Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

O Homem que era justo, mas foi condenado

Exposição de Rom. 3:21-31

"Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus... " (Rom. 3:21).

Certa vez alguém disse ao seu pastor no final de um sermão sobre Justificação: "No passado os pregadores adventistas estavam enfatizando muito as obras!" E eu me lembro daquele homem que se dirigiu a um cristão e lhe perguntou: "Meu amigo, o que é que você crê?" "Bem, eu creio naquilo que a igreja ensina." "E o que é que a sua igreja ensina?" "A igreja ensina aquilo que eu creio", respondeu. "Ah, sim, entendi. Mas o que é que você e a sua igreja crêem?" "Bem, nós cremos na mesma coisa." Eu sonho com o momento em que todos os membros de minha igreja pensem a mesma coisa, creiam na mesma coisa e "falem todos a mesma coisa" (1Cor. 1:10), especialmente no que tange à Justificação e à Salvação.

Chegamos à grande tese do apóstolo Paulo: o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todos os homens. E, de acordo com o seu método, para provar essa tese, ele apresenta algumas proposições. Primeira proposição: "A ira de Deus se revela contra o pecado" Rom. 1:18. E agora, vamos tratar da segunda proposição: "A justiça de Deus se revela" para salvar o pecador (Rom. 3:21). Novamente, ele nos lembra que esta não é a sua doutrina, ele não a originou, porque já fora "testemunhada pela Lei e pelos Profetas", ou seja ela consta no Antigo Testamento (v.21).

"Mas agora" (V. 21) – ele inicia uma nova seção e apresenta uma nova proposição, um novo assunto. "Mas agora se manifestou a justiça de Deus" – e ele começa a desenvolver o que é esta justiça, como pode ser adquirida, e a quem é oferecida. Até o verso 31, esta é a seção mais importante a respeito da salvação, o texto da Bíblia mais profundo, a expressão bíblica mais impressionante no que se refere à salvação.

O que é que realmente significa esta justiça salvadora? Significa que Aquele a quem Deus enviou – Jesus Cristo – produziu uma justiça que nós nunca poderíamos produzir. Significa que Jesus foi completamente justo aqui nesta Terra, que Ele guardou os Dez Mandamentos e nunca falhou em nada. Significa que Ele produziu uma obediência perfeita para ser creditada a nosso favor. Significa que Jesus era a Inocência do Céu, o Sol da justiça.

I – A JUSTIÇA QUE SALVA É DE GRAÇA


Nos versículos 21-23, nós temos os característicos da justiça que salva: a justiça é de Deus, é da fé, e é de todos. Mas agora dos versos 24 a 26 ele apresenta os MEIOS através dos quais esta justiça poderia ser realizada. Como é que esta justiça pode surgir? Como é que foi possível para Deus produzir em Cristo Jesus esta justiça?

Então ele responde no: Versículo 24: "Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus." Cada uma destas palavras é importante. O que é que significa salvação? Esta pergunta é respondida nestas palavras: "Sendo justificados". Salvação se consegue "sendo justificados". Portanto, justificação e salvação são a mesma coisa. Mas como esta justificação é adquirida, por que meio? Ele diz: "gratuitamente por sua graça, mediante a redenção".

Nesta seção encontramos 8 diferentes maneiras pelas quais ele prova que nós não podemos ser salvos por nossa intervenção: Ele diz que a justificação é: 1) sem lei (v.21), 2) mediante a fé (v.22), 3) gratuitamente (v.24), 4) por Sua graça (v.24), 5) mediante a redenção (v.24), 6) não pela lei das obras (v. 27), 7) pela lei da fé (v. 27), 8) independentemente das obras da lei (v. 28). As palavras do v. 20 ("ninguém será justificado diante dele por obras da lei") são uma antecipação do que ele estava para dizer nesta segunda seção. Este é o seu método. Estas são as expressões que ele usa para provar que a nossa salvação é completa, única e exclusivamente um ato de Deus.

