Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

XI - A COMPOSIÇÃO LITERÁRIA DO APOCALIPSE

O Apocalipse contém um plano arquitetônico detalhado em sua estrutura literária que até recentemente foi passado por cima. Um erudito moderno declara que "a chave para entender uma obra é sua forma literária".[1] Enquanto que o Apocalipse é apreciado como uma obra de poesia e é considerado como um poema artisticamente engenhoso, João não compôs seu livro por amor à arte. O propósito foi "sublinhar os diferentes aspectos da mensagem teológica do livro".[2] Isto implica que o plano literário é uma parte essencial do ensino de João. Até C. Mervyn Maxwell conclui dizendo que o desenho simétrico do Apocalipse proporciona "uma das chaves mais valiosas para abrir o significado do livro".[3]

A correlação da forma literária e o conteúdo teológico requer que o leitor preste atenção cuidadosa à estrutura do livro. Revela algumas pautas inerentes para interpretar o Apocalipse. O Apocalipse de João está construído de acordo com o modelo de um paralelismo inverso, comparável aos braços correspondentes de um candelabro ou menorá, no qual os braços da parte esquerda são paralelos aos da direita. Este modelo simétrico divide o Apocalipse em duas divisões principais, sugiriendo um tema duplo no livro: a presença continuada de Cristo e sua gloriosa segunda vinda (Apoc. 1:7, 8, 17, 18; 22:12, 13). Conclui Kenneth Strand dizendo que:

"A primeira parte maior do livro (caps. 1-14) trata com a era na qual o Alfa e o Ômega é o protetor e sustentador de seu povo apesar das provas e perseguições que possam surgir em seu caminho. A segunda parte maior do livro, começando com o capítulo 15, trata com os juízos escatológicos que se agrupam e se centram na consumação da era: a segunda vinda de Cristo".[4]

O Apocalipse pode dividir-se de uma maneira diferente se se aplicarem outros pontos de vista que não sejam o do fim do tempo de graça. A gente pode ver as visões do tempo do fim começando já no capítulo 10, com referência à chamada final do céu para ter um povo que pode subsistir firme contra o império anticristiano. Mas é um fato ineludível que o livro está arrumado em duas grandes divisões que se correspondem mutuamente. Vamos vê-lo em cinco aspectos bem marcados:

1. A primeira indicação deste modelo literário é a natureza paralela do prólogo (Apoc. 1:1-8) e do epílogo (22:6-21). Em ambas as seções se fala de um anjo enviado por Deus para mostrar a seus servos "as coisas que devem acontecer logo" (1:1 e 22:6). Ambas as partes contêm a mesma bem-aventurança para os que ouvem a profecia de João (1:3 e 22:7). Além disso, Apocalipse 1:2 explica que o livro contém "a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo", e o epílogo conclui: "Eu Jesus, enviei meu anjo para lhes dar testemunho destas coisas nas igrejas" (22:16). Ambas as seções mencionam o tema dominante da volta de Cristo (1:7 e 22:7, 12, 20). As duas vezes lêem que "o tempo está perto" (1:3 e 22:10). No prólogo, Deus é chamado o Alfa e o Ômega (1:8), enquanto que o epílogo descreve a Cristo como o Alfa e o Ômega (22:13). Além de tudo isto, ambas as seções mencionam o Espírito como parte da Deidade (1:4, 5 e 22:6, 9, 16, 17).

Estas correspondências revelam que o prólogo e o epílogo formam um modelo deliberado de complementos ou paralelos. Esta é a indicação inicial de um paralelismo intencional dentro do Apocalipse.

