SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

Papa: não existe contraste entre evolução e criação

O papa Bento XVI recebeu em audiência os participantes na assembléia plenária da Academia pontifícia das Ciências. No discurso que lhes dirigiu salientou que a verdade científica em si mesma é uma forma de participação da verdade divina. A ciência assim entendida – acrescentou – pode ajudar a filosofia e a teologia a compreender também melhor a pessoa humana e a revelação de Deus acerca do homem, uma revelação que é completa e perfeita em Jesus Cristo. A natureza – disse o Papa – é um livro cuja historia, cuja evolução, cuja escritura e significado nós lemos segundo os diferentes contatos das ciências, mantendo ao mesmo tempo firme o pressuposto da presença fundante do autor que se quis revelar na natureza.

Bento XVI fez referência no seu discurso ao evolucionismo, atacado nos Estados Unidos da parte de muitos intelectuais cristãos, que a ele contrapõem a teoria do design inteligente, segundo o qual a simples evolução não é suficiente para explicar a complexidade do Universo, que pelo contrário deve pressupor um criador infinitamente inteligente e sapiente.

O Papa não fez referência a essa tensão considerando no seu discurso a evolução como um fato. Mas deu amplo realce à importância do emergir da idéia de criação no pensamento cristão e no nascimento da própria ciência.

(Rádio Vaticano)

Nota: Numa reportagem publicada no G1, o papa afirma que “não há oposição entre o entendimento pela fé e a prova da ciência empírica”. E diz mais: “Galileu viu a natureza como um livro cujo autor é Deus.” Agora é fácil referir-se a Galileu. Mas é bom lembrar que no século 17 a Igreja Católica acusou o astrônomo de heresia por insistir que a terra girava em torno do sol (mesmo se retratando, Galileu teve que viver em prisão domiciliar pelo resto da vida). Somente em 1992, o papa João Paulo II concedeu perdão ao “herege”! O papado não estaria mais uma vez cometendo um erro histórico ao se aliar a uma teoria que vem sendo contestada por cientistas? No passado, por esposar o dogma aristotélico (e anticientífico) do geocentrismo, o papado cometeu injustiças e levou pessoas à morte e à prisão. Segundo o G1, “A Igreja Católica ensina a ‘evolução teísta’, que reconhece a evolução como teoria científica. Adeptos da doutrina acreditam que não há razão para Deus não usar um processo evolutivo na formação das espécies humanas”. Outro erro histórico? Uma coisa é afirmar que não existem contradições entre a ciência empírica e a fé (e isso é verdade). Outra é dizer que a visão darwinista materialista, fundada no naturalismo filosófico, pode ser harmonizada com a fé. É como água e óleo, mas o papa parece não perceber isso, mesmo com toda a sua erudição.

O problema é de interpretação e de pressupostos. A Igreja Católica adota a visão liberal que considera os primeiros capítulos da Bíblia como sendo alegóricos e não históricos. Discordo do papa neste ponto (como também discordo da posição dele em relação aos dogmas antibíblicos do inferno, da imortalidade da alma, do perdão concedido por seres humanos aos arrependidos, da transubstanciação, da intercessão dos santos mortos, e por aí vai). Ainda que se considerassem alegóricos os primeiros capítulos de Gênesis, tentar fundir a teoria da evolução com a visão criacionista geraria um híbrido disforme (descubra por que aqui). O papa tenta a via mais fácil e conciliatória quando afirma que o darwinismo é “fato”, sem aprofundar a discussão em torno do que é fato e do que é ficção na teoria (mas o que esperar de sistemas antibíblicos e anticientíficos? Confusão total...). Dizer que o ser humano evoluiu dos primatas e a certa altura recebeu de Deus uma “alma” é forçar demais a teologia e a ciência.

Detalhe: a matéria dá conta do encontro do papa com o famoso cosmólogo britânico Stephen Hawking, que disse: “Eu acredito que o Universo é governado por leis da ciência. Essas podem ser decretadas por Deus, mas Deus não intervém para quebrar as leis.” Dawkins (que não foi convidado para o encontro com papa) deve ter tido um ataque. [MB]

Leia também: “O pequeno diálogo de B16 e Hawking: o samba do crioulo doido metafísico”


MICHELSON BORGES
É jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e membro da Sociedade Criacionista Brasileira . É editor na Casa Publicadora Brasileira e autor dos livros /A História da Vida / e /Por Que Creio / (sobre criacionismo), /Nos Bastidores da Mídia / e da Série Grandes Impérios e Civilizações, composta de seis volumes. Casado com Débora Tatiane, tem duas filhas.
Editor do Blog Criacionismo

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