Por que Paulo parece tão repetitivo? Porque ele não queria ser mal compreendido; ele é um verdadeiro pastor e não deseja que seus leitores fiquem com alguma dúvida, e porque é muito difícil a um ser humano compreender que a salvação é inteiramente de graça; ele sempre quer mostrar a Deus que ele pode fazer alguma coisa para se salvar.

Paulo disse que somos justificados "gratuitamente". Esta palavra é importante. Isso significa que nós haveremos de alcançar a salvação por um mérito que não é nosso. Se eu disser aqui diante do auditório que eu estou dando R$ 500,00 gratuitamente, a compreensão será imediata: "Olha só; ele vai dar todo esse dinheiro, sem pedir nada em troca!" Esta palavra é muito clara para ser mal entendida.

Mas isso é muito difícil de entrar isso em nossa vida, e em nossa mente, em nossa compreensão espiritual; porque há uma tendência humana de sempre estar produzindo alguma coisa para dizer a Deus que nós temos merecimento. Mas a salvação é dada gratuitamente.

Paulo disse que somos justificados por Sua "graça". Esta palavra é muito importante, aparece muitas vezes na Bíblia. Ela quer dizer que é sem mérito nosso, é inteiramente pelo mérito dAquele que dá, significa que é um dom imerecido de nossa parte, mas completamente providenciado pela outra parte.

II – A JUSTIÇA QUE SALVA CUSTOU MUITO CARO

Paulo disse que somos justificados mediante a "redenção" que há em Cristo Jesus. Esta palavra também é uma muito importante na Bíblia. O que é que significa redenção? Conta-se que há muitos anos, um viajante inglês que estava visitando o Cairo no Egito, passou pelo Mercado de Escravos, e viu um jovem inteligente que estava sendo exposto à venda. E aquele jovem cheio de músculos, um jovem de boa aparência ali estava sendo oferecido em leilão. E alguém lançou uma oferta; e outro, outra. E ele, movido de compaixão, ofereceu maior quantia que todos, e comprou aquele jovem. O escravo olhou-o com ódio e disse consigo mesmo: "Este homem vem de uma terra de liberdade, mas aqui ele nega os seus princípios para fazer dinheiro no tráfego de escravos. Se eu tiver oportunidade, vou lhe cravar um punhal no coração."

Seu novo dono conduziu aquele jovem para fora da vista da multidão e disse: "Jovem, eu vi você lá sendo vendido, e eu me compadeci de você. Eu gastei tudo o que tinha para comprar a sua liberdade. Paguei o preço da sua libertação. Agora você está livre, você não é mais escravo. Você é tão livre quanto eu. Pode ir." Quando o escravo ouviu estas palavras, e compreendeu quanto havia julgado mal o seu benfeitor, disse: "Ó meu senhor, me permite acompanhá-lo e servi-lo para sempre."

Isto é o que significa redenção e esta é a atitude da pessoa redimida. A palavra redenção foi retirada da terminologia da compra e venda de escravos. Redenção significa a compra da libertação de alguém através de um preço, através de um resgate. Jesus Cristo pagou o preço infinito de Seu sangue pela nossa redenção. De fato, a justiça que nos salva custou muito caro para o Filho de Deus, o Homem que era inocente, mas foi condenado. Na cruz do Calvário, Ele pagou o preço de nossa libertação. Nós éramos escravos, mas agora somos livres. Isso é algo que deve despertar o nosso louvor; e não só o louvor, a gratidão, e adoração, mas também o nosso serviço.

Com quem Deus negociou a redenção dos homens? Como é que Ele negociou este pagamento de sangue? A quem Ele pagou o preço do sangue de Cristo? Algumas pessoas dizem: "Bem, Ele negociou com o diabo." Isso é não é vrdade, porque Satanás ignorava esse plano de salvação, ele não podia conceber o grande amor de Deus ao oferecer o Seu amado Filho para dá-lO pela redenção do mundo. A quem Deus pagou o preço? Deus pagou o preço à Sua própria justiça. A Lei dizia: "O salário do pecado é a morte!" (Rom. 6:23). A Lei exigia completa satisfação pelo derramamento do sangue das vítimas ou de algum substituinte. "Porque sem derramamento de sangue não há remissão de pecados" (Heb. 9:22). Então, Jesus Cristo morreu na cruz e satisfez a justiça divina.

