SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

Estrutura Teológica dos Salmos


Básico ao Livro de Salmos é seu plano fundamental de dividir todos os homens em duas categorias contrastantes ou classes: o justo e o ímpio.

Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
    mas o caminho dos ímpios perecerá.
                                                             (Sal. 1:6, VA)

Melhor é o pouco do justo
    do que a riqueza de muitos ímpios;
pois o braço forte dos ímpios será quebrado,
    mas o Senhor sustém os justos.
                                              (Sal. 37:16, 17, NVI)

Para a consciência dos salmistas há apenas dois tipos das pessoas, só dois modos de caminhar, com só dois destinos. Quem são estes "justo" e "ímpio", e como eles são definidos? São eles definidos eticamente, de forma que os poetas do salmo qualificariam como certo tipo de pessoas como moralmente justa ou perfeita, e os outros como moralmente ímpios? É verdade que atributos morais jogam um grande papel na descrição de ambos os grupos. Mas os poetas inspirados atravessam além de todas as características éticas ao apontar à raiz de toda a vida moral ou imoral: a relação da alma com o Senhor, o Deus de Israel.

A relação positiva ou negativa do coração para com Deus determina a qualidade moral de uma alma. A verdadeira ligação com Yahweh, o Deus da aliança, não é o resultado de qualquer virtude moral ou esforço de homem, mas é antes a fonte da moralidade. A ligação vivente da nação escolhida com Deus estava arraigada no chamado gracioso de Deus e na eleição (Deut 9:5-6).


Salvação no Santuário de Israel

A Graça Divina foi oferecida pelo Senhor como uma dádiva diária, ter prazer em um companheirismo contínuo com Ele na adoração do santuário. Não os desejos piedosos ou orações do adorador, mas o ato gracioso de Deus de absolvição por meio da ministração de sangue dos sacerdotes levitas, declarava um crente arrependido como "justo".
Assim o sacerdote fará em favor dele propiciação pelo pecado que cometeu, e ele será perdoado. (Lev 4:35, NVI).

Em contraste fundamental com os cultos pagãos nos quais os deuses eram aplacados na base dos sacrifícios humanos como presentes para um deus irado, o Senhor revelou a Israel que o sangue expiatório recebia sua virtude reconciliadora somente pela palavra de Deus:
Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz propiciação pela vida. (Lev 17:11, NVI).

Aqui se ensina que o homem é salvo ou é reconciliado com Deus pela palavra e ato sacramental do próprio Deus. Este meio único de salvação no serviço do santuário de Israel separou o povo da aliança de todas as religiões pagãs que operavam no princípio de salvação pelas próprias obras do homem. No santuário hebraico os sacerdotes eram ordenados pelo Senhor a declarar ao suplicante arrependido o perdão divino de sua culpabilidade. O ponto crucial da expiação sacerdotal de Israel é a declaração de que Deus agora perdoa o pecador arrependido. Este ato redentivo de Deus põe-se à raiz de todas as exigências éticas de Israel e formavam a condição de seus imperativos morais.

Nem os salmos nem a Torah jamais se basearam na pressuposição de que o israelita sincero poderia viver em obediência à lei de Yahweh sem a expiação, sem a necessidade de perdão (cf. Gên. 8:21; Sal. 14:1-3; 40:7ss.; 143:2; 130:3, 4; 1 Reis 8:46). Pelo contrário, os salmos revelam a carência e necessidade do ininterrupto perdão e mantenedora graça do Senhor.

Quem há que possa discernir as próprias faltas?
    Absolve-me das que me são ocultas.
Também da soberba guarda o teu servo,
    que ela não me domine;
então, serei irrepreensível
    e ficarei livre de grande transgressão.
                                              (Sal. 19:12-13, VA)

Os justos nos salmos são os que primariamente buscam a Deus no Seu Templo, têm fome e sede de Sua justiça, de Sua graça perdoadora e transformadora. Eles amam o Senhor como o Santo, e confiam nEle e Lhe obedecem de todo o coração; em resumo, eles vivem no "temor do SENHOR". Eles manifestam este conhecimento salvador de Deus em um relacionamento social correto, justo, e santo com seus companheiros israelitas (veja Lev 19).

