SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

Deus está sempre pronto

David é um daqueles personagens bíblicos sobre quem sabemos pormenores da infância, juventude, vida adulta e velhice. Temos, portanto, muita informação para poder analisar a história deste grande homem da Bíblia, cuja relevância maior talvez esteja no fato dele ter sido um escritor do texto sagrado, contribuindo com a maioria dos Salmos que estão incluídos nas Escrituras.

Além disso, teve variadíssimas ocupações ao longo da vida: foi pastor, poeta, músico, soldado e monarca. Não menos significativo é ele ter sido um ascendente de Jesus - o próprio salvador foi referido como Filho de David!

Ele é também um personagem que nos deixou grandes exemplos a seguir e, infelizmente, tristes relatos de atos seus que, simplesmente, não deveriam ter acontecido. Exemplo maior disso foi quando tomou para si uma mulher que era esposa de outro homem, tendo provocado propositadamente a morte deste. Sendo a sua história relatada nos livros de Samuel e Crónicas, David é o personagem mais vezes mencionado na Bíblia.

Diríamos, portanto, que é um dos registos mais completos que podemos apreciar na Bíblia. Será por isso de esperar que Deus o tenha usado para nos transmitir fortes e poderosas lições.

Vamos debruçar-nos sobre um desses ensinamentos: Deus está sempre pronto para conceder-nos as Suas bênçãos. Para o descobrir, temos de pesquisar o relato da sua vida atentamente.

I Samuel 16 conta um episódio designado por Deus que constituiu uma enorme surpresa para todos os intervenientes. Ele enviou o Seu servo Samuel à casa de Jessé para entre os filhos deste homem escolher um futuro rei para Israel. Contra todas as expetativas, Deus ordenou que Samuel indicasse David, que por ser o mais novo dos irmãos e ainda muito jovem, certamente seria a última escolha, tivesse sido um homem a fazer essa nomeação.

Nas palavras do texto sagrado, diz assim o verso 1, relatando a ordem de Deus: "vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei".

Ou seja, a ida de Samuel não foi proposta de homem algum; Deus enviou o Seu profeta para ele indicar a David qual era o plano divino para a sua vida: reinar sobre o Seu povo. Tome nota que isto aconteceu muito antes de David se tornar, efetivamente, rei; o que demonstra que Deus já estava a intervir na sua vida, bem ANTES dele se tornar famoso, enquanto era um humilde e desconhecido pastor adolescente.

Alguns anos mais tarde, já David se tinha tornado um poderoso e famoso guerreiro, aconteceu que depois dele ter cuidado e zelado pela propriedade de um homem chamado Nabal, este não foi capaz de reconhecer minimamente o esforço de David, chegando ao ponto de o menosprezar. David, manifestando uma sede de vingança que se poderia ter demonstrado imparável (eles iriam destruir até mesmo as crianças), partiu a caminho de encontrar Nabal, para tirar desforço da injustiça da qual tinha sido vítima. Provavelmente, tivesse ele ido até ao fim, teria arrasado por completo a casa de Nabal.

Justamente da casa deste homem malvado, surge Abigail, sua esposa que, partindo à procura de David e encontrando-o, lhe suplicou que revisse a sua posição e não insistisse em levar a cabo a destruição que tinha planeado. Após o emotivo pleito de Abigail, David reconsidera e desiste da empreitada fatal.

Mas o mais interessante é verificar as primeiras palavras de David para com Abigail: "Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje te enviou ao meu encontro" (I Samuel 25:32).

Ou seja, não foi Abigail na sua razão e sabedoria quem decidiu e entendeu por si só, ser pelo melhor tomar aquela atitude; foi Deus quem suscitou no seu coração este desejo e este ato de coragem - e não o fez motivado apenas para preservar a vida de muitos inocentes (classificação esta na qual Nabal não estava incluído!), mas para evitar que David tomasse nas suas mãos algo que pertencia a Deus (tal qual vemos no v. 38: "feriu o Senhor a Nabal, e este morreu"). Neste caso, Deus interveio DURANTE a questão que David enfrentava.

Novamente anos mais tarde, encontramos David já exercendo as funções reais para as quais Deus o havia designado há muito. É neste cenário que testemunhamos a grave e grosseira falha da vida deste homem: deixando-se levar pela emoção e pela atração que a beleza física de uma mulher despida lhe provocou, deitou-se com ela, que era esposa de outro marido. Como se isso não bastasse, para tentar encobrir e desculpar o seu erro, levou demasiado longe o poderio que dispunha como rei, ordenando cirurgicamente que Urias, o esposo traído sem saber, fosse colocado numa posição de combate onde facilmente perderia a vida. E assim foi.

Muitos homens que erram conseguem escapar ao justo escrutínio de seus pares; mas nunca conseguem fugir da vista de um Deus que tudo sabe, tudo vê. Por isso Natan, o profeta, foi à presença do rei David, e numa bem preparada e irrefutável argumentação, fez com que este reconhecesse a enormidade do seu erro, merecedor, nas suas próprias palavras, da pena de morte.

Eis que mais uma vez surge a pergunta: foi Natan, por sua livre iniciativa, que decidiu ir até junto do monarca faltoso e repreendê-lo pelo que tinha feito? Não, não foi! O relato bíblico esclarece que "o Senhor enviou Natan a Davi" (II Samuel 12:1). Pela terceira vez, alguém é enviado por Deus até David, desta vez DEPOIS dele ter praticado aquela falha.

Nestes três episódios, percebemos a intervenção nítida da parte de Deus: foi Ele quem enviou Samuel, foi Ele quem enviou Abigail e foi Ele quem enviou Natan. E já reparou bem os tempos distintos das intervenções divinas? ANTES, DURANTE e DEPOIS!

O que nos demonstra isto? Muito claramente, que Deus está SEMPRE pronto para agir em favor de Seus filhos, quer seja para honrá-los à posição de rei, evitar que cometam graves erros, ou repreendê-los e perdoá-los, caso eles cheguem a errar!

Talvez o leitor se encontre em qualquer destes casos; se assim for, porque não ouvir a voz de Deus apelando-o a seguir o Seu perfeito propósito? Com Ele encontre um plano ideal, um rumo certo e constante e o perdão que procurar.

FILIPE REIS
Nascido e educado na Igreja Adventista do Sétimo Dia e batizado em Março de 1989, aos 13 anos. Vive em Vila Nova de Gaia, Portugal. Serviu vários anos como Diretor da Escola Sabatina e Ancião na Igreja de Pedroso, Portugal, entre outras funções. Atualmente, é Colportor Evangelista da União Portuguesa. Em breve iniciará a formação em Teologia, para servir como Pastor. Editor do Blog O Tempo Final. Casado com Sofia, têm um bebé, Caleb Filipe, nascido em Junho de 2009.

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