Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

Índio Quer Apito & Money

Foram-se os tempos da ingenuidade indígena. Com raras exceções, presentes naquelas tribos isoladas da vasta Amazônia (as tais que jogam pedras ou flechas, tentando atingir os aviões quando estes as sobrevoam) ou nalguns esparsos grupos silvícolas dos grotões tupiniquins, os nossos índios sabem o que querem e, em bom português ou nos dialetos locais, fazem valer o seu espírito capitalista.

Na recente disputa pela demarcação das suas terras na Reserva Raposa Serra do Sol, cerca de 1,8 milhão de hectares no Estado de Roraima, e nas imagens também recentes de ocupações e reféns, em poder destes, ficou claro que os nossos índios não mais se contentam com miçangas e outras tapeações do homem branco que vigoravam desde o descobrimento e colonização do Brasil.

Várias reportagens do Jornal Nacional mostraram índios do extremo-norte do país, armados de bordunas arco e flecha, cobrando pedágio dos caminhoneiros que – inapelavelmente – têm que passar pelas estradas federais que margeiam aldeias ou terras indígenas.

Além de pagarem os preços salgados estipulados pelos caciques ou “assessores econômicos” das tribos, os caminhoneiros têm ainda que ficar à mercê dos horários (ta pensando o que, esse negócio de trabalhar dia e noite é coisa de homem branco!) e dar carona para os índios.

Agora, li com muita curiosidade um artigo na Folha de S. Paulo, do último domingo, sobre o ecoturismo em Marsilac e Parelheiros – distritos do extremo sul de São Paulo. Entre os vários atrativos dos passeios, estão: prática da canoagem, trilhas, ver animais exóticos, cachoeiras, mirantes, navegar em uma escuna, nadar em rios despoluídos, visitar culturas de plantas ornamentais e conversar com os índios.

Sim. Isso mesmo, em Parelheiros há duas aldeias indígenas: Krukutu e Tenonde Porá; cada uma delas ocupa uma área de 25 hectares. Na maior delas, Tenonde Porá, vivem 800 índios. A maior parte não fala português. Mesmo os que aprenderam “a língua dos brancos” precisam, antes, aprender o guarani. A meta é preservar a cultura, diz Olívio Zeferino da Silva, ou Olívio Jekupé, escritor e presidente da Associação Guarani Nhe’ê Porá, formada para defender os interesses da aldeia.

E, como defende os interesses tribais! Dançar para o “branco”, cantar para o “branco” e vender artesanato para o “branco”. É o que querem os cerca de 300 índios da aldeia guarani Krukutu. Mas só de vez em quando. “A gente não é igual ao homem branco. A gente não tem intenção de receber ônibus todo dia aqui. O ‘branco’, se deixar, vem todo dia aqui. Para a gente, uma vez por mês já está bom”, diz o sapiente Jekupé.

Isso mesmo! Eles estão certos; que os brancos “venham uma vez por mês” e, de preferência, no início do mês, após receber o pagamento e com a carteira bem recheada. “Paga-se por todos os serviços e produtos que os índios oferecem nas aldeias”, informa a Folha de S. Paulo.

Tudo para os índios é ‘business’: “Sempre vinha turista aqui e pedia para a gente dançar para eles. Já que eles vinham mesmo, resolvemos cobrar. Pelo menos gera renda para a comunidade. E o turismo ajuda um pouco. Pelo menos, é uma maneira de vender nosso artesanato”, afirma Jekupé.

O interessante é que, mesmo sem falar português, os índios adotaram todos os novos signos da modernidade. A aldeia tem site, o cacique tem telefone celular e todos os índios têm acesso à internet. “Os índios aqui mexem com Orkut, com e-mail. É uma maneira de conversar com outros índios”.

Que maravilha, é a autêntica “aldeia global” preconizada pelo filósofo e educador canadense Herbert Marshal McLuhan. Isso me faz lembrar um incidente curioso ocorrido com o escritor e economista Roberto Campos. Ele saía de um encontro internacional com os grandes da área em Salvador. Quando o carro que o conduzia parou na entrada do hotel, um menino o abordou pedindo esmola em inglês.

Nesse momento, o nosso “Bob Fields”, que podia perder o argumento, mas jamais perdia a piada, exclamou estupefato:
- “Meu Deus, dolarizaram o moleque!”

Pois é, globalizaram nossos índios! Sai da vitrola a velha marchinha carnavalesca do “Êêêê... índio quer apito”. E entra no DVD o hit da hora entre os neo-silvícolas: What we indians want is money!


PR. ELIZEU LIRA

Pastor em Uberlândia. Atualmente faz pós-graduação em Ciência da Religião e prepara-se para iniciar o Mestrado em Educação.

É o diretor geral do site IASD em Foco

Comentários

  1. Acho que vou rir por alguns dias.... rsrs...
    Também 500anos já se passaram, é natural e até esperado o surgimento da "aldeia global", os DVDs, o trabalho "reduzido" e o turismo do "apito" e "money".
    Brincadeira a parte, é triste ver a degradante situação das nossas origens.
    Porém, como diria Renato - "Que país é esse?..."

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