Salmo 23 - O Senhor é meu Pastor, nada me faltará...

1. Uma fórmula para o pensamento. Um pastor recebeu a visita de um homem que admira muitíssimo. Ele começara a trabalhar em uma certa empresa, muitos anos atrás, exercendo uma função inferior, mas com muita vontade de vencer. Ele era dotado de muitas habilidades, e de uma grande energia, e fez bom uso disso. Hoje, esse homem é o presidente da companhia, e possui tudo que tal cargo representa. Entretanto, durante a caminhada que o levaria a esta posição, ele não obteve a felicidade pessoal. Tornou-se nervoso, tenso, preocupado, doentio. Um de seus médicos sugeriu-lhe que procurasse um pastor. O pastor e ele conversaram sobre os remédios que lhe haviam sido receitados e que ele tomara. Depois, o pastor pegou uma folha de papel e lhe deu a sua receita: ler o Salmo 23, cinco vezes por dia, durante uma semana. Disse que o tomasse exatamente como ele indicara. Primeiro, deveria lê-lo logo que acordasse de manhã, atentamente, meditando bem nas palavras, e em espírito de oração. Depois, ele

Segue-Me tu!

Talvez uma das mais famosas passagens da Escritura seja aquela encontrada em Mateus 28:18-19: “e, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Este texto tem sido o mote para diversas religiões cristãs nos seus esforços de pregação do evangelho, incluindo os Adventistas do Sétimo Dia.

Cabe, no entanto, refletir no seguinte: o que é a pregação do evangelho? Será um hobby, uma atividade de tempos livres, uma prática sabática, o exercício de um simples dever? Ou teremos de ir mais fundo ainda para encontrar uma fundamentação que responda concreta e satisfatoriamente àquelas perguntas?

Não será novidade para ninguém se dissermos que a pregação do evangelho (nas suas mais variadas formas) é um elemento que subjaz à nossa condição de Adventistas do Sétimo Dia que aguardam a breve volta de Jesus; assim não sendo, tudo quanto somos cai irremediavelmente por terra. Daí que convirá saber se, de fato, estamos empenhados – não segundo o nosso critério, mas conforme Deus analisa a questão – nesta missão que nos foi entregue e a cada instante é renovada.

Vejamos a seguinte citação de Ellen White: ‘quão poucos de nós consideram a salvação de pecadores segundo ela é vista pelo universo celeste - como um plano idealizado desde a eternidade na mente de Deus! Quão poucos dentre nós têm o coração ligado com o Redentor nesta obra, solene e final! Mal existe uma décima parte da compaixão que deve haver pelas almas por salvar. Tantos há a serem advertidos, e todavia quão poucos há que se compadeçam juntamente com Deus o suficiente para ser alguma coisa ou não ser nada, contanto que vejam almas salvas para Cristo!’ (Obreiros Evangélicos, p. 116)

Ou seja, o céu olha para nós e aponta-nos algumas falhas de percepção e entendimento – e repare que nem estamos a falar da execução da tarefa; pois que, logo à partida, não estamos a compreendê-la devidamente!

Tristemente, estamos a perder a noção da solenidade que é ser colaborador do Eterno Deus na salvação das almas. Na correria do dia-a-dia, na influência a que os afazeres terrenos nos obrigam, começamos a incluir a obra evangelizadora no mesmo saco de todas as outras atividades da nossa vida, quando ela se deveria destacar de entre todas as outras como prioridade, responsabilidade maior e centro das nossas principais atenções.

A este propósito, veja o grave alerta que Deus nos faz: ‘lidar com coisas sagradas da mesma maneira que fazemos com os assuntos comuns é uma ofensa a Deus; pois aquilo que Ele separou para fazer Seu serviço no levar a luz ao mundo, é santo. Os que mantêm qualquer ligação com a obra de Deus não devem andar na vaidade de sua própria sabedoria, mas na sabedoria divina, do contrário estarão em risco de pôr as coisas sagradas e as comuns no mesmo nível, separando-se assim de Deus’ (Review and Herald, 8 de setembro de 1896).

Começamos a agir na nossa igreja, tal e qual agimos no emprego para com a comissão de trabalhadores ou na escola para com a associação de estudantes: frequentamos, participamos, cumprimos o dever ritual, pagamos a quota e envolvemo-nos numa ou outra questão sem um interesse muito profundo; mas nem um único passo a mais damos que possa colocar em risco os confortos pessoais entretanto adquiridos, que aos nossos olhos parecem mais importantes do que a maior obra do universo… Resultado: afastamento de Deus!

O Pr. Bertil Wiklander, presidente da região Trans-Europeia, afrimou: ‘há algo muito errado com uma igreja onde os membros somente assistem a reuniões, escutam sermões e dão dízimos e ofertas’. Se este é o caso da sua casa ou da sua igreja, algo de tremendamente importante deve ser repensado!