Mas eu quero responder a uma outra pergunta: Em que realmente consiste esta redenção? O que é que realmente aconteceu na cruz do Calvário? Esta pergunta é respondida no v. 25: "a quem Deus propôs, no Seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na Sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos". A redenção consiste na propiciação.

O que significa a propiciação (gr. "hilasterion")? A propiciação é algo que envolve a 4 elementos: 1) uma ofensa; 2) uma pessoa ofendida; 3) uma pessoa ofensora. E em 4º lugar: uma oferta. Evidentemente, a ofensa é o pecado, "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (v. 23) – esta é a ofensa. A Pessoa ofendida é Deus. A pessoa ofensora é o pecador, são os homens, somos nós. E a propiciação é a oferta que deveria ser dada para expiar ou para tirar a culpa da pessoa ofensora. Deus foi ofendido pelo pecado do homem, e por isso está irado e, para que nós possamos ser salvos, Ele deve ser apaziguado.

Mas esta palavra "propiciação" tem sido negada em alguns círculos teológicos, e este texto (v. 25) é um verso que tem se tornado motivo para muitas controvérsias através da história da Igreja. Não deveríamos nos admirar que um assunto tão importante como a propiciação fosse levado à controvérsia, porque nós sabemos que Satanás não está muito interessado em que nós compreendamos certas coisas na Bíblia.

Muitos teólogos desorientam as pessoas com certas coisas que a Bíblia realmente não está dizendo. Então, há certos teólogos que negam a propiciação e substituem essa palavra por reconciliação. Agora, reconciliação é o resultado da propiciação; reconciliação é a restauração da paz e da harmonia entre o pecador e Deus.

Outros teólogos sugerem a palavra expiação para traduzir a palavra grega original. Mas "hilasterion" só se traduz corretamente como propiciação. Mas eles traduziram em algumas Bíblias mais modernas como expiação que significa retirada da culpa e é também um resultado da propiciação.

Mas o que é que realmente Paulo está dizendo aqui? Ele está afirmando exatamente que através do sangue da cruz de Cristo lá no Calvário foi feita uma propiciação para aplacar a ira de Deus, porque Deus estava irado, Deus estava contrário ao pecado e ao pecador, e estava pronto para destruí-lo, se não fosse apaziguado.

Agora, este ensino está de acordo com o contexto. Vimos como "a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade". (1:18). Também lemos no cap. 2:5: "Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento." Em 2:8: "mas ira e indignação aos... que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça."

Portanto, a palavra propiciação é a tradução correta. E este é o grande ensino que está espalhado em toda a Bíblia, desde o início. Por exemplo, o próprio Moisés quando viu a ira de Deus se revelando entre o povo e abrindo a terra, e tragando elementos rebeldes, escreveu então o Salmo 90, onde ele diz: v. 7: "Somos consumidos pela Tua ira, e pelo Teu furor conturbados"; v. 9: "Pois todos os nossos dias se passam na Tua ira"; v. 12: "Quem, Senhor, conhece o poder da Tua ira?" E então no v. 13, ele diz: "Volta-Te para nós, Senhor; até quando? E aplaca-Te para com os Teus servos". (Almeida antiga). Este é o ensino da Bíblia: Deus deve ser aplacado; Ele está irado, e então deve ser aplacado em relação ao pecado.

