SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

O(s) Anticristo(s)

Não apenas os Adventistas do Sétimo Dia se têm mostrado interessados no estudo e decifração das profecias bíblicas. Ao longo dos tempos, uns com toda a honestidade, outros com objetivo de defender e propagar as suas próprias filosofias, milhares têm dedicado os seus maiores esforços ao estudo das profecias contidas nas Escrituras. Neste âmbito, talvez um dos mais fascinantes e enigmáticos assuntos seja o do anticristo.

A palavra anticristo (quer no singular ou plural), aparece apenas em I João 2:18, 2:22, 4:3 e II João 1:7, onde é definido como um espírito de oposição ou contradição aos ensinamentos de Cristo. Embora a palavra não apareça do livro de Apocalipse, a esmagadora maioria dos cristãos protestantes partilha a crença dos Adventistas de que representa um poder que intentará dominar o mundo através de práticas opostas às defendidas pelas Sagradas Escrituras, em claro afrontamento a Deus, nos momentos finais da História da Terra, um pouco antes da segunda volta de Jesus.

Ao longo dos séculos, diferentes figuras foram sendo identificadas como sendo o anticristo que as Escrituras anunciam. Alguns exemplos são Nero (atribuído pelos cristãos primitivos) e Adolf Hitler (pelos judeus). A partir da Reforma Protestante, alguns reformadores começaram a identificar o anticristo como sendo o Papa, como líder da Igreja Católica. Creio que esta última interpretação é aquela que num sentido mais geral, lato, ainda acolhe mais apoio junto dos Adventistas do Sétimo Dia.

No entanto, uma análise mais profunda do significado do termo, quer no seu aspeto literal quer simbólico (leia-se, profético), permite obter uma visão bastante mais alargada, na qual sobressai o conceito, diria mesmo a doutrina ou política usados, em detrimento da pessoa que é a face visível do anticristo.

Nos versos anteriormente mencionados das epístolas de João, fica nítida a ideia que um anticristo é tudo aquilo que se opõe ao verdadeiro Deus, soberano do Universo. Sim, escrevi um e não o, porque segundo I João 2:18, 'muitos se têm feito anticristos' - não deveremos ficar (somente) à espera de alguém específico e determinado, como sugeriria o uso do artigo definido.

De que forma podemos perceber isto? Ora, se anticristo descreve todo aquele que pretende opor-se a Deus, colocar-se no lugar de Deus, então será fácil constatarmos que realmente muitos anticristos têm surgido ao longo da História, e continuam ainda a surgir. Quer exemplos? Vejamos três.

a) Jim Jones foi um cidadão norte-americano que, reclamando ser a reencarnação de Buda, Lenin e... Jesus, organizou um culto que terminou num suicídio em massa, na cidade de Jonestown, Guiana.

b) Arnold Potter, um líder da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, identificava-se como sendo... o Messias.

c) José Luis de Jesus Miranda é um cidadão porto-riquenho que se auto-proclama simultaneamente Jesus Cristo e... o Anticristo (acredite se quiser)! Ele mantém um ministério com milhares de seguidores.

Se algum dos nomes e casos brevemente mencionados espanta o estimado leitor, talvez queira reformular o seu conceito de surpresa se lhe disser que outros exemplos de anticristos (ou do espírito de oposição e confrontação a Deus que a palavra significa) podem ser encontrados no seu emprego, escola, rua ou mesmo na sua própria casa...

Repetindo, se anticristo é aquele que se coloca no lugar de Deus, poderá dar-se o caso de alguns dos nossos próprios comportamentos e atitudes, por manifestos defeitos de caráter não corrigidos, como por exemplo orgulho e vaidade, ferirem gravemente a imagem e presença de Deus nas nossas vidas, projetando o nosso eu para primeiro plano? Se sim, então aí está um caso de oposição a Deus; logo, essa é uma ação típica de um anticristo, ou de seu espírito evidente.

Reforçando, acompanhe comigo: está de acordo que a rebelião de Lúcifer, ainda nas cortes celestiais, era uma oposição a Deus e tinha como objetivo colocá-lo no lugar de Deus? Logicamente, ele foi um anticristo ao manifestar uma vontade e um espírito de oposição ao Criador. Então, sempre que como seres pecadores nós refletimos na nossa vida as suas ações e não o caráter de Deus, também podemos chegar à mesma conclusão em relação a nós mesmos, não lhe parece?

Caro leitor, tenhamos cuidado para não ofender a pessoa de Jesus ao assumirmos para nós mesmos prerrogativas que pertencem a Deus. Quando isso acontece, estamos a praticar uma obra de anticristo, porque fazemos de nós próprios oposição à perfeita e justa imagem de Jesus.

Mas, especificando o termo no seu contexto profético e escatológico, devemos reconhecer inequivocamente o valor que o conceito de anticristo tem, para além desta leitura mais abrangente.

Daniel 7:25 fala de um rei que 'proferirá palavras contra o Altíssimo (...) e cuidará em mudar os tempos e as leis'. Apocalipse 13:1-8 descreve a ação de uma besta que sobe do mar. Essa descrição refere que ela foi adorada por todos os que habitam na Terra e 'proferia grandes coisas e blasfémias contra Deus'.

Um poder final que fala contra Deus, que muda a Sua lei e reclama para si a adoração é, indiscutivelmente, o anticristo - este sim, a figura definida, concreta, específica que a profecia bíblica aponta como perseguidora do fiel povo de Deus (Apocalipse 13:7), nos tempos finais.

Se provas faltassem, veja em Apocalipse 13:4 quem deu o poder a este anticristo: o dragão. Ora, conforme Apocalipse 12:9 esta figura representa o Diabo, Satanás! Não precisamos de mais evidências acerca dos propósitos anti-divinos desta força...

Os Adventistas do Sétimo Dia identificam esta besta que sobe do mar como sendo o poder papal. Por favor, leia bem, caro leitor: escrevi o poder papal (ou a Igreja do Vaticano, ou a Igreja Católica Romana), como sistema; não o homem que ocupa a cadeira papal, ou qualquer dos membros desta igreja!

Este sim, é o anticristo que, querendo ser como Deus, será finalmente derrotado pelo vitorioso Rei do Universo, Jesus Cristo. Leia em Apocalipse 19:20 'e a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre'.

Tudo aquilo que contraria, se opõe ao justo governo de Deus exerce o espírito do anticristo. Mas não desviemos a nossa atenção do simbolismo profético que aponta para um específico e grande poder anticristo que nos últimos dias da História da Terra fará oposição a Deus, e aos Seus seguidores.

Estude a Bíblia; em particular, sobre este assunto, Daniel e Apocalipse. E não se deixe levar pelo espírito do anticristo.

FILIPE REIS
Nascido e educado na Igreja Adventista do Sétimo Dia e batizado em março de 1989, aos 13 anos. Vive em Vila Nova de Gaia, Portugal. Serviu vários anos como Diretor da Escola Sabatina e Ancião na Igreja de Pedroso, Portugal, entre outras funções. Em breve iniciará a formação em Teologia no Colégio Adventista de Sagunto (Espanha), para servir como Pastor. Editor do Blog O Tempo Final

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