Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

XXVI - A MENSAGEM DO SEGUNDO ANJO - Apocalipse 14:8

"E outro anjo seguiu, dizendo: Caiu! Caiu Babilônia, aquela grande cidade que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição!" (Apoc. 14:8).

Este anjo "seguiu" o primeiro, não no sentido de substituí-lo, mas sim no sentido de acompanhá-lo (como em Apoc. 14:4). A mensagem adicional menciona a "Babilônia" pela primeira vez em Apocalipse, e a descreve como a grande adúltera que seduziu as nações com seu vinho intoxicante. A mensagem do segundo anjo não pode entender-se adequadamente se se isola Apocalipse 14 do contexto que lhe seguir nos capítulos 16 a 18, nos quais é dada mais informação a respeito de Babilônia.

O outro enfoque para entender "Babilônia" é recuperar suas conexões com o Antigo Testamento. O nome "Babilônia" está escolhido de maneira intencional para revelar a relação teológica de tipo e antítipo com o arquiinimigo de Israel durante o velho pacto. A queda histórica do império neobabilônico, tal como Isaías, Daniel e Jeremias a predisseram, está decretado que seja o protótipo da queda de Babilônia do tempo do fim. Esta correspondência tipológica esclarece a interpretação da Babilônia do tempo do fim e de sua queda. Quando se estabeleceu a continuidade dos fundamentos teológicos de ambas as Babilônias, o Apocalipse proporciona a aplicação para o tempo do fim. Apocalipse 17 chama babilônia de "mistério" (V. 5), o que indica que a Babilônia do tempo do fim é a renovação apocalíptica da antiga cidade que se sentava sobre as "muitas águas" do Eufrates (Jer. 51:13). Uma comparação minuciosa revela a correspondência intencional:


BABILÔNIA DO TEMPO DO FIM: Apocalipse 17:1
BABILÔNIA HISTÓRICA:
Jeremias 51:13
"Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas".
"Ó tu que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros! Chegou o teu fim, a medida da tua avareza".

Esta correspondência essencial das duas Babilônias está descrito pelo CBA nesta forma:
"A antiga cidade de Babilônia estava situada junto às águas do rio Eufrates (ver com. Jer. 50:12, 38), morava simbolicamente 'entre muitas águas' ou povos (Jer. 51:12, 13; cf. Isa. 8:7, 8; 14:6; Jer. 50:23), assim também a Babilônia moderna é apresentada sentada ou vivendo sobre os povos da terra, ou oprimindo-os (cf. com. Apoc. 16:12)".1

A frase "Babilônia a Grande" (mencionada 5 vezes: 14:8; 16:19; 17:5; 18:2, 21) é uma alusão direta à egolatria de Nabucodonosor em Daniel 4:30 (ver também Apoc. 18:7). As frases a respeito da queda de Babilônia e de seu vinho intoxicante em Apocalipse 14:8 estão tomadas dos oráculos de condenação do Antigo Testamento contra Babilônia (Isa. 21:9; Jer. 51:7):


A QUEDA DA BABILÔNIA DO TEMPO DO FIM
A QUEDA DA BABILÔNIA HISTÓRICA
"Caiu, caiu a grande Babilônia 
"Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens de escultura dos seus deuses jazem despedaçadas por terra" (Isa. 21:9).
que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição" (Apoc. 14:8).
"A Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso, enlouqueceram" (Jer. 51:7).

Assim como a antiga Babilônia foi a perseguidora de Israel, assim também "Babilônia" no Apocalipse é a perseguidora do Israel de Deus no tempo do fim. Louis F. Were recalcou o caráter teológico de Babilônia: "Menciona-se Babilônia nas profecias do Apocalipse só devido a sua oposição à Jerusalém".2 Também A. Farrar comentou de maneira similar: "Babilônia é a paródia de Jerusalém".3

O contraste entre "Israel" e "Babilônia" que se descreve como duas mulheres, chega a ser ainda mais surpreendente quando se presta atenção a suas descrições detalhadas. Enquanto que a mulher de Deus no capítulo 12 aparece "no céu" iluminada com o sol e as estrelas, a mulher infiel do capítulo 17, adornada com as invenções do homem, "está sentada sobre muitas águas" e "sobre uma besta escarlate" (Apoc. 17:1-3). Enquanto que a mulher do capítulo 12 leva um menino em seu seio a quem vai dar a luz, a mulher do capítulo 17 tem em sua mão um cálice cheio do sangue dos descendentes da outra mulher. A primeira mulher é protegida; a segunda pe destruída.

Não pode identificar-se Babilônia com Roma imperial. A grande "meretriz" que se senta "sobre uma besta escarlate" (Apoc. 17:3) é um símbolo que distingue Babilônia (a mulher) do poder político (a "besta"). Desde o começo, a característica essencial de Babel (literalmente, "porta dos deuses") foi elevar-se aos céus para usurpar o lugar e o poder soberano de Deus (ver Gên. 11:4; Isa. 14:13, 14; Jer. 51:53).