2. O segundo conjunto de contrapartes surpreendentes se encontra nos capítulos 2, 3, 21 e 22 do livro. As sete cartas que aparecem em Apocalipse 2 e 3 contêm promessas específicas para a igreja militante. Estas promessas retornam em Apocalipse 21 e 22 como sendo cumpridas na visão que João teve da Nova Jerusalém no paraíso restaurado. Por exemplo, Cristo promete a "árvore da vida" no paraíso (2:7), enquanto que Apocalipse 22:2 mostra seu cumprimento. A promessa de "não sofrer dano da segunda morte" (2:11), cumpre-se em Apocalipse 20:6, 14 e 21:4, 8. A promessa de receber a "estrela da manhã" (2:28) aparece em Apocalipse 22:16 como cumprida em Cristo. O "livro da vida" (3:5) reaparece em Apocalipse 21:27 como o livro da vida do Cordeiro. A promessa de chegar a ser "coluna no templo de Deus" com a inscrição dos nomes de Deus e de Cristo e da Nova Jerusalém (3:12), realiza-se em Apocalipse 21:7, 10, 22 e 22:4. A promessa de ter um lugar com Cristo em seu trono (3:21) vê-se cumprida em Apocalipse 20:4 e 22:3-5. Estas promessas à igreja nos capítulos 2 e 3 do livro reaparecem em Apocalipse 21 e 22 como promessas cumpridas na igreja triunfante.

Estas correspondências intencionais mostram que para ter a compreensão total de uma parte se requer a integração de seu contraparte ou complemento. Portanto, as sete cartas de Cristo em Apocalipse 2 e 3 não podem divorciar-se legitimamente do resto do livro. Essas cartas tratam com a igreja militante, enquanto que Apocalipse 21 e 22 nos asseguram de sua chegada a salvo à Nova Jerusalém. Todas as partes da primeira divisão do livro (caps. 1-14) antecipam a segunda visão. Como se mencionou na introdução, há uma progressão sensível de tempo entre as duas divisões principais do Apocalipse.

3. O terceiro paralelismo principal pode observar-se entre as visões do trono de Apocalipse 4 aos 6 e 19 e 20. Ambas as seções começam com um céu aberto no qual 24 anciões e 4 seres viventes adoram a Deus sentado em seu trono (ver 4:1, 4, 9; 5:13, 14; 19:1, 4). Ambas as unidades descrevem a um cavaleiro sobre um cavalo branco; explicam assim reciprocamente o começo e a terminação da missão evangélica (6:2; 19:11), e descrevem graficamente o progresso no tempo, cuja dimensão está descrita com grandiosidade por meio das almas dos mártires nos capítulos 6, 19 e 20.

Durante o quinto selo, João ouve que os mártires clamam: "Até quando, Senhor, santo e verdadeiro, não julgas e vingas nosso sangue nos que moram na terra?" (6:10). Em Apocalipse 19 escuta o canto de vitória: "Aleluia!... porque teus juízos [os de Deus] são verdadeiros e justos... vingou o sangue de seus servos da mão dela [a grande meretriz]" (vs. 1, 2). Apocalipse 20:4 mostra a vindicação dos mártires. Esta é uma evidência adicional da progressão contínua da história da salvação entre Apocalipse 4 a 6 e 19 e 20. A justiça que se solicita em Apocalipse 6 chega a ser a que se outorga em Apocalipse 19 e 20.
4. Pode detectar um quarto paralelismo simétrico nas duas séries que falam de juízo: a seqüência das sete trombetas nos capítulos 8 e 9 mostra correspondências surpreendentes com a seqüência das sete taças (ou pragas) em Apocalipse 16. Ambas as séries proféticas descrevem juízos de Deus e usam símbolos idênticos. Ambas as seções adotam o motivo do êxodo hebreu com suas pragas-juízos que revelam a majestade do Deus de Israel. Entretanto, chega a ser patente que as pragas de Apocalipse 16 são mais intensas e extensas que as pragas das trombetas, que afetam só uma terça parte do mundo.

