Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

SALMO 3 – O LIVRAMENTO DOS JUSTOS


Farei no intróito de minhas palavras uma pergunta aos pais que estão presentes, pergunta ousada mas curiosa, que não deve ser respondida senão particularmente. A pergunta é:

Como se sentiria se um de seus filhos procurasse atentar contra sua vida? Se um dos seus rebentos o perseguisse para matá-lo? Que emoções sentiria?

Agora uma pergunta aos jovens: Você teria a coragem de perseguir aquele que lhe deu a vida?

A história que vou lhes contar hoje está relacionada com estas duas perguntas.

Trata-se da história de um pai, cujo filho desejava matá-lo, a fim de que conseguisse riqueza, fama, posição, prestígio, domínio e poder.

O seu filho era o 3º entre 6 outros, mas era o mais belo, formoso de tal modo que a sua formosura se tornou proverbial, a sua fama se tornou célebre em sua terra natal.

No entanto, embora fosse belo externamente, formoso na aparência, não procurou a formosura de caráter. Levantou-se e matou o seu irmão, o primogênito daquela família.

Temendo a ira do pai, foge para outra cidade distante, onde ficou por três anos. Depois disso, voltou à cidade natal, mas com a disposição de não ver o pai. Por 2 anos não viu a face do pai. Logo se reconciliam pai e filho, intervindo outros.

Ao fim de 4 anos, o filho prega uma mentira ao pai, abusando de sua confiança, e sai para uma cidade vizinha a 30 Kms. Lá, o filho reúne todos os seus amigos, reúne uma multidão ignorante do que ia fazer, e se levanta aquele filho rebelde para matar o pai, tirando dele a fortuna, o poder e a vida.

QUEM poderia ser esse jovem tão rebelde? Quem seria esse filho tão ingrato? Tão desumano?

Salmo 3:1-3
Certamente os irmãos já leram o título desse Salmo e podem perceber que nos referimos a Davi e seu filho Absalão.
Para melhor entender este Salmo, necessitamos recordar a história que o motivou. Onde se encontra?

II Sam. 15:2-6
– Absalão furtando o coração do povo de Israel.
– Preparava-se para a conspiração, procurando ser solidário ao povo, interessado em suas necessidades, simpático aos seus sofrimentos e às suas causas.

Versos 7-14
– Uma mentira
– Rebelião, revolta, conspiração
– Notar o verso 12, ú.p.: "... crescia em número o povo que tomava o partido de Absalão."

II Sam. 16:7 e 8
– Simei amaldiçoa a Davi.
– Atira pedras
– Se não foras abandonado . . .

Verso 14 – O LUGAR DO SALMO.
– Descansaram exaustos que estavam.
– Dormiram : Sal. 3:5 – "Deito-me e pego no sono; acordo porque o Senhor me sustenta."
– Lá Davi compôs o Salmo 3.
– Em meio às angústias, aflições, severas provas e maldições, Davi ergue o seu coração a Deus e expressa sua inteira confiança.

VOLTEMOS AO SALMO 3

"Exausto, com a dor e cansaço de sua fuga, ele [Davi] e seus 600 companheiros demoraram-se ao lado do Jordão algumas horas para descansar. Aquele rei destronado, entretanto, despertou com o chamado para fugir imediatamente.

"Nas trevas da noite a passagem daquele rio profundo e torrentoso teve de ser feita por toda aquela multidão de homens, mulheres e crianças; pois bem perto estavam, após eles, as forças do filho traidor." (Educação 164).

Naquela hora da mais negra provação, cantou Davi de sua confiança em Deus.

Salmo 3:1-3

É a  oração de um pai aflito, de um rei destronado.

Este Salmo de Davi dado no Saltério, foi escrito nessas dolorosas circunstâncias quando apressadamente fugia do seu filho rebelde, enquanto atravessava os vaus  do rio Jordão.

O reino estava sendo ameaçado, não de fora para dentro, mas de dentro para fora. A conspiração nasceu de sua própria família: os seus inimigos que pouco a pouco iam crescendo em número e poder, eram os súditos de seu reino.

