Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

A americanização indesejável


Fazendo parte de uma sociedade moderna, que há muito deu o salto classificativo de industrializada para o tecnologicamente avançada, somos constantemente bombardeados por uma panóplia de influências, quantas vezes indecifráveis no seu todo, que nos tentam moldar o pensamento e, em última instância, as atitudes.


Creio que um dos expoentes deste fenómeno é a americanização generalizada de costumes, hábitos e estilo de vida - desde Hollywood ao MTV, passando pelo McDonalds e a Coca-Cola, quantas sociedades pelo mundo fora não estão hoje moldadas e de perfil acertado conforme a imagem americana?

Se não tinha ainda refletido nisto, veja e comprove por si próprio como nas últimas décadas as empresas americanas invadiram os mercados emergentes das novas condições políticas nos países do leste europeu, conquistando uma vitória - normalmente económica - bem mais conseguida que aquela militar que ainda hoje o seu governo procura no Iraque.

Um papel fundamental e imprescindível em todo este processo é desempenhado, como já sugeri, pelo cinema e pela televisão. Os modelos americanos - desde a tipificação de heróis e criminosos, louvores e condenações, valores e regras - são impingidos massivamente às pessoas que, na esmagadora maioria, os absorvem sem questionar para validação dos seus propósitos e vantagens.

A propaganda é tão massiva e violenta do ponto de vista da imposição de uma ideologia criada, nutrida e manipulada conforme as conveniências da sociedade dita ocidental (que, na realidade, deveríamos identificar como americana - os outros são pouco mais que meros seguidores), que não deixa hipótese a esse espaço de reflexão e análise, apelando preferentemente à emoção na exaltação de supostos valores ético-morais em detrimento de um raciocínio razoável que determine uma ação lógica - eventualmente, negativamente crítica se considerasse todos os fatores em questão.

Veja as peças jornalísticas que os mídia - os tais ditos ocidentais - nos apresentam dos eventos bélicos no Médio Oriente: ao tratar-se de um bombardeamento americano (ou da NATO, que para o efeito é o mesmo), a notícia é dada como sendo um 'ataque militar'; se, em retaliação ou não, um grupo árabe faz explodir algum dispositivo, logo isso é introduzido nas casas das pessoas como sendo um 'atentado terrorista'. No primeiro caso, as baixas humanas não previstas são 'danos colaterais'; no segundo, são uma 'atitude bárbara' fruto de um radicalismo que é preciso a todo o custo eliminar...

E, se tanto se apregoam, exaltam e assumem os valores defendidos pelos tais ocidentais, alguém se deu ao trabalho de os questionar e rever, principalmente no seu aspeto prático (o que, tão bem fazemos com valores dos outros...)? Se não, sugiro algumas comparações.

Numa sociedade que se diz moral, poder-se-á permitir a proliferação chocante de pornografia e outros vícios que nada mais fazem do que degradar o ser humano a uma condição quase animal? Pois bem, sabia que isso mesmo é veementemente condenado e não permitido em muitos países não ocidentais, não cristãos, os mesmo aos quais o ocidente impinge a imagem de inimigo a abater?

Mais: porque os defensores da moralidade ocidental, tão superior na sua aparência, permitem que a mulher, e a sua figura, seja vulgarizada e banalizada em corpos nus ou semi-nus de filmes e anúncios publicitários, reduzindo-a a um mero objeto comercial que se vende e revende como qualquer mercadoria? Não deveriam eles saber que muitos dos outros, dos inimigos, proíbem a exposição da mulher nessas condições, protegendo-a?

Devo assumir que alguns métodos e a prática real não são tão linearmente inatacáveis quanto este texto poderá, erradamente, induzir. Exageros, alguns graves, são levados a efeito. Mas porque razão somos tão implacáveis em condenar os outros que, por alguma razão (religiosa, cultural, etc.) achamos diferentes, quando em tantas questões são bem mais morais?

E se o leitor encontra, desde já, argumentos e casos concretos que são condenáveis nos tais outros, quero dizer-lhe: tem razão, é verdade! Mas, pergunto: será só neles que podemos fazer esse exercício? Será só nos outros que encontramos grandes atentados aos valores humanos que tanto elogiamos no ocidente?

Ah, pois! Não somos invadidos com outra cultura que não seja a americana, a tal ocidental, civilizada, onde supostamente estão todos os bons da fita! E, neste aspeto, os outros, os maus, estão em desvantagem, porque não podem sequer demonstrar que também conseguem ser bonzinhos. Nem que seja só em algumas coisas.

A americanização do mundo, processo com mais de dois séculos, trouxe elementos importantes: a liberdade individual, nomeadamente de expressão e religiosa, foi um deles, e de valor inestimável. Mas parte do percurso proposto também está enfermo com alguns contributos indesejáveis que roçam a intolerância, talvez mesmo arriscando a cegueira do discernimento coerente.

Jesus disse bem: 'porque reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho?' (Mateus 7:3).

Pense nisto. Para com todos os povos e culturas deste mundo que Deus quer salvar.


FILIPE REIS
Nascido e educado na Igreja Adventista do Sétimo Dia e batizado em março de 1989, aos 13 anos. Vive em Vila Nova de Gaia, Portugal. Serviu vários anos como Diretor da Escola Sabatina e Ancião na Igreja de Pedroso, Portugal, entre outras funções. Em breve iniciará a formação em Teologia no Colégio Adventista de Sagunto (Espanha), para servir como Pastor. Editor do Blog O Tempo Final

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