As taças com as pragas representam os juízos finais de Deus sobre a última geração de um mundo rebelde. Seu cenário é depois que terminou o tempo de graça (Apoc. 15:7, 8). Isto confirma a composição literária do livro no qual as trombetas estão colocadas na parte histórica, enquanto que as taças com as 7 pragas últimas estão estritamente na divisão do juízo final. A progressão clara de tempo que se dá a entender entre os juízos das trombetas e das pragas mostra o caráter misericordioso de Deus, que é "tardio para a ira" (Êxo. 34:6), no aumento gradual da intensidade dos juízos. As trombetas de Apocalipse 8 e 9 formam os tipos de admoestação durante a era cristã, dos juízos sem misericórdia nas últimas pragas de Apocalipse 16, que se derramarão ao fim da história.

5. Finalmente, a visão profética de Apocalipse 12 mostra alguns paralelos chamativos com os últimass sobre Babilônia que aparecem no capítulo 17. Ambas as visões descrevem uma "mulher" simbólica (12:1; 17:1) e uma besta de 7 cabeças e 10 chifres (13:1; 17:3). Uma vez mais notamos o avanço no tempo nestas seqüências proféticas. As "coroas" do dragão mudam das 7 cabeças aos 10 chifres entre Apocalipse 12 e 13. Em Apocalipse 17:10 ouvimos que 5 dos 7 poderes ímpios "caíram, um existe, e o outro ainda não chegou". Desta maneira se declara enfaticamente o desenvolvimento no tempo.

A linha de demarcação entre a era histórica e o juízo apocalíptico pode ver-se no fim de Apocalipse 14. O capítulo 15 começa com o anúncio da terminação da mediação celestial no templo de Deus. Por conseguinte, Apocalipse 1-14 abrange a era cristã por meio de vários ciclos progressivos de seqüências proféticas.

Entender-se-á melhor cada seqüência profética no Apocalipse se se levar em conta seu complemento correspondente na outra divisão do livro. Por exemplo, o significado do misterioso capítulo 17 (com seu juízo sobre a besta com 7 cabeças) pode entender-se adequadamente só na perspectiva do cumprimento gradual de Apocalipse 12 e 13, onde esta besta aparece descrita em seu surgimento histórico e desenvolvimento como o anticristo.

Estes exemplos de correspondência literária entre as duas divisões principais do Apocalipse implicam um princípio inerente de interpretação: Cada unidade profética deve relacionar-se com sua própria divisão e tema teológico, já seja com a era histórica da igreja (Apoc. 1-14) ou com o juízo futuro, depois que tenha terminado o tempo de graça (Apoc. 15-22). A progressão entre as duas divisões nos leva a interpretar as trombetas e os selos como seqüências proféticas que cobrem a história da igreja, enquanto que as pragas se descrevem como juízos específicos do tempo do fim. Podem encontrar-se ocasionalmente algumas exortações morais dentro da divisão onde aparece o juízo (17:9-12; 16:15; 18:1, 4; 20:6; 19:9). Isto coloca ao milênio de Apocalipse 20 na era futura, depois que terminar o tempo de graça (cap. 15).

Entender toda a intenção da profecia e do cumprimento requer uma relação cuidadosa das partes correspondentes em ambas as divisões. Este procedimento segue o plano arquitetônico do Apocalipse. Desse modo, ao vincular a teologia e a composição, o Apocalipse revela a chave para sua compreensão. Portanto, não é válido isolar do arranjo total do livro qualquer versículo ou seção.

Análise Estrutural

Muitos expositores apresentaram um esboço detalhado da estrutura do livro. Dividem o livro em 5, 6 ou 7 séries de visões. Alguns dividem cada uma destas ulteriormente em 7 unidades ou septenários, segundo o exemplo das 7 igrejas, os 7 selos, as 7 trombetas e as 7 pragas. Merril C. Tenney e outros distinguem dentro das séries independentes de Apocalipse 12 a 14, 7 personagens simbólicos (a mulher, o dragão, o menino, Miguel, a besta do mar, a besta da terra, o cordeiro) e dentro de Apocalipse 21 e 22, 7 "coisas novas".

