Talvez um dos maiores equívocos em que incorrem as pessoas é confundir amar com fazer.
Muitos pais oferecem como prova do amor por seus filhos uma coleção de coisas que por eles fizeram ou que por eles deixaram de fazer.
Assim, é muito comum vermos mães dizendo para um filho adolescente:
" - Viu como sua mãe ama você? Corri o dia inteiro por sua causa! Fiz seu lanche, comprei a roupa que você queria, lavei suas meias, passei suas camisas, fiz aquele bolo que você tanto gosta. E você nem reconhece, nem liga! Faço tudo isso porque amo você!"
Todo o serviço é louvável e é claro que prova o amor dos pais a seus filhos. Mas, o que o filho realmente deseja, é afeto expresso na atenção, no ouvir, no conversar com franqueza, no levar a sério as opiniões, enfim, no ser tratado como alguém que merece consideração e respeito. Os serviços cheios de amor devem ser complementos do afeto.
Pais que “fazem”, mas não "são", sentem-se frustrados ao saber que os filhos não têm consideração pelos seus esforços. Não é um pai-fazer, uma mãe-fazer que um filho quer. Ele quer um pai que converse com ele, que o ouça, que tenha um pouco de tempo, mas que esse tempo seja totalmente dedicado a ele, filho. Os filhos e filhas compreendem muito facilmente as dificuldades que os pais têm com relação a tempo, trabalho, condição financeira, desde que tenham afeto, sintam-se queridos, e não apenas chamados de “queridos” e ignorados o tempo todo.
Esta sociedade de consumo, do “fazer” ao invés do “ser”, “coisificou” o amor.
A mesma verdade ser aplica ao relacionamento marido-mulher e mulher-marido. Amar o marido é ser para ele uma pessoa que some, que agregue, que discuta, opine, decida junto. Da mesma maneira o marido. De nada adianta suprir a casa com dinheiro e bens materiais abundantes ou "cobrir a esposa de presentes" se ele não for para a mulher, um ser que some, que agregue, que com ela discuta, que a ouça, que valorize os seus problemas e que tenha por ela todo o respeito, no melhor sentido do termo. De nada adianta fingir que considera a mulher, se de fato a trata com um ser inferior. É comum ouvir maridos referirem-se às suas esposas dizendo: "- Coitada, ela não entende muito bem essas coisas...". Ora, quem se refere dessa forma à sua esposa, não pode considerá-la a ponto de amá-la e querer fazê-la feliz.
E o "amar não é fazer" vale também para os filhos em relação aos pais. Não basta cuidar da saúde dos pais velhos e inscrevê-los num plano de saúde. Não basta dar dinheiro aos pais idosos. É preciso “ser” para os pais, visitá-los, conversar com eles, respeitar e reconhecer pelo "ser" e não pelo "fazer", o valor, a sabedoria, a experiência e as próprias limitações dos pais. Amar dar afeto sincero. Amar é “ser” e não “fazer”.
Pense nisso. Sucesso!
PROF. LUIZ MARINS
Antropólogo. Estudou Antropologia na Austrália (Macquarie
University/School of Behavioural Sciences) sob a orientação do renomado
antropólogo indiano Prof. Dr. Chandra Jayawardena e na
Universidade de São Paulo (USP), sob a orientação da Profa.Dra.
Thekla Hartmann;
- Licenciado em História (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Sorocaba); estudou Direito (Faculdade de Direito de Sorocaba);
Ciência Política (Universidade de Brasília - UnB); Negociação
(New York University, NY, USA); Planejamento e Marketing
(Wharton School, Pennsylvannia, USA); Antropologia Econômica e
Macroeconomia (Curso especial da London School of Economics em
New South Wales) e outros cursos em universidades no Brasil e
no exterior.
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