O Salmo 3 possui 4 estrofes. O salmista Davi se preocupa:
– 1) Com os seus inimigos. Aqui vê a presença do perigo. V. 1, 2
– 2) Com Deus. Ele se lembra da ajuda no passado. V. 3, 4
– 3) Consigo mesmo. Ele tem senso de segurança em meio ao perigo presente devido a que confiava em Deus. V. 5, 6
– 4) Antecipa a vitória que vem com a salvação do Senhor. Ele faz oração por triunfo sobre seus inimigos, e ora por seu povo. V. 7, 8

Seus inimigos, os que antes o serviam, crescem e se arregimentam contra ele.

E o pior é que não somente zombam dele, mas o amaldiçoam, como fez Simei, jogando pedras, e dizendo que Deus o abandonou à sua própria sorte.

Mas Davi não perde sua confiança em Deus:

Aqui está uma grande lição: Podemos nós confiar em Deus quando outros não confiam?
Rudyard Kipling, famoso poeta inglês, escreveu um poema intitulado SE ÉS CAPAZ, e na primeira estrofe ele diz:

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E, para estes no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso.

– Será que você é capaz de manter a sua calma, quando os outros já a perderam e o culpam?
– Pode confiar em si mesmo, quando outros não confiam mais em você?

ELIAS, num momento de fraqueza, sentiu-se sozinho, e fugiu de uma mulher que o ameaçava de morte. Certamente ele não podia confiar em si mesmo e em Deus, quando ninguém confiava nele.

Mas assim como Elias não estava só – havia ainda 7.000 justos que não dobraram seus joelhos a Baal; assim como Davi ainda possuía 600 homens fiéis – podemos saber que nunca estaremos sozinhos. Sempre haverá um remanescente fiel que nos será um conforto, e sobretudo, sempre teremos a Jesus ao nosso lado, mesmo que todos nos abandonem.

Verso 3: "PORÉM . . . "

Há, meus irmãos, sempre um porém quando a alma confia. Há sempre um mas entre o pecador e Deus.
• O homem estava perdido, mas Deus o encontra.
• O homem estava condenado, mas Deus o salvou.
• O homem estava sem esperança e sem Deus, mas Jesus Cristo veio para lhe dar esperança gloriosa, e aproximá-lo de Deus, reconciliando-o.

"MEU ESCUDO"

O escudo nos tempos de Davi era uma peça oblonga ou quadrangular da armadura antiga que resguardava o corpo do guerreiro contra os golpes da lança ou da espada.

O escudo representa nesse contexto uma proteção segura contra os ataques do  inimigo. Hoje precisamos de um escudo. Nossos inimigos querem nos derrotar, mas Deus mesmo é o nosso escudo. Ele nos protege, nos guarda, nos defende.

"ÉS A MINHA GLÓRIA"

O homem foi criado à imagem de Deus, feito semelhante ao Senhor, possuía a glória de Deus, na aparência e no caráter.

Mas diz S. Paulo: "Todos pecaram e carecem" estão destituídos "da glória de Deus." (Rom. 3:23).

Não possuem a glória de Deus, perderam o brilho dessa glória por causa do pecado.

Mas Davi sabe que Deus veio com um plano de restauração: Ele enviou o Seu Filho Jesus para restaurar a glória de Deus no homem.
     "Tu és a minha glória". Tu és a certeza de que um dia serei glorificado. Com efeito, os justos serão glorificados na Segunda Vinda de Jesus.

". . . exaltas a minha cabeça"

(1) Samuel havia ungido a Davi, derramando óleo em sua cabeça, e confirmando o reino de Israel às suas mãos. Assim sua cabeça foi exaltada.
(2)Logo ao receber a coroa de rei, novamente a sua cabeça foi exaltada.

• Mas agora Davi é um rei destronado e despojado de sua coroa. Perseguido e amaldiçoado.
• Ele confia em que Deus o exaltará novamente.

Verso 4: "Clamo ao Senhor"

Davi tinha o costume de orar a Deus.

Não orar casualmente com os pensamentos noutro lugar.

Davi se concentra na oração e "clama ao Senhor".

Meus irmãos, quando é que Davi clamou ao Senhor?