Entretanto, parece melhor concentrar-se no significado dos explícitos septenários que apresenta João das igrejas (caps. 2 e 3), os selos (cap. 6), as trombetas (caps. 8 e 9) e as pragas (cap. 16). Cada série de setes contém uma seqüência completa que lhe é própria. Entretanto, em forma notável, depois do sexto selo, depois da sexta trombeta e depois da sexta praga, há um intervalo especial com uma visão concentrada, que trata de explicar com mais detalhe os eventos precedentes em cada série, com assuntos pastorais para o povo de Deus do tempo do fim.

Maxwell denomina a estes parêntese nas visões: "… cenas de obrigações ou encargos para o tempo do fim, e de segurança".[5] Estes intervalos pastorais pertencem às visões mais significativas e consoladoras de Apocalipse (Apoc. 7; 10, 11; 16:15). Estas passagens do tempo do fim requerem nossa atenção especial.

Os 3 últimos septenários terminam com a dramática vinda de Cristo em juízo (6:12-17) ou com os sinais de sua guerra santa contra os ímpios (11:19; 16:17-21). Estas terminações apocalípticas de cada cadeia indicam que as 3 séries não são 3 seqüências cronológicas, que cada uma segue à outra. Pelo contrário, repetem a mesma seqüência histórica vista sob perspectivas diferentes. Cada vez o septenário seguinte intensifica o foco sobre os eventos finais, como em uma escada em caracol. Isto cria uma urgência cada vez maior no Apocalipse. Como explicou Robert H. Mounce: "Cada nova visão, intensifica a realização do juízo vindouro. Assim como uma tormenta que se arma no mar, cada nova crista da onda conduz a história mais perto de seu destino final".[6] Precisamos reconhecer o estilo literário de recapitulação no Apocalipse. O princípio de repetição e ampliação já está presente nos esboços proféticos de Daniel (Dan. 2, 7, 8, 11 ). Dessa forma, o estilo de recapitulação e intensificação que usa João, adotou-o do estilo literário do livro apocalíptico de Daniel.

Tanto no prólogo (Apoc. 1:2) como no epílogo (22:6), João anuncia que o tema do Apocalipse é: "As coisas que logo devem acontecer". Isto é tomado diretamente do livro de Daniel (Dan. 2:28, 29, 45, nas versões gregas), com a exceção do termo "logo" ou "breve" que agora é acrescentado pelo próprio João. O livro do Daniel também serve como modelo para o tema teológico de João: o grande conflito entre Cristo e sua igreja por um lado, e Satanás e os poderes de seu anticristo pelo outro. Assim como Daniel, a ênfase de João está sobre o resultado do conflito, o juízo universal-cósmico e a ulterior restauração do reino de Deus na terra. Como assinalou George K. Beale, "a idéia de um juízo cósmico, escatológico, não é um tema principal de nenhum dos livros do Antigo Testamento exceto no de Daniel".[7]

Pode-se inferir que o Apocalipse representa o desenvolvimento cristocéntrico das profecias do Daniel. André Feuillet até chamou o Apocalipse "o livro do Daniel do cristianismo".[8] As repetidas alusões a Daniel 2 neste livro, sugerem que o Apocalipse de João tem o propósito de ser a continuação e o desenvolvimento ulterior das profecias de Daniel.

Observamos que os ciclos proféticos dos selos (Apoc. 4-7), das trombetas (caps. 8-11) e das pragas (caps. 15 e 16) rodeiam a parte central do livro, que se encontra nos capítulos 12 a 14. Esta unidade, dentro de si mesmo, descreve o desenvolvimento principal da história da igreja. Começa com o primeiro advento de Cristo durante o Império Romano (12:1-5), continua com a igreja no deserto por 1.260 dias proféticos ou 3 ½ tempos proféticos (12:6, 14) e finaliza com a igreja remanescente do tempo do fim (12:17). Apocalipse 13 desenvolve o tema do anticristo e seu falso profeta. Apocalipse 14 revela o ultimato de Deus para um mundo que está unido em uma rebelião contra Deus. Esta chamada final para a restauração da verdadeira adoração produz um povo de Deus fiel antes que chegue o juízo (ver 14:6-12). Dessa forma, o tema da igreja como a comunidade da salvação nos últimos dias não só se acha no começo e no fim do livro, mas sim também constitui o núcleo do Apocalipse.

