SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

QUEM VENCEU NA ABSOLVIÇÃO DE RENAN CALHEIROS

Nome: Elizeu C. Lira Local: Uberlândia : MG : Brasil Curriculum: Jornalista, ex-Redator da Casa Publicadora Brasileira, Tatuí-SP, atualmente faz pós-graduação em Ciência da Religião.


Se o leitor atento à minha coluna deste site percebeu, terminei o último artigo aqui publicado fazendo menção a esta possibilidade e, também, ao fato de que isso, com certeza, não isentaria o zumbi presidente do Senado de ter de encarar o julgamento da história e as implacáveis barras do “Supremo Tribunal Divino”.

Agora, após mais este golpe – creio que fatal – nas esperanças brasileiras de uma mudança de postura e depuração do corpo dos seus representantes políticos, eu pensei logo em escrever sobre os labirintos deste nefasto processo. Queria desvendar os meandros do acordo que livrou Renan Calheiros da “forca”.

Estava decidido a analisar, neste espaço, as maquinações de gente tipo José Sarney que, além de ser escritor e ex-presidente, é supersticioso (por exemplo: só sai pela mesma porta que entrou, para “o seu anjo da guarda não se perder”) e conseguiu a proeza de se eleger senador de um estado, Acre, onde nunca morou e quiçá coloca os pés “imortais” de membro da Academia Brasileira de Letras.

O MoteComo disse, o meu cérebro começou a trabalhar nesta direção enquanto ia para mais uma das mais de 30 noites de conferências públicas na Lagoinha, um dos locais mais barra pesada de Uberlândia. No entanto, ao retornar para casa quase 23h, depois de deixar minha equipe numa das estações de ônibus e ter cumprido ainda outro compromisso, fui assistir à gravação do JN e, para meu espanto, deparei-me com uma frase de Renan Calheiros que, para ele, traduzia o resultado: “Venceu a democracia!”

Será? O prezado leitor concorda com isso e endossa tal declaração? Olha, somos livres para falar o que queremos e, também, para concordar ou não com quem quer que seja. Isso não significa, entretanto, que sejamos livres – ou tenhamos esta capacidade – para apagar o passado ou anular aquilo que tenhamos dito, escrito ou feito.

Pois bem, neste quesito, entra aquela declaração do Renan, em desespero de causa, de que o motivo por que ele estava passando por todo este “martírio” e “calvário” – sim, leitor, sua santidade Renan I comparou-se a Jesus Cristo – eram “os excessos da democracia”. É, isso seria apenas ridículo, se não fosse tão perigoso vindo dos lábios do maior representante do Poder Legislativo.


Quem perdeu
A primeira a perder, na vitória temporária de Calheiros, foi exatamente a democracia – a mesmo que ele invocou após o resultado final da votação. A menos que ela deixe de expressar, a partir de agora, a vontade do povo, o que se viu nesta decisão foi a “coitada” sendo atropelada de todas as formas possíveis e imagináveis para que a absolvição fosse alcançada.

Proibiu-se o uso de celulares e computadores na sessão do Senado. Os microfones foram arrancados da sala. Tudo foi feito no escurinho, na penumbra. O editorial da Folha de S. Paulo desta quinta feira, 13 de setembro de 2007, classifica todas as manobras renanzistas como “procedimentos de sigilo que caberiam melhor numa reunião entre lideranças da contravenção do que em plenário de um dos poderes da República”.

Vale a pena acrescentar um comentário de Clóvis Rossi, em sua coluna: “Quem se esconde de alguém é porque tem vergonha do que faz. Quem se esconde do público que o elegeu e lhe paga o salário é necessariamente um sem-vergonha, para dizer apenas o que é permitido”.

Neste caso, também perdeu o Senado da República que teve literalmente nas mãos a oportunidade de se depurar e melhorar a imagem altamente desgastada perante a opinião pública. Ao invés da limpeza ética, o que se viu foi o chafurdar na lama; fazendo a quarta-feira, 12 de setembro de 2007, entrar para os registros como “um momento vergonhoso na história do Legislativo brasileiro”.

Um dia depois do fatídico 11 de setembro americano, nós vivemos o dia em que, “protegido pelo corporativismo, pela pequenez e pela covardia da maioria de seus pares”, Renan Calheiros conseguiu uma sobrevida para a tortuosa carreira política. Numa biografia marcada pela mentira, dissimulação, contratos “fantasmas”, “bois voadores” e uma “plantação de laranjas”, por trás das suas empresas e concessões de rádio, que daria inveja ao Cutrale e aos maiores plantadores de cítricos da Flórida (EUA).