Bem-aventurado o homem
    que não anda no conselho dos ímpios,
não se detém no caminho dos pecadores,
    nem se assenta na roda dos escarnecedores.
Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR,
    e na sua lei medita de dia e de noite.
                                                   (Sal. 1:1-2, RA)

Os ímpios – e estes também são encontrados dentro do povo da aliança (Sal. 1) – são os que basicamente sobrevivem em uma raiz diferente de existência, porque eles carecem deste princípio de amor ao Senhor e à Sua Torah como a motivação de suas ações. Eles são hostis ao Senhor, à Sua aliança, e ao Seu representante teocrático, e revelam isto em uma vida de malfeitoria, violência, arrogância, mentira, lisonja, e conspiração contra o justo.

Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça;
    contigo o mal não pode habitar.
Os arrogantes não são aceitos na tua presença;
    odeias todos os que praticam o mal.
Destróis os mentirosos;
    os assassinos e os traiçoeiros
o Senhor detesta.
                                                      (Sal. 5:4-6, NVI)

Nos lábios deles não há palavra confiável;
    suas mentes só tramam destruição.
Suas gargantas são um túmulo aberto;
    com suas línguas enganam sutilmente.
Condena-os, ó Deus!
    Caiam eles por suas próprias maquinações.
Expulsa-os por causa dos seus muitos crimes,
    pois se rebelaram contra ti.
                                                     (Sal. 5:9.10)

Vejam! Os ímpios preparam os seus arcos;
    colocam as flechas contra as cordas
para das sombras as atirarem
    nos retos de coração.
                                            (Sal. 11:2, NVI)

O ímpio é, porém, caracterizado em última instância não por sua imoralidade, mas por sua irreligiosidade. Ele diz em seu coração, “Não há deus" (Sal. 14:1); quer dizer, ele não conta com Deus e com o Seu julgamento. Em resumo, ele não possui o temor do Senhor, a reverência com tremor e amor íntimo pelo Senhor (Sal. 36:1-4).

Os salmos, na análise final, não pretendem exaltar os atributos éticos somente do justo e do ímpio, importante como sejam; antes, eles exaltam uma moralidade em conexão com a sua fonte e destino final (Sal. 1; 16; 37; 73).

Básico aos salmos, portanto, é o temor do Senhor, o conhecimento salvífico e santificador do Santo (cf. Prov 9:10). Ou, dito diferentemente, a ética social e moral de Israel estava condicionada e era motivada pela experiência redentiva no santuário. A determinação final de quem era justo e quem era ímpio, de vida e morte, era feita pelos sacerdotes de Israel nos serviços do santuário. Aqui o justo recebia a sua segurança de salvação, o dom da justiça ou irrepreensibilidade. Na teologia do santuário não se podia ser em parte justo, em parte ímpio. O perdão sacerdotal declarava o indivíduo penitente perfeitamente justo. Isto não pôde ser sentido ser assim, mas seria aceito por fé somente na declaração autorizada divinamente do sacerdote.

A situação nos salmos não é que os israelitas em si mesmos são justos ou se sentem inocentes. Apenas os que participam de todo o coração na adoração sagrada são "justos" (justificados); os outros ainda estão sem Deus (Sal. 5:5-8; 15). Os justos não são as pessoas que atingiram a perfeição impecável. Eles não são pessoas sem pecado, mas os crentes que, quando caíram em pecado, confessaram o seu pecado em verdadeiro arrependimento e buscaram perdão do Senhor, seu fiel Deus da aliança. Os justos apelam à graça de Deus, quer dizer, ao Seu favor imerecido e Sua aceitação (Sal. 4:1; 9:13; 27:7; 30:10; 31:9).[1]

Os cristãos no Novo Testamento professam ter uma religião ou modo de salvação diferente do que esse revelado no Livro de Salmos? Rejeitou Cristo a Moisés, os Salmos e os Profetas, ou Ele os aceitou todos como um testemunho concernente a Si mesmo, o prometido Rei-Sacerdote messiânico segundo a ordem de Melquisedeque, o que viria como a Consolação de Israel (Sal. 110:4; Lucas 2:25; João 5:39; Lucas 24:27, 44)?