Mas por que alguns teólogos negam esta doutrina? Por 2 razões:
1) Em 1º lugar porque julgam que isso é paganismo. Por que paganismo? Pelo seguinte: Quando os pagãos tinham algum problema com os seus deuses, assim imaginavam eles, quando havia um terremoto, um furacão, uma inundação, quando eles faziam alguma coisa errada e alguma coisa não dava certo com eles, assim diziam: "Ah, os deuses estão irados. Então, o que vamos fazer? Ah, nós vamos dar uma oferta para que os nossos deuses sejam aplacados."

Então eles faziam sacrifícios. E quando eles não conseguiam aplacar os seus deuses, na sua maneira de pensar, eles chegavam até ao homicídio, até ao ridículo, até à falta de misericórdia de entregar os seus próprios filhos, os seus primogênitos, para aplacar a ira dos seus deuses. Então os teólogos dizem que quando nós reivindicamos esta interpretação nós estamos simplesmente dizendo a mesma coisa que os pagãos faziam. Assim, eles nos acusam de paganismo.

Mas qual é a diferença entre a doutrina bíblica e a doutrina dos pagãos? Os teólogos julgam que nós queremos dizer com esta propiciação que Cristo mudou a mente de Deus; na cruz do Calvário, Jesus Cristo conseguiu apaziguar a Deus que está irado contra nós. É isto verdade? É isso o que a Bíblia ensina? Seguramente não, porque basta ler com mais atenção o v. 25 (Rom. 3:25) para entendermos a falácia deste argumento. Notemos que Paulo disse: "a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação".

Perceberam onde é que está a diferença? Cristo não precisou mudar a mente de Deus. Deus é quem propôs. A iniciativa não é do pecador. É Deus quem dá a oferta. E isso foi declarado por Deus a Moisés em Lev. 17:11: "Eu vos tenho dado o sangue". É Deus quem toma a iniciativa de ser apaziguado pelo sangue que Ele mesmo oferece, através de Jesus Cristo, o nosso Salvador. Deus é quem propôs a Jesus Cristo.

Impressionante que Ele está irado contra o pecado e contra o pecador identificado com o pecado; mas como vimos que Ele precisa ser aplacado, Ele não exige uma oferta do pecador, Ele mesmo dá a oferta, Ele dá o meio, e Ele dá aquele recurso através do qual Ele mesmo será aplacado. E assim, a Sua justiça será completamente satisfeita.

2) Outra razão por que alguns teólogos negam esta doutrina é que eles não apreciam a expressão "ira de Deus". Eles dizem que esta expressão apresenta a Deus como se fosse alguém apaixonado, caprichoso, pronto para destruir e pronto para se vingar, e cheio de vingança, e ardendo em ira. Mas realmente este não é o significado da "ira" divina. O próprio apóstolo Paulo disse que a ira de Deus significa a execução do justo juízo de Deus; significa que Ele tem retribuição (Rom. 2:5). Significa a Sua reação e o Seu ódio contra o pecado. A ira de Deus significa a Sua completa indignação e desaprovação ao pecado.

O que aconteceu na cruz? Na cruz do Calvário ocorreu uma propiciação. Mas algumas pessoas começam a sentimentalizar a cruz, e dizem: "Ah, mas como o mundo foi tão mau, Jesus Cristo foi tão bom; e os homens maus, intolerantes e perversos, eles tomaram a Jesus Cristo e O crucificaram." E alguns teólogos dizem que Jesus morreu para dar-nos um exemplo, um exemplo do amor de Deus, um exemplo de quão fácil é Deus perdoar, o exemplo de que Ele no Seu grande amor é capaz de ser levado ao sacrifício e ainda dizer: "Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem."

É esta a interpretação correta? Será que é fácil para Deus – e dizemos com reverência – é tão fácil assim para Deus perdoar? A Bíblia ensina que para Deus é fácil perdoar, porque Deus é amor, mas é difícil porque Deus também é justiça. Ele tem que punir o pecado, isso faz parte da Sua justiça. Por isso, perdoar e salvar custou muito caro para Deus que teve de entregar o Seu Filho único em sacrifício.