Este arranjo literário confirma a convicção de que o Apocalipse não contém simplesmente 7 cartas a 7 igrejas (caps. 2 e 3). Todo o Apocalipse como um tudo indivisível está dirigido como uma carta profética apostólica à igreja universal. Através do arranjo simétrico do livro, João enfatiza que a comunidade cristã é o ponto focal do Apocalipse. Todos os termos e as imagens simbólicas devem relacionar-se com Cristo e com seu povo como o verdadeiro Israel de Deus.

Nos capítulos restantes do livro, João usa o estilo de um paralelismo contrastante entre Babilônia como "a grande meretriz" (17:1) e a Nova Jerusalém como "a esposa do Cordeiro" (21:9), e por essa razão ensina a relação destas duas seções finais (17:1-19:10 e 19:11-22:5). Juntas descrevem dramaticamente o duplo tema de retribuição e recompensa. O fato de que ambas as cenas – a queda de Babilônia e o triunfo da Nova Jerusalém – seja introduzida pelo próprio anjo das pragas (cap. 16; ver 17:1; 21:9), sugere que toda a seção de Apocalipse 17-22 é o desenvolvimento ulterior da dupla colheita do mundo que se apresenta em Apocalipse 14:14-20. Permanecemos admirados ante a engenhosa concepção do Apocalipse de João e o aceitamos como a habilidade artística da inspiração divina. Concordamos com C. Mervyn Maxwell quando afirma que...

"… o Apocalipse é um livro que põe de manifesto uma arte interior inspirada por Deus e escrito com amante e inteligente devoção. Inclusive a forma em que Deus e São João nos fizeram chegar, confirma nossa convicção de que o Senhor se preocupa conosco porque nos ama".[9]

Esboços Simétricos


O esboço mais singelo do Apocalipse que mostra a composição literária de um paralelismo inverso é o seguinte acerto:
A. A igreja militante Caps. 1-3
B. Cristo começa a guerra Caps. 4:1-8:1
C. Chamado de trombeta para arrepender-se Caps. 8:2-11:19
D. Panorama da era cristã Caps. 12-14
C1. Termina o tempo de prova: juízos retributivos Caps. 15 e 16
B1. Cristo termina a guerra Caps. 17-20
A1. A igreja triunfante Caps. 21 e 22
Um esboço mais detalhado da composição literária do Apocalipse é apresentado por Elisabeth Schüssler Fiorenza da seguinte maneira:10
A. Prólogo, 1:1-8
B. A comunidade sob juízo, 1:9-3:22 (7 mensagens)
C. O reino de Deus e de Cristo, 4:1-9:21; 11:14-19 (7 selos e 7 trombetas)
D. A comunidade e seus opressores, 10:1-11:13; 12:1-15:4
A comissão profética, 10:1-11:13
Inimigos da comunidade, 12:1-14:5
Colheitas escatológicas, 14:6-20; 15:2-4.
C1. O juízo de Babilônia / Roma, 15:1, 5-19:10
As sete pragas, 15:5-16:21
Roma e seu poder, 17:1-18
Juízo sobre Roma, 18:1-19:10
B1. O juízo final e a salvação, 19:11-22:9
A1. Epílogo, 22:10-21.


O esboço mais detalhado da estrutura quiástica do Apocalipse é apresentado por Kenneth A. Strand em seu estudo: "The Eight Basic Visions" [As oito visões básicas]. Também coloca Apocalipse 11:19 a 14:20 como a cúpula das visões históricas.11
Em todos os esboços, a mensagem básica do livro se destaca claramente no centro: Apocalipse 12-14 (ampliado pelo parêntese do Apoc. 10 e 11). Esta parte principal do livro enfoca a igreja do Senhor Jesus como a comunidade adoradora durante a era cristã. Dentro desta estrutura, o farol de luz da profecia muda da igreja apostólica à igreja no deserto e finalmente se estende à comunidade remanescente no tempo do fim (caps. 12-14).