– Na tribulação, na angústia e no aperto dos seus inimigos.
– Seu filho Absalão era um traidor e isso cortava o coração daquele pai amante. Arregimentou uma multidão para esmagar a vida do pai, e agora ele em agonia clama ao Senhor.
– Toda angústia, toda tribulação e aflição de alma apela para clamarmos a Deus.
– Deus é o meu socorro bem presente no dia da angústia.
– A Ele clamaremos nos dias escuros de nossa experiência.

Mas será que Deus nos responderá?

– Se clamarmos a Deus, será que atenderá a nossa súplica, ouvirá o nosso clamor?
– Quando afligidos por uma circunstância, abatidos por uma enfermidade, ou perseguidos por nossos inimigos – será que Deus nos ouvirá?

O que diz o salmista Davi? O que diz a respeito?

– "e Ele do Seu santo monte me responde."
– Com certeza, Ele me responde!

Noutra feita no Salmo 116:1, disse Davi: "Amo o Senhor, porque Ele ouve a minha voz e as minhas súplicas."

– Podemos hoje dizer o mesmo?
– Podemos nós confiar tanto em que Deus nos ouve e atende?

Porém, ONDE está o Senhor para ouvir a nossa voz? De onde Ele nos responde?

– "Do Seu santo monte". Mas onde é isso?
– Sal. 2:6.
– Quem é esse Rei?
– Esta é uma mensagem reconfortante. Temos no Céu um Rei-Sacerdote que ouve a nossa súplica, atende a nossa voz, e responde à nossa oração. Ele está no santuário intercedendo por nós, e misturando nossas orações com a Sua imaculada justiça.
– Podemos estar tranqüilos, confiantes e dormir em paz.

Foi o que ocorreu com Davi.

Verso 5: "Deito-me e pego no sono . . . "

Davi não sofria de insônia.

– Davi sofria a traição do seu filho Absalão.
– Davi sofria o abandono dos seus súditos.
– Davi sofrera a morte de Amnon, seu filho.
– Davi sofrera a vergonha de uma filha estuprada pelo irmão.
– Davi sofrera a angústia de ver seus filhos perdidos no mundo.

Mas Davi não sofria de insônia.
    
Você se preocupa quando não pode dormir bem? Então talvez lhe interesse saber que Samuel Untermeyer – o famoso advogado internacional – nunca teve uma noite completa de sono em toda a sua vida. Sempre sofreu de asma e insônia.

Lembre-se que a falta de sono jamais matou a alguém. As preocupações causadas pela insônia são, habitualmente, mais prejudiciais do que a própria insônia.

Mas se você quiser um remédio:

1)Levante-se e trabalhe ou leia até sentir sono – como fazia Samuel Untermeyer.
2)Ou como fazia Davi: Ore a Deus, clame ao Senhor, e descanse nas suas promessas.
3)Ou como fazia Jeanette Mac Donald – repita e recite o Salmo 23.

"ACORDO" – vejam a razão – "porque o Senhor me sustenta."
    
Um dia um pastor reunido à mesa de manhã com outros pastores para agradecer o alimento, entre outras coisas, o pastor na oração disse: "Senhor, obrigado porque acordamos."

Aqui está um belo motivo para agradecer a Deus: porque acordamos.

Hoje pela manhã, ao invés de sermos acordados, poderíamos continuar dormindo, e dormindo e dormindo, e mesmo que estivéssemos vivos, poderíamos não acordar, indefinidamente.

Já ouviram falar na doença do sono? Um mosquito chamado "tsé-tsé" pica a pele, e transmite essa doença, e a pessoa fica com sono e dorme indefinidamente, até morrer.

Mas Davi diz: "Acordo porque o Senhor me sustenta."

O mesmo Deus que vela quando dormimos é Aquele que nos acorda. Dependemos de Deus tanto para dormir, como para acordar. "Pois nEle vivemos, e nos movemos e existimos". "Ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais." (Atos 17:28 e 25);

Verso 6: ". . . medo"

Davi confiava seguramente em Deus, e portanto não tinha motivos para temer. "Não tenho medo". Ainda que milhares dos seus inimigos o ameaçassem de todos os lados, não tinha medo.

Houve no passado um situação semelhante com o povo de Israel.