Como o verdadeiro Intérprete, Cristo não fez Moisés e os Salmos obsoletos, mas Ele os confirmou por Seu cumprimento (Rom 15:8). Ele honrou os Salmos dando-lhes um novo e profundo significando em Sua vida e ministério. Cristo deu ao livro de súplicas e louvor de Israel um significado elevado. Por causa de Cristo, os cristãos podem invocar a ajuda e o conforto do Senhor através dos Salmos com nova garantia. Os cristãos podem agradecidamente reconhecer que o amor de Deus pelo pecador e Sua ira contra o pecado foram mais completamente revelados em Cristo. Por meio dEle todos têm agora novo acesso a Deus em Seu santuário divino (veja Heb 10:19-22).

Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade. (Heb 4:15, 16, NVI).

Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. (Heb 7:25, RA).

A Igreja do Novo Testamento não tem basicamente nenhum conceito diferente de pecado, nenhum padrão diferente de justiça que os revelados tão explicitamente na Salmódia de Israel. Em Cristo estas normas são apenas mais intensificadas, como determinado pela vida perfeita de Cristo (Heb 10:28-31). A Igreja do Messias Jesus tem a mesma fonte de força que Israel teve, apenas agora mais poderosa pelo ministério divino de Cristo; a mesma esperança e destino, só agora mais inexpugnável em Cristo!

Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. (Heb 6:19, 20, NVI).

Quanto mais abundantemente, então, deveria o louvor e ação de graças ascender dos corações e línguas de cristãos ao Deus de Israel, por causa de Jesus Cristo, o Senhor!
. . .  enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, (Efés. 5:18-20, RA).

A Resposta de Israel ao Relatório da Criação

A doutrina da criação é fundamental ao Livro de Salmos e central na fé de Israel. Há uma maior confiança possível na narrativa da criação de Gênesis 1 do que a confissão do Salmo 33?
Pois ele falou, e tudo se fez;
    ele ordenou, e tudo surgiu.
Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus,
    e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca.
                                                     (Sal. 33:9, 6, NVI)

Observando o curso consistente do sol de dia e as órbitas majestosas das constelações brilhantes de estrelas à noite, Davi sentia constrangido a cantar:
Os céus declaram a glória de Deus;
    o firmamento proclama a obra das suas mãos.
                                                     (Sal. 19:1, NVI)
Senhor, Senhor nosso,
    como é majestoso o teu nome em toda a terra!
                                                       (Sal. 8:1, NVI)

Tais pensamentos elevados da grandeza de Deus conduzirão a uma afirmação da origem nobre e destino glorioso do homem:
Quando contemplo os teus céus,
    obra dos teus dedos,
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Que é o homem, para que com ele te importes?
    E o filho do homem, para que com ele te preocupes?
Tu o fizeste um pouco menor do que os seres celestiais
    e o coroaste de glória e de honra.
Tu o fizeste dominar sobre as obras das tuas mãos;
    sob os seus pés tudo puseste:
                                                          (Sal. 8:3, 4-6, NVI)

C. H. Bullock argumentou bem, “Negar a existência válida de Deus é o mesmo que negar a própria essência de homem. Você não pode negar a Deus e afirmar o homem, porque Deus o dota de realidade e propósito. O homem não valida a Deus. A criação do homem transmite ao mesmo tempo a estima de Deus por ele".[2]

A fé de Israel em Yahweh como Criador do mundo sublinha todos os louvores por Sua obra como o Redentor e Juiz de todas as nações (Sal. 50; 74; 83; 95). Só o Criador tem poder para salvar e julgar, de forma que "todos os deuses das nações são ídolos" e conseqüentemente inúteis.

