Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

Refúgio Seguro

SERMÃO:

Texto: Isaías 4:6

Introdução:

Encontramos nos escritos sagrados, os personagens bíblicos usando diversas metáforas à pessoa de Jesus. Por exemplo:

Abraão – “O Rei de Salém”. Gen. 14:18
Jeremias – “O Renovo de Davi”. Jer. 33:15
O salmista Davi:
“A Rocha da minha Salvação”. Sal. 89:26
“A Rocha mais alta que eu”. Sal. 61:2
O profeta Ageu - “O Desejado de Todas as Nações”. Ageu 2:7
Em Apocalipse: “O Leão da Tribo de Judá”. Apoc. 5:5
Vamos agora analisar juntos uma figura de linguagem que o profeta Isaías usou para Jesus. Isaías 4:6 – “Os quais serão para sombra contra o calor do dia e para refúgio e esconderijo conta a tempestade e a chuva”.

Se analisarmos o contexto e todo o capítulo, facilmente concluiremos que o profeta está se referindo ao reinado do Renovo do Senhor – Jesus Cristo.

O que é um refúgio?

Definição: Refúgio é o lugar onde alguém se abriga ou se protege para estar em segurança.

Ilustração: A chuva na praça. Recentemente, eu estava passando na principal praça de minha cidade. Caiu uma chuva torrencial. Todos correram em direção aos abrigos para não se molhar.

Na hora do aperto, todos procuramos um abrigo.

Vejamos agora o que nos diz o salmista: Salmo 46:1 – “Deus é o nosso refugio e fortaleza; socorro bem presente nas tribulações”.

Consideraremos os vários aspectos em que Cristo é o nosso refúgio:

I – CRISTO É UM REFÚGIO PARA A CONSCIÊNCIA CULPADA.

Não existe nada neste mundo que atormente mais o ser humano que uma consciência culpada.

Há pouca coisa neste mundo que é mais pesado do que o chumbo; esta é uma consciência culpada.

Desde a entrada do pecado neste mundo, uma consciência culpada tem sido a causa de depressão mental, ansiedade, remorso e culpa que tem trazido destruição das forças da vida.

Os filósofos definem a consciência culpada como a violação de um dever. Sabemos o que devemos fazer, e não o fazemos.

A consciência culpada não deixa muitas vezes o homem dormir. Quantos passam a noite sobre o travesseiro...

Para onde fugirá o homem de seus pecados?

Se o pecador acha a solução no copo do vício ou atrás da cortina da fumaça do cigarro, ou no sonho das drogas, ou na volúpia dos prazeres, quando passam esses prazeres, esses instintos de emoção e gozo, o pecado avança mais tirano. O pecado se apresenta mais forte nas desilusões da ressaca e na dor do remorso.

Quantas vezes o homem com sua consciência martelando, conta a um amigo ou vai a um psicólogo. E eles que muitas vezes não veem a solução para si mesmos, dizem: “Viaje. O que você precisa é tirar férias e viajar”...

E o pecador viaja, mas o pecado que está na sua consciência, viaja ao seu lado.

Diz o psiquiatra ou psicólogo: “Vá a um lugar montanhoso, tranquilo, de belas vistas panorâmicas, e isto é reparador”...

Mas o pecado também ali o acompanha, e lá a sua presença o tira a paz. Que poderia o ambiente inspirar numa tal situação?

“Vá a uma estação balneária e lá se banhe com água de saúde”... Ah! Se as águas de Lindóia, as fontes termais de Caldas Novas, Caldas do Jorro, ou outras fontes quaisquer, pudessem limpar a mancha do pecado!

Ah, Se o pecador pudesse ordenar ao pecado, dizendo-lhe: “Pecado, eu vou viajar e você vai ficar, aqui, atrás da porta. Você não irá comigo!”... Creio que seria extraordinário, excelente!

Mas o pecado está metido em nossas entranhas. Está dentro da nossa cabeça. E a consciência continua acusando...

Só há uma solução para o pecado, para uma consciência que acusa diuturnamente.

A solução está Jesus Cristo. I João 1:9 – “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

Ilustração: Pastor Paulo Seidl e o assassino.

O saudoso Pastor Paulo Seidl que foi meu presidente, no início de meu ministério, quando viajava comigo pelo interior do Maranhão, contou-me certa vez que dirigiu uma série de conferência no interior do Espírito Santo. Pregou certa noite sobre I João 1:9. Um dos assistentes pediu que fosse com ele a um lugar onde, 20 anos atrás, tinha matado um menino que estava roubando na sua roça de milho.Ninguém nunca soube. Mas por 20 anos a sua consciência o atormentava diuturnamente. Ali, sozinhos, oraram e sentiu-se perdoado. Tornou-se um membro da igreja, e a sua consciência foi aliviada.

II – CRISTO É O REFÚGIO CONTRA SATANÁS.

Sua existência é real. Satanás faz tudo para tirar da mente da humanidade que ele não existe.