Perdeu Aloizio Mercadante, uma das estrelas do PT e o senador mais votado nas últimas eleições, que, com o discurso de que “sacrificar Renan faria de Lula o próximo alvo”, conseguiu cabalar uns votinhos decisivos contra a cassação. Além disso, contrariando o que falou em público para justificar a sua abstenção, como se fosse possível justificar o injustificável, o seu voto – entre os seis da omissão criminosa – forjou exatamente a diferença necessária para manter Calheiros no cargo e, de quebra, como presidente da Casa.

Quem venceuNesta decisão em que um grupo de 41 membros do Senado, contando com as seis covardes abstenções, votou favorável ao seu presidente, cumpre-nos alistar aqui alguns dos grandes vencedores.

Venceu um dos governos mais corruptos da história. Governo que surfa na corrupção, em meio ao mar de lama que instaurou neste país, e que trabalhou muito nos bastidores para construir este resultado. Para tanto, colocou em campo sua tropa de choque liderada pelo ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) e pela líder petista no Senado Ideli Salvatti (SC).

Venceu a corrupção que grassa neste país que nem praga, enriquecendo políticos, empreiteiros e lobistas desonestos. Mantendo no posto juízes que negociam sentenças com bicheiros, donos de caça-níqueis e traficantes. Corruptos agentes da lei que, investidos de poder, libertam os criminosos e culpados e colocam nas academias do crime – que são as prisões brasileiras – os indivíduos que cometem pequenos delitos e, não dispondo de recursos para pagar bons advogados, acabam sendo jogados ali junto com bandidos e assassinos contumazes.

Venceu a mentira, o conchavo, o jogo sujo dos bastidores. A promiscuidade entre os poderes Executivo e Legislativo. A prática do “É dando que se recebe”. A política com “p” bem minúsculo que perpetua a desonestidade, a hipocrisia e o deboche para com a população brasileira que paga a segunda mais alta carga tributária do planeta (até estes dias, era a primeira) para manter as regalias de uma classe política em que pontificam indivíduos tais como Renan Calheiros.

Venceu a falta de transparência. A truculência verbal. Ameaças, claras e veladas, que o czar das Alagoas fez a homens públicos de moral inquestionável do quilate dos senadores Jefferson Peres e Pedro Simon. As agressões físicas sofridas por aquele grupo de deputados federais – entre eles Jungman e Gabeira – que haviam conseguido junto ao STF o direito de assistir ao julgamento no Senado.

Moeda de troca?
Não resta dúvida que venceu, também, a ineficiência administrativa do Governo Lula, do qual o Poder Legislativo tornou-se mero apêndice. Venceu o desgoverno que nos “brindou” com o apagão aéreo e, agora, está patrocinando o “espetáculo do apagão da saúde”. Com hospitais quebrados e falidos. Para se ter uma idéia do tamanho da crise, só nos 45 hospitais universitários do país a dívida chega a R$ 450 milhões. Sem reajuste na verba enviada pelo governo há três anos e sem reposição dos quadros de funcionários, muitas dessas instituições começam a paralisar o atendimento à população – que, como sempre, é quem mais sofre com estas crises e apagões no atendimento público.

São filas intermináveis. Multidões de doentes esperando ser atendidos. Médicos em greve. Pessoas morrendo nos corredores dos hospitais. Unidades de transplante desativadas, novos centros cirúrgicos fechados e equipamentos quebrados e, o que é pior, sem nenhuma expectativa de uma data para conserto.

Venceu a impunidade! Em meados de agosto, Paulo Maluf, que foi o deputado federal mais votado por São Paulo nas últimas eleições, foi beneficiado pelo tempo nas acusações que sofre por suposto superfaturamento de obra – o crime foi prescrito (terminou o prazo estabelecido por lei para que ele fosse levado a julgamento).

Curiosamente, nesta mesma época, numa das mais longas audiências de família ocorridas no Fórum de Pinheiros, em SP, com mais de cinco horas de duração, Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf, e a ex-mulher dele, Jaqueline, não conseguiram chegar a um acordo em termos de redução da pensão que Flávio paga a ela. Trata-se da maior importância já concedida na história do país: R$ 217 mil – por mês, montante que muito jogador famoso de futebol não chega a ganhar.

Como perguntar não ofende: Qual seria a razão para, na época do divórcio, Flávio Maluf concordar com um valor astronômico desses a título de pensão alimentícia? Por acaso seria algum segredinho de casamento que ele não gostaria que fosse revelado pela ex-esposa num momento de fúria?

Vamos transferir, agora, esta linha de raciocínio para o affair entre Lula e Renan: O que será que levou o Governo Lula a empenhar-se tanto – na surdina, é claro – pela absolvição de Renan Calheiros? Porventura seriam as ameaças – abertas ou veladas – que o “cadáver político” fazia, ao sentir a tampa do caixão se fechando? Deixo com o sapiente leitor todas as respostas para estas intrigantes perguntas.

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