Cantem ao Senhor, bendigam o seu nome;
    cada dia proclamem a sua salvação!
                                           (Sal. 96:2, NVI)
Porque o Senhor é grande e digno de todo louvor,
    mais temível do que todos os deuses!
Todos os deuses das nações não passam de ídolos,
mas o Senhor fez os céus.
                                                      (Sal. 96:4, 5, NVI)
Adorem o Senhor no esplendor da sua santidade;
    tremam diante dele todos os habitantes da terra.
                                                        (Sal. 96:9, NVI)

Nos assim chamados "salmos da natureza", os poetas de Israel vêem tudo da natureza à luz da ação e do poder sustentador de Deus. Eles não declaram, como nós fazemos, em cinzenta neutralidade, "chove", "neva", "troveja".

No Salmo 29 é o Deus da glória que troveja e a voz do Senhor que quebra os cedros e cai com flashes de relâmpago. E o Salmo 104 enfatiza o poder sustenedor e envolvimento ativo de Deus nas leis de natureza:
Ele molha as montanhas desde sus câmaras superiores;
    a terra está satisfeita com o fruto de suas obras.
Ele faz crescer pasto para o gado,
    e as plantas para homem cultivar,
    produzindo alimento da terra:
          (Sal. 104:13, 14, New International Version)
Trazes trevas, e cai a noite,
    quando os animais da floresta vagueiam.
                                        (Sal. 104:20, NVI)

Quantas são as tuas obras, Senhor!
    Fizeste todas elas com sabedoria!
    A terra está cheia de seres que criaste.
                                     (Sal. 104:24, NVI)

É esta a visão primitiva – uma visão mundial antiquada? Ou é uma mensagem oportuna para hoje e anuncia que as leis de natureza não são automaticamente auto-suficientes ou operacionais, mas os canais pelos quais Deus constantemente opera para sustentar toda a Sua criação? Estes salmos ensinam ao mesmo tempo que o soberano Deus transcende por sobre Sua criação, contra o panteísmo e o ateísmo, contra o deísmo e o materialismo. Reconhecer esta criação é conhecer-se como um ser responsável, coroado de honra e glória, comissionado para reger a terra em lugar de Deus (Sal. 8). O Novo Testamento desdobra a identidade e caráter deste Criador e Sustentador mais completamente e o Seu plano para restaurar o homem à sua nobre origem e chamado (veja Heb 1:1-3).

A Filosofia de Israel de Sua Própria História

Nos grandes Salmos históricos (77, 78, 105, 106, 107, 136) Israel começou a ver o próprio passado à luz da avaliação de Deus. Pretende-se com tais cânticos recordar a Israel de sua origem milagrosa, do modo como o Senhor Deus conduziu Israel no passado, e reavivar no coração do Seu povo o senso único de missão ao mundo gentio. O resto do Antigo Testamento funciona como o comentário mais rico sobre os Salmos. Israel, em suas lamentações e cânticos de ação de graças, testemunha do vínculo indissolúvel com sua história de salvação.

Súplicas e hinos nunca estiveram desvinculados da realidade de eventos históricos contemporâneos. Portanto, também as subscrições acima de muitos salmos – embora acrescentados mais tarde – devem ser levadas a sério e ser consideradas como o seu contexto primário. H. J. Kraus declara, "Todos estes Salmos [com subscrições] devem ser lidos e entendidos em sua ligação imediata com a história de Israel".[3] Especialmente os salmos "de Davi" precisam ser relacionado aos eventos históricos adequados da vida de Davi, que representou não só em seu reinado a Israel mas acima de tudo o Davi maior, o Rei messiânico de Israel.

Um estudioso oferece a lista seguinte de reconstruções históricas derivada de algum subscrições:
O Salmo 30 foi marcado para ser cantado no festival anual que celebra a dedicação ou rededicação do templo. O Salmo 92 era usado nos serviços do sábado. O Salmo 100 acompanhou o sacrifício de ação de graças, como nós observamos em Jeremias 33:11, “a voz dos que cantam: Rendei graças ao SENHOR dos Exércitos, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre” Os Salmos 38 e 70 são designados "para a oferta memorial" da qual lemos em Levítico 24:7. Os quinze Salmos 120-134 estão marcados para uso em procissões que sobem para a casa do SENHOR. [4]
 
Impressionado pelo significado permanente de alguns salmos históricos, E. G. White escreveu:
A experiência de Israel ... segundo é registrada nos Salmos 105 e 106, contém lições de advertência que o povo de Deus nestes últimos dias precisa especialmente estudar. Insisto em que estes capítulos sejam lidos pelo menos uma vez por semana. [5]

Tal conselho está de acordo com a advertência do apóstolo Paulo para a igreja em Corinto quando insistiu que refletisse na jornada de Israel do Egito para a terra prometida:
Essas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas como advertência para nós, sobre quem tem chegado o fim dos tempos.
                                                                                    (1 Cor 10:11, NVI).