A princípio, quis tirar da mente da humanidade a existência de Deus. Surgiram a teorias: “Deus não existe” ou “Deus morreu”.
Agora, ele está mudando de tática. Ele mesmo põe na mente dos homens que ele não existe.

Se ele não existisse, quem seria o responsável por tanta desgraça que existe no mundo?

Ilustração: Certa vez, um jovem perguntou ao evangelista Billy Graham se ele realmente acreditava na existência do Diabo. Claro que ele disse que sim. A Bíblia diz que ele é uma pessoa. Uma pessoa que fala, anda, mente, tenta, engana, mata, falsifica, aflige, destrói, cita erradamente a Bíblia, espalha doutrinas falsas, semeia a discórdia na igreja, tenta dividir o povo de Deus, destrói os lares...

Ele é chamado na Bíblia por muitos nomes: Satanás, Diabo, Anjo Decaído, Leão Devorador, Príncipe dos Demônios, Lobo, Belzebu, Dragão, Serpente, Lúcifer, Traidor, Adversário, Mentiroso e Pai da Mentira.

Ele é o pai da injustiça. É pai do pecado. É o pai da morte.

Ele pode realizar milagres falsos. Pode realizar experiências espirituais falsas. Ele tem um evangelho falso. Ele tem um plano de salvação errado. Ele tem pregadores e professores falsos. Ele promete sempre liberdade e luz, mas no fim ele traz morte, tristeza e destruição.

A Bíblia diz que ele foi lançado para fora do céu, porque lá não havia mais lugar para ele, por causa do seu orgulho.

Meu prezado amigo, nunca se esqueça disto: você sozinho não pode com ele. Ele é mais forte e mais astuto que você sozinho.

Por isso, necessitamos de Cristo, o nosso irmão mais velho.
Cristo é o refúgio conta Satanás. Se você não estiver no refúgio, ele lhe pega e destrói a sua vida.

Ilustração: “Eu nunca me encontrei com o Diabo”. Era um jovem que dizia: “Se o Diabo existe, por que eu nunca me encontrei com ele e nem ele comigo?”

Aplicação homelética: Há uma lei na física que diz: “Dois móveis andando na mesma direção e sentido nunca se encontram”. Quem anda ao lado do Diabo nunca vai se encontrar com ele. Ora, como vai se encontrar, se já anda ao lado dele? O crente, porém, anda em sentido contrário, e ele vem ao nosso encontro.

É preciso definir de que lado você está:

- Ou do lado dele ou contra ele.
- Ou do lado de Jesus ou do lado do inimigo.

Só existem duas alternativas. No mundo em que viemos só existem duas classes de pessoas. Não são os brancos e os negros; não são os ricos e os pobres; não são os socialistas e os capitalistas; não são os sábios e os indoutos; não são os que vivem no oriente e os que moram no ocidente.

São os que estão ao lado de Cristo e os que estão ao lado de Satanás.

Assim como Isaías usou a metáfora de Jesus como refúgio, Pedro usou para o Diabo a metáfora de um leão feroz. I Pedro 5:8 – “Sede sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.

Experiência Pessoal: O Leão que quase me comeu vivo.

Faz alguns anos. Eu viajava pelo interior do Maranhão. Chegou um circo que estava sendo montado na praça principal do lugar. Muita gente vendo o movimento. Eu, inclusive. Havia um elefante, macacos e outros animais. Numa jaula estava um leão. A jaula era de madeira. O leão quebrou a jaula e, do lado de fora, começou a rugir. Todos correram à procura de um abrigo seguro. Eu estava acompanhado do Pastor Barbosa que viajava num jipe da Missão Costa Norte que tinha uma capota de pano-couro. Corremos para o jipe. Mas disse para ele: “Aqui eu não fico, pois não estamos seguros”. Tentei correr para entrar num ônibus, mas os passageiros, com medo, fecharam a porta antes que eu entrasse. Eu corri e me abriguei num restaurante, até que tudo passasse. A esposa do dono do circo, com medo e apavorada com o que poderia acontecer, gritava como uma louca. Nada aconteceu, felizmente. Com muito sacrifício, o dono do circo e domador do animal conseguiu, com muito cuidado e medo, pôr novamente o leão na jaula, acabando com o pânico. Ninguém morreu, mas eu fiquei abalado por alguns dias. Não tinha vontade de comer. Não conseguia dormir bem. Não conseguia cantar. Algumas noites, eu sonhei com o leão. Eu entendo mais do que ninguém o que Pedro diz: “Se sóbrios e vigilantes. O Diabo, vosso adversário, anda ao derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”. Eu conheço bem este verso da Bíblia, por experiência pessoal, porque quase fui comido por um leão.

III – CRISTO É O REFÚGIO CONTRA AS TENTAÇÕES.

Cristo foi tentado muitas vezes pelo Diabo. Satanás, no deserto, O tentou por três vezes, mas Jesus não cedeu à tentação. Cristo foi sempre um vencedor.