A intenção básica de Babilônia de representar a Deus sobre a terra segundo "sua vontade" (Dan. 11:36) é o mal mais fundamental. Esta aspiração demoníaca se enfatiza na profecia do "chifre pequeno" do profeta Daniel (caps. 7 e 8) e do "rei do norte" (11:36-45). O objetivo perigoso de substituir tanto a Deus como a sua redenção messiânica fica desmascarado na guerra que faz o chifre contra o "Príncipe dos príncipes", o verdadeiro Sumo Sacerdote de Deus, e contra seu sacrifício todo suficiente (8:11, 25). Doukhan captou esta relação de Babilônia com o livro de Daniel com uma percepção aguda. Diz Doukhan:

"A ambição de Babel é idêntica à do chifre pequeno. Tem uma natureza religiosa e está dirigida à posição do Sumo Sacerdote em relação com a purificação e o juízo. Dessa maneira, luta por conseguir tanto o poder para perdoar pecados como o fim último para decidir a respeito da salvação (ver Lev. 16:19, 32)".4

O segundo anjo anuncia que Deus julgou a Babilônia e suas reivindicações religiosas de representar a Deus na terra. A queda repentina de Babilônia é o veredicto judicial de Deus. Sua proclamação tenta admoestar os seguidores da besta e os adoradores de sua imagem para saírem de Babilônia. Isto se repete na mensagem do anjo de Apocalipse 18:1-5. Babilônia deve definir-se teologicamente por sua oposição a Israel, o verdadeiro povo de Deus, o que dá a entender que a mensagem do primeiro anjo é o que dá origem ao Israel do tempo do fim (14:6, 7). As mensagens proféticas de Apocalipse 14 antecipam um conflito renovado entre "Israel" e "Babilônia" para o tempo do fim, com o entendimento básico de que tanto os adoradores verdadeiros como os falsos são identificados teologicamente por sua relação com o evangelho eterno.

O cativeiro de Israel levada a cabo pela Babilônia da antiguidade, a repentina queda de Babilônia seguida pelo êxodo do Israel de Babilônia e sua volta a Sião para restaurar a verdadeira adoração em um templo novo, tudo isto será repetido em princípio em uma escala universal. No tempo do fim Deus chamará a seu povo que está disperso em Babilônia:
"Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela." (Apoc. 18:4, 5).

Esta chamada é a iniciativa de Deus para restaurar sua igreja remanescente, o povo mencionado em Apocalipse 12:17 e 14:12. Os verdadeiros adoradores devem abandonar "Babilônia", a igreja infiel que usa os "reis" ou poderes políticos para perseguir os "testemunhas de Jesus" (ver Apoc. 17:3-6; 18:24). Os santos devem fugir de Babilônia antes que chegue a hora de sua destruição, quer dizer, antes que o juízo de Deus asseste um golpe a todos os que tenham a marca da besta (16:1, 2). Esta chamada a "fugir" de Babilônia é paralela com o conselho anterior que Jesus deu a seus discípulos a "fugir" da cidade condenada de Jerusalém (Mat. 24:15, 16). A Babilônia a iguala explicitamente com a adoração idólatra no fim da era da igreja (ver Apoc. 16:1, 2, 19; 18:4, 8). A destruição de Babilônia se descreve como um juízo retributivo, por causa de seu crime de perseguir e executar os santos de Deus:

"Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus contra ela julgou a vossa causa" (Apoc. 18:20).
"Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus, porquanto verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande meretriz que corrompia a terra com a sua prostituição e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos" (Apoc. 19:1, 2).
O anúncio profético do segundo anjo, "Caiu, Babilônia, a grande cidade" (Apoc. 14:8), está tomado da profecia de Isaías contra a antiga Babilônia:

"Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens de escultura dos seus deuses jazem despedaçadas por terra" (Isa. 21:9).
A queda de Babilônia foi o juízo de Deus por sua usurpação da soberania divina e a perseguição cruel do povo do pacto (ver Isa. 14:12-15; 13:11, 19; 14:3). As profecias de condenação de Isaías foram ampliadas pelo profeta Jeremias, quem declarou os cargos legais de Deus contra Babilônia (Jer. 50, 51).

Isaías e Jeremias predisseram a queda de Babilônia como uma verdade profética. Entretanto, seu anúncio do veredicto de Deus chegou a ser a verdade presente para Israel no cativeiro. De igual maneira Daniel explicou a escritura na parede do palácio de Babilônia: "TEKEL: Pesado foste na balança e achado em falta" (Dan. 5:27). Este veredicto judicial foi uma realidade presente para Daniel e para Babilônia! O profeta experimentou o que tinha anunciado: o desaparecimento de Babilônia (v. 30; ver 2:38, 39).