Então, como Ele pode conciliar o Seu amor com a Sua justiça? Esta era a grande acusação do Diabo: Deus não poderá conciliar o seu amor com a Sua justiça, sem cometer erro! Mas ele foi pego de surpresa. Satanás era incapaz de compreender: Como é que Deus poderá ser justo e ao mesmo tempo perdoar o pecador? É impossível, ele dizia. O inimigo não podia conciliar estas duas coisas.

Mas agora Deus manifesta a Sua justiça. É exatamente a parte central do versículo 25. Vamos ler o verso (Rom. 3:25): "a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé para" agora "manifestar a sua justiça."

A justiça de Deus é algo muito mais importante do que a nossa salvação, por mais importante que ela seja; mas é muito mais importante para Deus, porque o próprio caráter de Deus estava em jogo. Ele prometeu punir o pecado. Ele sempre Se manifestou com reação contrária ao pecado e Ele sempre prometeu punir o pecado.

Mas agora se manifesta a justiça de Deus, "por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." O que significa isso? Vamos pensar nestas palavras: "deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." A versão antiga (ARC) diz "remissão" ao invés de "deixado impunes". Acontece que estas palavras "deixado impunes" são traduzidas de uma palavra grega (paressin) que não significa remissão, mas pretermissão. Pretermissão é uma palavra que foi tirada da lei dos romanos. Há uma diferença entre pretermissão e remissão.

Observem que na lei dentre os romanos havia uma referência aqui a esta palavra paressin ao indivíduo que fazia um testamento e incluía todos os seus parentes menos um. Imagine um homem rico que está fazendo um testamento e dá em herança as suas riquezas para todos os seus parentes, mas evita um parente. Isso significa que ele passa por alto de determinada pessoa. Esta palavra, portanto, foi traduzida corretamente nesta Versão Atualizada (VARA), dizendo "deixado impunes" – quer dizer, passado por alto.

O que é que foi passado por alto? "Os pecados anteriormente cometidos". Mas como pode Deus ser Deus e ao mesmo tempo passar por alto os pecados cometidos anteriormente? Esta era a acusação de Satanás: "Deus não é justo porque Deus não está punindo o pecado."

É certo que a ira de Deus se revelava aqui, ali e acolá, mas muito raramente, porque a Sua ira estava misturada com a misericórdia, e os pecados realmente não estavam sendo punidos como deveriam ser punidos. E o tempo passava, e passaram 1.000 anos, 2.000 anos, 4.000 anos se passaram. E Satanás estava sempre lançando no rosto dos anjos, no rosto de Deus, dizendo que Deus é injusto, que Deus não pune o pecado, e que Deus não pode perdoar o pecado e ao mesmo tempo ser justo.

Então, agora chegou o momento da Cruz. Na Cruz a Sua justiça punitiva será manifestada. Na Cruz do Calvário, Jesus Cristo recebeu a punição de Deus por todos os pecados passados, cometidos pelos homens. Os sacrifícios de animais era o método de Deus passar por alto os pecados anteriormente cometidos, pois aqueles sacrifícios não podiam apaziguar a ira de Deus (Heb. 10:4).

Mas agora, os nossos pecados foram punidos em Cristo. Quando Cristo estava na cruz suspenso entre o céu e a terra, Ele, na Sua Pessoa, no Seu corpo recebeu a ira de Deus impendente sobre Ele para nos salvar, para que nós não tivéssemos a ira de Deus contra nós, para que Deus estivesse apaziguado conosco e para que Deus não nos punisse mais pelos nossos pecados. Portanto, os nossos pecados já foram castigados na cruz, no corpo do Salvador Jesus Cristo.

Mas se os pecados do passado foram resolvidos, antes da cruz, como ficam os pecados depois da cruz? O apóstolo Paulo responde a isto quando ele diz no v. 26: "tendo em vista a manifestação da Sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o Justificador daquele que tem fé em Jesus." O "tempo presente" é depois da cruz. Isso significa que todos os pecados estão resolvidos no presente e todos os pecados estão resolvidos no futuro. Porque o sacrifício de Cristo foi eficaz "uma vez por todas" (Heb. 10:10). Todos os pecados passados, presentes e futuros foram todos resolvidos lá na Cruz do Calvário.

