Sócrates, sorrindo – se o que você tem a dizer não é verdadeiro, nem bom, nem útil, esqueçamos o caso e não se preocupe com ele mais do que eu.

Não acha você que se estas três interrogativas fossem consideradas muitas de nossas palavras seriam reduzidas?

II. MANEIRAS PRÓPRIAS DE USAR AS PALAVRAS

1. Falar pouco e com prudência


Um provérbio latino afirma: “Cala-te ou dize alguma coisa melhor do que o silêncio”.

No Talmude há o seguinte conselho: “Quando falares, fala pouco, porque quanto menor dor o número de tuas palavras menos errarás”.

Salomão com sua profunda sabedoria adverte: “Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando.” (Prov 13:3)

Pensamentos úteis:

(1)  “Não fale senão o quanto necessário e não diga mais do que a metade do que pensa”. Alexandre Dumas.

(2)  “Você já viu alguém que se precipita no falar? Há mais esperança para o insensato do que para ele”. (Prov 29:20)

(3)  “Para se falar de alguém é preciso ser perfeito; mas aquele que é perfeito não fala de seu próximo”. Dístico popular

(4)  “Falai menos, muito tempo precioso é perdido com palavras que não iluminam”. EGW – Testemunhos para Ministros, 499.

(5)  “O homem verdadeiramente convertido não se inclina a pensar ou a falar nas faltas dos outros. Seus lábios se acham santificados, e como testemunha de Deus, dá testemunho de que a graça de Cristo lhe transformou o coração. ... Só entrarão no Céu aqueles que venceram a tentação de pensar e falar mal”. — EGW - The Review and Herald, 24 de Novembro de 1894.

(6)  Não faleis mal de homem algum. Não ouçais mal de nenhum homem. Se não houver ouvintes não haverá faladores de mal. Se alguém falar mal em vossa presença, atalhai-o. Recusai-vos a ouví-lo. EGW - Testemonies, vol. II, pág 54.

2. Usar palavras corteses

Dizia Lutero: “Seja a tua boca uma boca do espírito de Cristo”.

O conselho de Paulo aos Colossenses continua sendo oportuno para nós: “O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada um”. (Col 4:6)

A Advertência do sábio Rei Salomão, não deve ser esquecida: “A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira”. (Prov 15:1)

CONCLUSÃO

Ilustração: A  calúnia  e  seus  efeitos

Certo dia uma senhora se apresentou a Filipe Nery, acusada como caluniadora.

– A senhora cai com frequência nesta falta?

– Sim, padre, com muita frequência.

– Minha querida filha, sua falta é grande, mas a misericórdia de Deus é maior ainda. Faça assim: vá ao mercado próximo compra um frango morto mas que não esteja depenado. Em seguida ande outra distância, depenando-o ao passar pelo caminho. Depois volta aqui.

A senhora fez como lhe foi indicado e voltou ao seu confessor ansiosa por dizer-lhe que havia cumprido ao pé da letra o que lhe fora ordenado. Estava curiosa por saber porque se lhe havia dado uma penitência tão estranha.

– Ah! – disse-lhe Filipe – a senhora foi muito fiel em cumprir a primeira parte da minha ordem. Vá agora, cumpra a segunda e tudo será equilibrado. Volte e recolha uma a uma as penas que a senhora esparramou.

– Mas, padre! – exclamou a senhora – atirei-as por todos os lados e o vento as levou a todas as direções. Como posso agora recolhê-las?

– Bem, minha filha, – disse o sacerdote. – Assim é com as suas palavras de calúnia. Como as penas que o vento espalhou, suas palavras são levadas em todas as direções. É difícil revogá-las. Vá e não peque mais.

Ao falar, tenhamos em mente a advertência de Cristo: “Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados”. Mat 12:36-37

Adaptação do sermão “O Bom Uso da Palavra” pregado pelo falecido Pr. Pedro Apolinário no IAE São Paulo em 1960.

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