O veredicto de Deus no céu foi a causa verdadeira da queda subseqüente de Babilônia. Jeremias tinha mencionado que a condenação de Babilônia por parte de Deus estava motivada por sua fidelidade ao pacto com Israel, ainda que seu povo também era culpado:
"Porque Israel e Judá não enviuvaram do seu Deus, do Senhor dos Exércitos; mas a terra dos caldeus está cheia de culpas perante o Santo de Israel...

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Os filhos de Israel e os filhos de Judá sofrem opressão juntamente; todos os que os levaram cativos os retêm; recusam deixá-los ir; mas o seu Redentor é forte, Senhor dos Exércitos é o seu nome; certamente, pleiteará a causa deles, para aquietar a terra e inquietar os moradores da Babilônia" (Jer. 51:5; 50:33, 34).

O veredicto de Deus sobre a antiga Babilônia, um ato de sua fidelidade ao pacto, encontra um paralelo na mensagem do tempo do fim de Apocalipse 14:8. João acrescenta à declaração: "Caiu Babilônia", uma chamada profética para escapar à condenação de Babilônia (ver Apoc. 18:4, 5). O período intermediário entre a proclamação e a destruição de Babilônia do tempo do fim é o tempo para que Israel fuja de Babilônia. Desse modo, a história antiga de Israel proporciona a fonte e o antecedente das mensagens do tempo do fim do Apocalipse.

A mensagem cifrada que anuncia que Babilônia a Grande caiu, só será ativado depois que o evangelho apostólico tenha sido reavivado no tempo do fim (Apoc. 14:6). A interação entre as mensagens dos dois primeiros anjos de Apocalipse 14 se estende em forma gradual a todas as nações. Estes anjos traçam a linha de batalha entre Israel e Babilônia. Babilônia é identificada por sua oposição à mensagem do primeiro anjo, quer dizer, por sua oposição tanto ao evangelho eterno como à lei sagrada do Criador.
A queda de Babilônia pode entender-se em dois níveis. Primeiro, como o veredicto judicial pronunciado no céu, e segundo, como sua condenação na história. A Babilônia do tempo do fim falha moralmente quando rechaça o evangelho eterno. Este ato a converterá em "habitação de demônios" (Apoc. 18:2). Nesse momento, seus pecados "chegarão até o céu" e alcançará o limite da graça divina (v. 5; Jer. 51:9). Então o tribunal celestial decidirá o castigo de Babilônia (ver Dan. 7:9-12).
Enquanto que a mensagem do segundo anjo chama a atenção ao veredicto pronunciado no céu com respeito à culpabilidade de Babilônia, ainda se retarda a terminação do tempo de graça. O "vinho" de Babilônia, por meio do qual se intoxicaram todas as nações da terra, refere-se ao que parece aos ensinos doutrinais de Babilônia, com os quais corrompeu o evangelho eterno e os mandamentos de Deus (ver Apoc. 14:12).

É útil considerar por meio de que causa imediata caiu a Babilônia da antiguidade. O rei Belsazar tinha ordenado o uso dos copos sagrados de ouro do templo de Israel para beber vinho em seu banquete imperial (Dan. 5:2, 3, 23). Nesse ato de profanação, os governantes de Babilônia "deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra" (v. 4). Este ato idolátrico de provocação ao Deus de Israel marcou o fim do tempo de graça para Babilônia e trouxe o veredicto de sua condenação (v. 24). O Apocalipse mostra que a Babilônia do tempo do fim tem um cálice de ouro em sua mão, "cheio de abominações e da imundície de sua fornicação" (Apoc. 17:4).

E porque finalmente tem levado "a beber a todas as nações do vinho da fúria da sua prostituição", cairá da graça protetora de Deus (Apoc. 14:8). Quando se bebe esse "vinho", a distinção fundamental entre o Criador e a criação, entre o santo e o profano, chega a ficar impreciso na mente das pessoas. Os adoradores da besta honrarão as criaturas mais que o Criador, o que é a essência da idolatria (ver Rom. 1:25; 1 Tes. 1:9). Em sua confusão a respeito da distinção estabelecida pelo Criador, os homens são levados a confiar em tradições humanas e no poder político para assegurar a paz.

O juízo retributivo das sete últimas pragas ainda é um juízo futuro para Babilônia. A advertência da mensagem do segundo anjo (Apoc. 14:8; 18:1-5) tem sua relevância final para a geração que viva quando descerem as pragas sobre Babilônia (ver Apoc, 18:4, 5). Deste modo, as mensagens dos três anjos estão em um marco explícito do tempo do fim.

Hans K. LaRondelle

Referências

1. 7 CBA 863. Ver também a "nota adicional" sobre Babilônia em 7 CBA 879-882.
2 Were, The Fall of Babylon in Type and Antitype, p. 14.
3 Farrar, A Rebirth of Images, p. 213.
4 Doukhan, Daniel: The Vision of the End, p. 66.

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