Na cruz estão todos os nossos pecados. Aqueles pecados futuros que você ainda não cometeu, tudo isso já está resolvido e solucionado lá na cruz do Calvário. E assim a grande questão é respondida, é resolvida porque Deus pode "ser justo e o Justificador daquele que tem fé em Jesus." (v. 25). Na cruz, Deus reivindicou o Seu caráter, e isso foi a coisa mais importante diante de todo o universo. Portanto, ninguém pode acusar a Deus de injustiça, porque Ele cumpriu plenamente aquilo que a justiça da Lei requer.

III – A JUSTIÇA QUE SALVA É EXCLUSIVA

Apresentamos os característicos, os meios e agora temos as conclusões: Paulo responde à pergunta: Qual a conclusão da Justificação pela Fé? É interessante que no verso 26, ele chegara a um grande clímax. Mas ele apresenta agora 3 conclusões em forma de anti-clímax. De fato, ele tem mais amor aos seus leitores do que à forma literária de sua exposição.

1- O legalismo é excluído: (versos 27-28): "Onde pois a jactância? Foi de todo excluída... Concluímos pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei." Portanto, não pode haver jactância, porque o homem é justificado sem as obras da lei. O legalista jactancioso não pode sobreviver diante da justiça exclusiva de Deus. Ou seremos salvos pela graça, ou não seremos salvos.

Dois homens entraram no templo para adorar. Um deles era fariseu e outro era um publicano. O publicano se humilhava e batia no peito, dizendo: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador." Aqui está a doutrina, aqui está a propiciação; aqui está o momento em que ele diz: "Ó Deus, aplaca-Te para comigo; torna-Te favorável em relação a mim; perdoa o meu pecado, eu sou indigno, eu sou um pecador perdido, mas Senhor, tem misericórdia de mim."

Enquanto isso, o fariseu se jactava: "Ah, Senhor, graças Te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano" (Luc. 19:11). E este saiu vazio enquanto que o outro foi justificado; assim disse Jesus Cristo. Ele nos deu aqui uma grande lição de justificação pela fé, sem jactância. Nenhuma jactância de alguma obra que o homem pudesse apresentar a Deus, porque não temos. É impossível se salvar pelas obras da lei; é impossível ser salvo como legalista jactancioso que apresenta as suas obras como méritos para a salvação.

2 - O exclusivismo é excluído. Paulo prossegue: vs. 29 e 30: "É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios?" Agora chega a outra conclusão. A justificação exclui o exclusivismo.

Não há mais separação de classes. Vivemos num mundo separado por tantas divisões; mas através da justiça de Deus toda a humanidade pode ser unida, todos podem se salvar, todos podem ser irmãos, filhos de um mesmo Pai que revelou a Sua justiça e o Seu amor ao mesmo tempo quando Cristo morreu na cruz do Calvário. Agora, Ele pode ser justo e ao mesmo tempo Justificador de qualquer pessoa indistintamente.

3 - O antinomismo é excluído. V. 31: "Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei." Há alguém contrário à Lei divina, que está contente? Não há lugar para ser contra a Lei. Ela está confirmada. Este é um outro anti-clímax. Mas ele está interessado agora em responder a uma questão: os judeus estavam dizendo: "Ah, Paulo, com esta doutrina da Justificação pela Fé você está anulando a lei. Você está extirpando completamente a lei". Mas o apóstolo diz: "Não, é justamente o contrário; eu estou estabelecendo e ratificando a lei."

A doutrina da justificação pela fé confirma a Lei. Por que Paulo podia dizer isso? Porque o Evangelho exalta a Cruz como sendo a revelação da justiça punitiva de Deus, que se manifestou por causa da Lei. Sem a Lei, não haveria pecado, nem pecador; sem Lei, não seria despertada a santa ira de Deus; e portanto, não haveria necessidade de salvação da ira; sem a Lei não haveria punição, nem propiciação. A redenção seria desnecessária. Mas tudo isso se faz presente com a Lei. Portanto, a doutrina da justiça pela fé estabelece a Lei.