Existem na Escritura várias convocações evangélicas além da mencionada no início. Uma delas encontramos em Mateus 9:37-38, onde lemos: ‘então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a Sua seara’.

Por incrível que possa parecer, transformamos este apelo ao trabalho em favor da salvação das almas, numa demissão tácita das nossas responsabilidades! Pois que, quando deveríamos renovar a decisão de nos empenharmos ainda mais na obra, visto que a empreitada tem poucos trabalhadores, descansamos negligentemente à sombra da promessa que Deus enviará outros para o campo e a nossa ausência não será sequer notada…

Em resposta a essa falsa assunção, o próprio Jesus declara, em conversa com um dos primeiros obreiros: ‘vendo Pedro a este (n.d.r.: outro discípulo), disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se Eu quero que ele fique até que Eu venha, que te importa a ti? Segue-Me tu’ (João 21:21-22).

Caro irmão, que lhe importa que haja poucos trabalhadores e a tarefa pareça difícil? Que lhe importa que os outros se demitam? Que lhe importa que mais ninguém surja para se colocar na linha da frente do santo combate? Tivesse Jesus à sua frente, Ele lhe diria: ‘segue-Me tu!'

Leia atentamente este texto de Ellen White (Manuscrito 71/2, 1900): ‘todo bom soldado obedece implícita e prontamente as ordens de seu capitão. A vontade do comandante tem de ser a vontade do soldado. Por vezes ele se surpreenderá com a ordem dada, mas não deve se deter para indagar o porquê. Quando a ordem do capitão contraria os desejos do soldado, não lhe cabe hesitar nem queixar-se, dizendo: Não vejo coerência nesses planos. Não deve formular desculpas e deixar seu trabalho por fazer. Soldados dessa espécie não seriam aceitos como aptos para se empenharem em batalhas terrenas, e muito menos serão eles aceitos no exército de Cristo. Quando Cristo ordena, Seus soldados devem obedecer sem hesitação. Precisam ser soldados fiéis, do contrário Ele os não pode aceitar. A toda alma é concedida liberdade de escolha, mas depois que o homem se alistou, requer-se que seja tão verdadeiro como o aço, quer para a vida, quer para a morte’.

Poderemos pensar que a tarefa é demasiado pesada, muito para além das nossas capacidades. Se alguém pensa assim, quero dizer-lhe que isso é rigorosamente verdade! Não está na nossa mão o saber como, onde e quando poderemos ser Seus soldados; muito menos temos a sabedoria para vencer pela nossa força. E ainda bem que assim é; isto dá oportunidade Àquele que não comete erros de entrar em ação! E veja as promessas que Ele deixa:

'Ora, aí está justamente o que precisamos compreender, que [ela] não é a nossa obra, mas a de Deus, e que somos simples instrumentos em Suas mãos, para realizá-la. Precisamos buscar ao Senhor de todo o coração, e o Senhor trabalhará em nosso favor’ (Review and Herald, 10 de maio de 1887).

‘Empreendei esta obra como sendo a obra do Senhor, fazendo-a com reflexão e paciência. Isto é um serviço real, que o Mestre aprovará. Trabalhai com clara percepção da obrigação que sobre vós pesa, sabendo que anjos de Deus se acham presentes, para pôr o selo celeste sobre a fidelidade, e condenar a infidelidade de qualquer espécie. O empreender corajosamente a obra que necessita ser feita e nela pôr o coração, torna o trabalho um prazer, e traz êxito. Assim Deus é glorificado’ (Evangelismo, p. 646).

Deus entregou aos Seus servos na terra um solene e sagrado dever, descrito pelo profeta Isaías: ‘o Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos’ (Isaías 61:1).

Pregar as boas novas, restaurar os corações, libertar os cativos e soltá-los da prisão do pecado: eis os resultados a atingir em favor do próximo, por todo aquele que faz da pregação do evangelho o seu estilo de vida, e não apenas um momento, um evento que tão depressa surge como logo passa.

E se a obra é do Senhor, não esqueça que a recompensa também será entregue por Ele. E não poderá haver melhor prémio do que esse!

FILIPE REIS
Nascido e educado na Igreja Adventista do Sétimo Dia e batizado em Março de 1989, aos 13 anos. Vive em Vila Nova de Gaia, Portugal. Serviu vários anos como Diretor da Escola Sabatina e Ancião na Igreja de Pedroso, Portugal, entre outras funções. Atualmente, é Colportor Evangelista da União Portuguesa. Em breve iniciará a formação em Teologia, para servir como Pastor. Editor do Blog O Tempo Final. Casado com Sofia, têm um bebé, Caleb Filipe, nascido em Junho de 2009.

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