SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

Lei de Deus X Lei do Homem

Carl e Raylene Worthington são um casal americano que reside em Oregon. A sua filha de 15 meses, Ava, faleceu em março de 2008 vítima de uma broncopneumonia e uma infeção no sangue. Além da natural tristeza por esta perda, nada de especialmente anormal esta notícia teria; mas tem, devido a Ava não ter recebido qualquer tratamento médico enquanto ainda estava viva.

Carl e Raylene são membros da Igreja Seguidores de Cristo, que advoga o tratamento de doenças (particularmente em crianças) com base exclusivamente na oração de fé, sem recurso a intervenção médica. Talvez esta igreja seja mais conhecida por este aspeto do que por uma outra crença ou prática qualquer...

No caso de Ava, o médico que examinou o corpo referiu que a sua doença poderia ter sido resolvida com recurso a antibióticos. O casal Carl e Raylene está por isso acusado perante a justiça americana de negligência no tratamento de Ava, o que pode levar a uma pena de prisão até seis anos. O julgamento inicia-se amanhã, 23 de junho.

Por não aceitarem tratamento médico, as senhoras que são membros desta Igreja têm os seus partos realizados em casa. Desde 2001, vários desses partos foram noticiados como tendo corrido mal, o bebé ter falecido logo de seguida ou mesmo nascido morto.

São também frequentes os relatos de crianças e adolescentes gravemente doentes que não recebem qualquer tratamento médico e cujos familiares recorrem apenas à oração de fé. Quando o doente sucumbe perante a doença, os familiares penitenciam-se por não terem exercido suficiente fé que levasse à cura.

Não é meu objetivo neste momento debater o interessante assunto da cura pela oração de fé. Mas, creio que este caso levanta novamente a discussão – entre outras – sobre a relação do exercício da fé e as responsabilidades legais perante o estado.

A Bíblia claramente ordena que o homem deve sujeitar-se às leis da nação da qual faz parte: ‘Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda boa obra; toda alma esteja sujeita às potestades superiores’ (Tito 3:1).

Mas, adverte também, que em caso algum essa observância deve obstruir o respeito pelos eternos preceitos que Deus deixou ao homem: ‘Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: mais importa obedecer a Deus do que aos homens’ (Atos 5:29).

Creio que os membros da Igreja Seguidores de Cristo devem conhecer estas passagens. Mesmo que não pareça, aqui se encontra uma razão para que eles atuem conforme vimos em relação a tratamentos médicos prestados aos seus membros ou filhos.

Repare: se, nas suas crenças, eles acreditam que a Bíblia ordena que todas as curas sejam feitas apenas com recurso à oração de fé, é natural que eles, querendo manter-se fiéis aos seus princípios orientadores, prefiram ser confrontados com o sofrimento da morte, a violarem aquilo que entendem ser a vontade de Deus, mesmo que isso implique a reprovação e penalidade legal perante as leis dos homens.

Se você, caro leitor, é um Adventista do Sétimo Dia, acompanhe o mesmo raciocínio com outros protagonistas e noutro âmbito (se não for Adventista do Sétimo Dia, irá entender igualmente, garanto-lhe…).

Imagine o seguinte cenário: você é um guardador do Sábado, porque acredita que essa é a perfeita ordem da imutável lei de Deus (ou seja, produzida pela mão Divina). Você crê que assim sendo, a observância do Sábado é um princípio inegociável da sua vida espiritual, do qual não abdicará seja porque motivo for.

Então, suponha que uma lei do estado (ou seja, produzida pela mão humana) o obriga a trabalhar no Sábado, sem opção. Mais: segundo essa lei do estado, todos os infratores serão punidos com a pena de morte, sem exceções.

E agora, caro leitor, o que você vai fazer? Qual das duas leis (que se chocam gravemente) você vai decidir respeitar? Sim, porque não há ponto de equilíbrio entre as duas leis: para observar uma, tem de quebrar a outra!

Como Adventistas do Sétimo Dia, acreditamos que é perante este dilema que muito em breve seremos colocados: observar a eterna lei de Deus – e em especial o seu quarto mandamento – ou ceder perante as exigências das leis dos homens que intentam destruir a expressa e clara vontade de Deus?

Por paradoxal que pareça, esta é uma grande oportunidade para o fiel seguidor da Bíblia. Leia este parágrafo de Ellen White.

‘O zelo dos que obedecem ao Senhor aumentará à medida que o mundo e a Igreja se unirem para invalidar a lei. Toda objeção levantada contra a lei de Deus abrirá o caminho para o avanço da verdade e habilitará os seus defensores a apresentarem seu valor perante os homens. Há uma beleza e poder na verdade que nada poderá tornar tão evidente como a oposição e a perseguição.’ Eventos Finais, pág. 123.

Em preparação para o grande embate final, faça sua a decisão de Josué: ‘eu e a minha casa serviremos ao Senhor’ (Josué 24:15).

FILIPE REIS
Nascido e educado na Igreja Adventista do Sétimo Dia e batizado em Março de 1989, aos 13 anos. Vive em Vila Nova de Gaia, Portugal. Serviu vários anos como Diretor da Escola Sabatina e Ancião na Igreja de Pedroso, Portugal, entre outras funções. Em breve iniciará a formação em Teologia no Colégio Adventista de Sagunto (Espanha), para servir como Pastor. Editor do Blog O Tempo Final. Casado com Sofia, tem um bebé, o Caleb Filipe, nascido em junho de 2009.

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