SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

Porque razão foi José vendido como escravo?

Algumas das histórias bíblicas que desde a infância nos foram ensinadas e nos habituamos a rever, parecem ter aquele componente extra de fascínio que nos impossibilita de a esquecer por completo com o passar do tempo. Talvez um ou outro ligeiro pormenor vá escapando; mas em linhas gerais - e tantas vezes mais do que isso! - somos capazes de a relatar com toda a fidelidade.

Aquilo que pode também acontecer, é o nosso entendimento e perceção se apurarem com essas recapitulações, de forma a retirar dessas histórias ensinamentos mais profundos. O resultado de ler, reler, refletir e buscar outros textos que tenham alguma ligação. É o que quero sugerir com a impressionante história de José, filho de Jacó.

Podemos dizer que este valente e fiel homem, tanto na juventude como na fase adulta, teve uma vida difícil... mesmo antes de nascer! Vemos isso pelo fato de sua mãe, Raquel, ter tido grandes dificuldades em engravidar, o que lhe provocava grande sofrimento na família de Jacó, apesar de ser a sua esposa preferida (Génesis 29:30).

Finalmente, Raquel recebe a bênção de Deus e alcança um filho varão, José (30:22, 23).

Imagine o que terá sido a infância de José: único filho da esposa preferida, acarinhado (talvez deva dizer mimado...) em excesso por seu pai, enquanto as outras mães (Lea, Bilha e Zilpa) e filhos (que já eram dez!) assistiam a tudo bem de perto. Muito menos terá ajudado a clara preferência demonstrada por Jacó pelo filho de Raquel, ao oferecer-lhe uma bela e colorida túnica (37:3). Por isso os dez irmãos e tratavam com indiferença e algum desprezo, não lhe falando amavelmente (37:4).

Após o clima ter ficado pior com o relato dos sonhos de José (37:8, 10, 11), surgiu aos irmãos de José a grande oportunidade de se verem livres dele: longe de casa, sem a presença do pai, sequestraram José, aguardando melhor ideia para dar seguimento ao plano. Julgando cobardemente que poderiam dessa forma lavar as mãos, resolveram vender José como escravo a uma caravana de ismaelitas (primos deles) que por ali passava. Assim, José seguiu para o Egito, passando de filho preferido a prisioneiro e, pior ainda, escravo.

Por isso, levanto a pergunta: porque razão foi José vendido como escravo?

Se você, caro leitor tomou conhecimento desta história pela primeira vez aqui, poderá pensar que a resposta é: devido à inveja e ódio de seus irmãos. Também, mas não só!

Já no Egito, José continua com as suas aventuras incríveis. Resumindo, ele começa por ser servo em casa de um oficial de Faraó, onde é abençoado por Deus e prospera (39:1, 2). Acusado de forma mentirosa, é lançado numa cruel prisão (39:20). Ali, Deus não o abandonou e através de uma série de interpretações que lhe concedeu de sonhos (40:1-23), levou-o à mais alta sala da nação, o trono do Faraó.

O governante egípcio estava perturbado com dois sonhos que constantemente o abalavam (41:8). Sabendo que José já tinha ajudado outros, contou-lhe os seus pesadelos. José, começando por glorificar o Deus que sabe tudo (41:16), informou Faraó que Deus o tinha avisado do que sucederia no futuro próximo: sete anos de fartura seguidos de sete anos de fome (41:29, 30). O Faraó, sabiamente, viu no prisioneiro alguém capaz de, dirigido por Deus, liderar a nação nos planos para evitar que a fome destruísse o Egito (41:38-41).

Então, poderemos pensar que Deus permitiu que José fosse levado cativo para o Egito para liderar essa grande nação na luta contra a fome. Também, mas não só!

A fome, estendeu-se para além das terras egípcias, atingindo Canaan, onde viviam... Jacó e sua família. Por isso, o patriarca enviou os filhos (exceto Benjamim, o filho que Raquel lhe dera depois de José) para comprarem mantimento das posses do Faraó (42:2). Eles foram e após uma série de enigmas, através dos quais José testou os irmãos, finalmente, toda a família se reuniu em casa de José, no Egito (47:11, 12).

Será que, então, José foi vendido como escravo para salvar a sua família e outras nações vizinhas? Mais uma vez, também, mas não só!

Talvez a mais profunda das razões seja aquela que é trazida à luz após um continuado e diligente estudo das Escrituras. Descubra-a de seguida, num simples raciocínio!

Vejamos a lista dos filhos de Jacó, irmãos de José: Ruben, Simeão, Levi, Judá, Dan, Naftali, Gad, Aser, Issacar, Zebulon e Benjamim.

No seu leito de morte, Jacó proferiu a seguinte declaração (profecia) sobre Judá, seu quarto filho: 'o cetro não se arredará de Judá, nem o legislador de entre seus pés' (Génesis 49:10).

Consultemos agora Lucas 3 e atentemos para a genealogia de Jesus. Nos versos 33 e 34 é feita menção a... Judá, filho de Jacó! Jesus é descendente de Judá, da casa de Jacó.

O plano da salvação, traçado bem antes de Jacó ou Judá existirem - '... Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo' (Apocalipse 13:8) - passava pela casa de Judá, que seria ameaçada pela fome de sete anos que assolaria toda a região. Deus, conhecendo bem o Egito e vendo ali os recursos necessários à manutenção da vida, viu em José os traços de caráter ideais para ser por Si usado na salvação de muitos e, principalmente, na proteção do plano da salvação!

Veja em Génesis 45:5 as palavras de José: '... para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face'. Pergunta-se: conservação da vida de quem? Novamente as palavras de José (45:7): '... para conservar a vossa sucessão na terra...'.

Caro leitor, não só mas também, Deus permitiu que um adolescente de 17 anos fosse vendido como escravo pelos próprios irmãos... por minha e por sua causa! O plano da salvação concretizado na Pessoa de Jesus seria afetado caso a família de Jacó perecesse. Através da fidelidade do jovem José, Deus providenciou que isso não acontecesse.

Um dia na eternidade poderá agradecer a José pela sua coragem, perseverança e determinação. Mas agradeça ainda mais a Deus pela maneira impressionante como Ele, vendo o futuro desde o passado, providenciou que o Seu plano para o redimir não sofresse desvio algum.

FILIPE REIS
Nascido e educado na Igreja Adventista do Sétimo Dia e batizado em março de 1989, aos 13 anos. Vive em Vila Nova de Gaia, Portugal. Serviu vários anos como Diretor da Escola Sabatina e Ancião na Igreja de Pedroso, Portugal, entre outras funções. Em breve iniciará a formação em Teologia no Colégio Adventista de Sagunto (Espanha), para servir como Pastor. Editor do Blog O Tempo Final

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