Não se pode fazer um estudo responsável pelas profecias do tempo do fim se se divorciarem algumas porções seletas da Escritura de seus contextos inalienáveis. O Apocalipse reiteradamente dirige seu feixe de luz sobre a conclusão dos ciclos proféticos dos selos e das trombetas, de maneira que é necessária a perspectiva de cada ciclo para entender uma visão específica do tempo do fim e sua mensagem de consolo.

Isto é o mais imperioso já que os apóstolos aplicam as profecias do tempo do fim do Antigo Testamento a todo o período entre os adventos de Cristo e não meramente a algum segmento específico da história da salvação. Por exemplo, tanto Pedro como Paulo vêem a profecia do tempo do fim de Joel 2:32 como já em processo de cumprimento na igreja apostólica e em seu alcance missionário mundial do Pentecostes (ver Hech. 2:16-21; Rom. 10:9-13). Mas o Apocalipse de João aplica Joel 2:32 em sua consumação final à última geração dos seguidores de Cristo (ver Apoc. 7 e 14:1-5; 17:12-14; 18:1-4; 19:11-21). Este modelo de cumprimentos do Novo Testamento aponta à dinâmica de um cumprimento progressivo das profecias do Israel do tempo do fim. O Apocalipse constitui a pedra fundamental de todas as revelações proféticas desde Moisés. As dimensões apocalípticas de todos os outros livros da Bíblia encontram sua consumação no Apocalipse de João.

Hans K. LaRondelle

Referências Para a Bibliografia

1. A. Y. Collins, The Apocalypse. New Testament Message, t. 22, p. x.
2. K. A. Strand, "The Eight Basic Visions" [As Oito Visões Básicas],  Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, p. 35.
3. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, 54.
4. Strand, Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, p. 30.
5. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 61.
6. Mounce, The Book of Revelation, p. 46.
7. Beale, The Use of Daniel in Jewish Apocalyptic Literature and in the Revelation of St. John, p. 414.
8. Feuillet, The Apocalypse, p. 65.
9. Maxwell, Apocalipsis: sus revelaciones, p. 62.
10. Schüssler Fiorenza, Apêndice.
11. Strand, "The Eight Basic Visions" [As Oito Visões Básicas],  Simpósio sobre o Apocalipse, t. 1, pp. 36, 37.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

Collins, Adela Y. The Apocalypse. New Testament Message [O Apocalipse. Mensagem do Novo Testamento]. Wilmington, Michael Glazier, 1979.
Feuillet, André The Apocalypse [O Apocalipse] (Staten Island, Nova York: Alvorada House, 1965; da ed. francesa [Paris: Desclée de Brouwer, 1962]).
Maxwell, Mervyn. Apocalipsis: sus revelaciones (Florida, Buenos Aires: Asociación Casa Editora Sudamericana, 1991).
Mounce, Robert H. The Book of Revelation [O livro do Apocalipse]. The New International Commentary on the New Testament [O novo comentário internacional sobre o Novo Testamento]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1977.
Schüssler Fiorenza, Elisabeth. Invitation to the Book of Revelation [Convite ao livro do Apocalipse]. Garden City, Nova York: Doubleday 1986.
Tenney, Merril C. Interpreting Revelation [Interpretando o Apocalipse]. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1973.

Artigos

Beale, George K. "The Influence of Daniel upon the Structure and Theology of John's Apocalypse" [A influência de Daniel sobre a estrutura e a teologia do Apocalipse de João], JETS 27 (1984), pp. 413-423.
Strand, Kenneth A. "The Eight Basic Visions" [As Oito Visões Básicas],  Simpósio sobre o Apocalipse. t. 1, cap. 2.

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