– À sua frente estava o Mar Vermelho.
– À direita e à esquerda, de ambos os lados, estavam as montanhas próximas ao mar.
– E atrás deles, vinham os exércitos egípcios.

Era uma situação aflitiva, os seus inimigos certamente haveriam de pegá-los. Estavam encurralados. E Deus disse a Moisés: "Por que clamas a Mim? Diga ao povo que marche!" E eles marcharam, e o mar se abriu para que passassem.

Quando Deus está conosco, não há circunstância difícil.

Verso 7: "Levanta-te. . . " "Salva-me".

Esta é a oração mais curta da Bíblia. Nos Evangelhos temos também alguém que a proferiu.

Pedro, andando sobre o mar, sentiu-se envaidecido, mas reparou na força do vento, e ei-lo a submergir. Então disse a Jesus:
"Salva-me, Senhor."

– Esta é a oração mais prontamente atendida. Ele sempre nos salva, quando nós pedimos com fé.
– Que fez Jesus a Pedro? Que fez Deus a Davi? Salvação em ambos os casos.
– Que fará Deus conosco? A certeza da salvação.

"pois feres. . .  "

– Quando Deus feriu os inimigos de Davi?
– Quando Davi imaginava que Absalão estava próximo, Deus liquidou com os seus inimigos.

E Davi cantou a salvação e a vitória no verso 8.

Lemos no Novo Testamento uma passagem idêntica ao verso 7, onde Deus feriu os inimigos de Davi. Lemos em:

II Tess. 2:8

Os ímpios, os inimigos de Deus serão eliminados, seus dentes quebrados, como disse o salmista. Isso ocorreu no tempo de Davi, e por extensão e mais completamente na Vinda de Jesus.

Agora voltemos a uma questão: Você tem inimigos?

"– Amigo pregador, o Salmo é bonito e dá certo com Davi, mas eu não tenho inimigos."

– Será mesmo que você não tem inimigos?
– Então leia Atos 20:19, 20.

Quem eram os inimigos de Davi? Donde surgiram?

• Da sua própria família, e do seu próprio reino.

Quais serão os inimigos do povo de Deus nos últimos dias? Que diz Paulo?

Nos dias de Paulo já estava em processo o homem da iniqüidade, o filho da perdição. A apostasia estava surgindo dentro da própria igreja, e finalmente tornou-se perseguidora da Igreja e ainda vive, e só será destruída quando o Senhor Jesus voltar.

Diz a Sra. White que os inimigos do povo de Deus virão de dentro da própria Igreja que leva o Seu nome. Os piores inimigos ainda estão assentados nos bancos das igrejas adventistas.

Eles haverão de delatar os lugares de refúgio do povo, delatar os esconderijos daqueles que guardam os mandamentos de Deus.

Naquele tempo de angústia e perseguição, quem será o rei? Davi era o rei no seu tempo. Mas no fim, quem será rei?

Todos os justos serão reis destronados, despojados de sua coroa, humilhados. Diz o apóstolo João: "E nos constituiu reino e sacerdócio" (Apoc. 1:6). Cada um dos justos será rei, mas abatido, em perseguição.

Mas quando o povo de Deus estiver no seu maior aperto, quando os seus inimigos estiverem quase a esmagá-los, durante aquele terrível tempo de angústia, à semelhança de Davi e os seus 600 homens, quando na maior aflição, virá o livramento dos justos.

Do Céu se manifestará a glória do nosso grande Deus, trazendo salvação a todos os justos, e destruição aos ímpios. Naquele dia Jesus virá trazendo-nos a vitória, e exaltará nossas cabeças dando-nos a coroa de vitória.

Quando o Senhor Jesus voltar, estaremos nós entre os Seus ou entre os Seus inimigos?

• Engrossaremos as fileiras numerosas dos inimigos de Deus ou estaremos nós entre os exércitos do Senhor, arregimentados pelos exércitos do Céu?


PR. ROBERTO BIAGINI
Teólogo, Mestre em Teologia. Realizou vários cursos de Extensão Teológica da Andrews University e do Centro de Educação Contínua da DSA. Trabalhou como distrital de várias igrejas do centro, norte e sul do país. É casado com a Profª. Silvane Luckow Biagini, e tem dois filhos, Ângela e Roberto.

Comentários