A história do fracasso de Israel no Antigo Testamento deve servir como um exemplo de advertência para a Igreja Cristã. Como Israel caiu em pecado e apostatou de Deus, assim a igreja organizada hoje pode cair e apostatar se ela desviar-se da Palavra revelada e autorizada de Deus.
Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!
                                                                         (1 Cor 10:12, NVI).

A Promessa Messiânica nos Salmos

Mais que qualquer outro livro da Bíblia, os Salmos revelam Yahweh como o Deus da aliança. A aliança de Deus com Israel é a fonte da qual fluem as promessas do Messias, o Redentor real da casa de Davi, que não apenas libertaria Israel de todos os seus inimigos, mas também restabeleceria a paz no mundo inteiro. Assim dentro da moldura da aliança sinaítica (Êxo. 19.24) Deus colocou Sua aliança davídica (2 Sam 7:11-16).

Os salmos assim chamados "salmos reais" (2, 20, 45, 80, 110) desdobram a aliança de Deus com Davi mais completamente. Eles asseguram ao Israel de Deus que a Sua aliança está baseada nas promessas messiânicas que não podem falhar porque o Messias será fiel à vontade de Deus.

Cria o salmista em um Messias pessoal e esperava a Sua vinda? Várias perspectivas se combinam aqui, de acordo com a interpretação messiânica direta ou indireta dos salmos reais. Com exceção do Salmo 110 – que exegetas conservadores tomam como uma predição direta do Messias vindouro – os salmos reais podem ser tomados como previsões messiânicas indiretas, em linha com a profecia messiânica de Natã em 2 Sam 7:12-16; 4:1; 1 Crôn. 17:11-14. O filho de Davi é chamado aqui em um sentido especial de "filho de Deus" (cf. Sal. 2:7; 18:41; 89:27). O filho de Davi Salomão é até mesmo chamado o monarca do reino do Senhor  sobre Israel (1 Crôn. 29:23; cf. 2 Crôn. 9:8). Os poetas dos Salmos 2 e 72 falam sobre Davi ou o rei davídico como ele deveria ser, quase como se ele fosse sem pecado. Este estilo é virtualmente idêntico ao estilo confessional de uma situação ideal.
Em Israel o rei nunca foi divinizado como em algumas das nações pagãs circunvizinhas. Portanto quando os israelitas cantavam sobre um Rei divino, eles cantavam sobre o seu Messias vindouro, o Rei do grande futuro.

É óbvio que até mesmo os melhores reis da casa de Davi jamais cumpriram o ideal dos salmos reais. Era só natural que tais salmos evocavam em Israel a expectativa por aquele Rei em quem que os atributos divinos e gloriosos seriam cumpridos totalmente.

Referências

1 Para um tratamento mais elaborado da teologia de salvação nos Salmos, veja H. K. LaRondelle, Perfection and Perfectionism: A dogmatic ethical study of biblical perfection and phenomenal perfectionism. Andrews University Monographs, Studies in Religion, Vol. 3 (Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press, 1979), pp. 109-158.
2 An Introduction to the Old Testament Poetic Books, p. 137.
3 Theologie der Psalmen, Biblischer Kommentar AT, Band XV/3 (Neukirchen-Vluyn: Neukirchener Verlag, 1979), p. 221.
4 R. B. Y. Scott, The Psalms as Christian Praise, World Christian Books (New York: Association Press, 1958), p. 38.
5 Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos (Tatuí, S.P.: Casa Publicadora Brasileira), pp. 98, 99.

Por Hans K. LaRondelle

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