CONCLUSÃO

Mas quem é o Homem justo que foi condenado? Jesus Cristo foi esse Homem. O apóstolo Paulo O apresenta como Aquele que pelo Seu sangue nos garantiu a redenção através da Sua propiciação. Disse mais o profeta Isaías: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados." (Isa. 53:5)

Certa vez um capitão de navio estava enfermo e mandou chamar o médico. O médico examinou e disse: "– Meu querido capitão, muitos anos temos trabalhado juntos, mas eu preciso ser sincero com você. Você tem poucos dias de vida." E o capitão se desesperou. Chamou o imediato e disse: "– Guilherme, o médico me disse que eu tenho poucos dias de vida. E eu não estou preparado para morrer. Por favor, venha orar comigo, venha ler alguma coisa da Bíblia." Este homem passara toda a sua vida sem o temor de Deus, e ele não se achava preparado para a morte.

O imediato indicou ao cozinheiro, a quem ele sempre vira com uma Bíblia na mão. Ele foi chamar o cozinheiro; e lhe disse: "– William, pegue a sua Bíblia e venha comigo. O capitão está precisando de você, quer que você ore e leia a Bíblia com ele, porque ele tem poucos dias de vida." E então aquele jovem se achegou perto do capitão. E então começou a ler.

No início não sabia o que ler, mas depois selecionou este texto. E começou a ler aqui em Isaías 53:1, até que chegou ao versículo 5. E ele disse: "– Capitão, o senhor gostaria que eu lesse este versículo exatamente como a minha mãe me ensinou a ler?" "Sim, sim, tenha a bondade, leia como a sua mãe ensinou a ler o texto."

Então ele leu e colocou aqui o seu nome, então disse: "Mas ele foi traspassado pelas transgressões de William Platt e moído pelas iniqüidades de William Platt; o castigo que traz a paz a William Platt estava sobre ele, e pelas suas pisaduras William Platt foi sarado."

E neste momento o capitão já estava sentado, erguido do leito e disse: "– Meu jovem, ponha o nome do capitão nesse texto." E ele leu: "Mas ele foi traspassado pelas transgressões de João Clout e moído pelas iniqüidades de João Clout; o castigo que traz a paz a João Clout estava sobre ele, e pelas suas pisaduras João Clout foi sarado."

Neste momento o homem experimentou uma paz, uma tranqüilidade interior. Poucos dias mais tarde ele morria; mas antes de morrer testificou que ele estava em paz, que ele estava pronto para morrer.

Você também gostaria de colocar o seu nome nesse texto de Isaías (53:5)? Você está dando valor ao que Cristo fez por você? Pela Sua redenção através da propiciação? Pelo Seu sangue derramado na cruz em seu lugar? Se você realmente quer se salvar, então tem que dar valor a estas coisas. Aplique isso a sua vida. Apegue-se a Jesus Cristo completamente pela sua fé, exerça fé em Jesus. Comece a glorificar o nome de Deus, a louvá-Lo, a adorá-Lo com toda a sinceridade. E então a sua vida será mudada e transformada completamente, em forma radical.



PR. ROBERTO BIAGINI
Teólogo, Mestre em Teologia. Realizou vários cursos de Extensão Teológica da Andrews University e do Centro de Educação Contínua da DSA. Trabalhou como distrital de várias igrejas do centro, norte e sul do país. É casado com a Profª. Silvane Luckow Biagini, e tem dois filhos, Ângela e Roberto.

Comentários

  1. MARAVILHA DE PALAVRA Q DEUS O ABENÇOE RICA E ABUNDANTEMENTE EM NOME DE JESUS....MISS.BÁRBARA

    ResponderExcluir

Postar um comentário