Se você sempre se refugiar em Cristo, estará seguro. Hebreus 2:18 – “Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado padeceu, pode socorrer aos que são tentados.

Há um ditado popular na minha terra que diz: “Quem calça o sapato é que sabe onde ele aperta”.
Cristo calçou o sapato da natureza humana. Por isso ele conhece as nossas dores.
Cristo sentiu tudo o que você sente. Por isso pode resolver os seus problemas.

IV – CRISTO É O REFÚGIO CONTRA O JUÍZO VINDOURO.

Uma das doutrinas básicas das Escrituras é a doutrina do juízo de Deus.
Satanás que durante toda a vida tem trabalhado para destruir, um dia será finalmente aniquilado. Porém é triste dizer que muita gente vai ser destruído ao lado dele.
Porque deram ouvidos aos seus ensinos. Obedeceram ao seu mandado. Esqueceram-se do Refúgio Seguro - Jesus Cristo.

Mas se estivermos ao lado de Cristo o fogo devorador não nos destruirá.

Ilustração: Uma mata pegando fogo. O fogo já passou neste lugar.

Em alguns lugares, é comum as matas pegarem fogo, destruindo tudo. Muitas vezes as pessoas estão dentro da mata e precisam se salvar. Se você estivesse dentro de uma mata e esta começasse a pegar fogo o que tentaria fazer para se salvar? Apagar o fogo? Correr? Gritar por socorro? Nada disso iria resolver. Dizem os entendidos que só existe uma solução: começar a tocar fogo. Quando o fogo destruidor chegar, o fogo já passou por aquele lugar. E ali será o seu abrigo

Aplicação homilética: Em breve este mundo será devorado pelo fogo. Somente os que estão abrigados em Cristo estarão em um lugar seguro.

Experiência: Félix de Nola.

Félix de Nola foi um cristão genuíno que viveu no III século da era cristã. Foi grandemente perseguido por causa de sua fé. Abandonou a cidade e fugiu para os lugares solitários. Abrigou-se numa caverna para não ser morto pelos seus algozes. Foi procurado por todos os lados, mas não encontrado. Ali, sozinho, viu uma aranha que tecia a sua teia na boca da caverna. Horas mais tarde os seus algozes chegaram até a boca da caverna. Um quis entrar. Um outro disse: “Aí ele não está. Existe teia de aranha. Se estivesse entrado aí, teria destruído essa teia de aranha”. Foram embora sem molestá-lo. Ao sair da caverna, onde estava refugiado, declarou a sua frase célebre: “Quando temos Cristo como refúgio até uma teia de aranha serve de muralha”.

Conclusão:

Assim como corremos de uma chuva para um abrigo, precisamos correr para Cristo - o abrigo seguro.

Em Israel havia as Cidades de Refúgio. O criminoso que conseguisse chegar até a Cidade de Refúgio estaria seguro.
É um exemplo de Cristo. Se chegarmos até Ele, estaremos seguros.

As tempestades deste mundo são muitas, mas se estivermos ao lado de Cristo, estaremos tranquilos.

- Pois Cristo é um refúgio para uma consciência culpada.
- Cristo é um refúgio contra Satanás
- Cristo é um refúgio contra as tentações.
- Cristo é um refúgio para o juízo porvir.

Apelo:

Não quer você se refugiar em Cristo?
Você deseja se refugiar na Rocha Eterna para ter uma vida feliz?

Há um hino no Hinário Adventista intitulado “Refúgio em Temporal” (377), que diz:

Eterna rocha é meu Jesus,
Refúgio sempre em temporal.
A confiança nEle pus,
Refúgio sempre em temporal

Rocha eterna, nossa proteção.
Nosso abrigo, nosso Salvador,
Sempre certo na tribulação,
Presente sempre em nossa dor.


Hinos sugeridos: H.A., 377, 352


Pr. Emmanuel de Jesus Saraiva
Natural de São Luís – Ma. Formado em Teologia, Pedagogia e Letras. Autor de dois livros: “Memórias da África” e “A História do Adventismo no Maranhão”. Trabalhou como pastor em várias igrejas no Maranhão, dentre as quais a Igreja Central de São Luís. Foi departamental de Jovens e Educação nas Missões Costa Norte, Central Amazonas e Nordeste e diretor do Educandário Nordestino Adventista – ENA. Por seis anos foi missionário na África, como diretor do Seminário Adventista de Moçambique, onde lecionou várias disciplinas teológicas, dentre as quais Homilética e Oratória. Casado com a professora aposentada Nilde Fournier Saraiva. Tem duas filhas: Raquel e Léia. Trabalhou como pastor por 35 anos. Hoje, jubilado, mora em São Luís – Ma.

Comentários

  1. Os sermões do Pastor Saraiva sempre são uma inspiração para todos. Meu amigo particular, aprecio muito a palavra do Senhor através de seus sermões.

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