SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

A IMPORTÂNCIA DE SOLENIZAR

Uma grande empresa decidiu, após muitos estudos e consulta a seus funcionários, montar um gabinete dentário completo dentro da fábrica. Um dentista foi contratado e, sem qualquer cerimônia especial, num certo dia, o dentista começou a atender os operários.

Conversando com esse dentista, ele me disse que sentia uma “frieza” por parte dos funcionários. Fazia oito meses que o gabinete dentário estava funcionando. Ele mesmo tinha andado várias vezes pelas oficinas de fábrica colocando-se à disposição dos funcionários que pareciam, segundo ele, não valorizar o fato de a indústria ter colocado um gabinete dentário somente para atendê-los.

Por sua vez, a diretoria da fábrica dizia: “Não adianta fazer nada para os operários. Gastamos centenas de reais num gabinete dentário completo e os operários nem valorizaram, nem aparecem para fazer tratamento. E é tudo gratuito!”

Quando fui comunicado dessa situação, perguntei logo como foi que o gabinete dentário foi colocado na indústria. A resposta veio simples e direta. “-Reformamos a sala, adquirimos os equipamentos e contratamos o dentista e mandamos um memorando para todos os chefes e colocamos um aviso no quadro de avisos: - A PARTIR DA PRÓXIMA 4ª FEIRA HAVERÁ UM DENTISTA ATENDENDO NO NOVO GABINETE DENTÁRIO. AS CONSULTAS E TRATAMENTOS SÃO GRATUITOS. FALE COM SEU SUPERVISOR A RESPEITO.

Confesso que foi difícil convencer os diretores da fábrica sobre qual tinha sido o erro cometido.

Imediatamente propus que fosse feita uma cerimônia de “inauguração” do Gabinete Dentário, com a presença de todos os funcionários (num final de expediente ou troca de turno) e com as seguintes providencias adicionais e absolutamente necessárias:

• Colocar uma placa como o “nome” no Gabinete. Esse nome deveria ser escolhido pelos próprios funcionários com antecedência para que no dia da inauguração a placa já estivesse pronta e colocada;
• Cobrir a placa com um pano com as cores da empresa, para que fosse descerrada pelo presidente da empresa (que deveria comparecer no dia da inauguração), juntamente com o funcionário mais antigo, o funcionário mais novo, o dentista e o gerente da fábrica. O representante do sindicato ou da Comissão de Fábrica, também deveria participar do descerramento da placa;
• Colocar uma fita na entrada do Gabinete Dentário para ser desatada pela operária mais antiga, pela mais nova, juntamente com o presidente da empresa;
• O presidente da empresa deveria fazer um discurso;
• Um representante dos operários deveria fazer um discurso;
• Após o descerramento da placa e o desatamento da fita, todos seriam convidados a visitar o Gabinete Dentário, percorrendo suas instalações;
• Após a cerimônia (bastante formal) haveria alguma coisa para comer e beber, servido aos operários.

Os diretores da indústria disseram sentir-se envergonhados de fazer tudo aquilo. Sentiam-se como “políticos em campanha”. Expliquei que tudo aquilo era absolutamente necessário para que todos os beneficiados “incorporassem” o novo gabinete dentário.

Tudo foi feito como pedi. O sucesso foi enorme!

Nas semanas e meses que se seguiram, todos os operários comentavam o novo benefício. O Sindicato dos trabalhadores enviou uma carta à empresa elogiando a iniciativa. O dentista teve um trabalho oposto ao que sentia anteriormente: teve que organizar um horário para atendimento dos muitos operários que agora desejavam tratar de seus dentes.

Afinal, o que aconteceu?

Será que os operários não sabiam da existência do gabinete dentário antes da sua “inauguração”, que se deu oito meses depois de aberto ao atendimento?

Uma das coisas mais importantes no Brasil é “solenizar” ou “cerimonializar” os atos na empresa. Todos os atos importantes, para serem vistos como realmente importantes, precisam ser cerimonializados, solenizados. E como todo “rito” deve ter discurso e comida”.

Não há cerimônia em nenhuma sociedade que não tenham esses dois componentes essenciais. “Falar/Ouvir e Comer/Beber” faz com que as pessoas realmente incorporem o fato ou acontecimento. Assim são nos casamentos, batizados, aniversários, etc.

Assim, um dos mais sérios erros que as empresas podem cometer é a de simplesmente colocar para funcionar as coisas sem a devida atenção ao “como” essas coisas são colocadas para funcionar.

Demos o exemplo do gabinete dentário que é um espaço físico, com equipamentos, etc. no entanto, essa mesma orientação vale para qualquer outra coisa. Por exemplo, a adoção de um novo uniforme, a adoção da obrigatoriedade do uso de crachás, a incorporação de novos veículos numa frota, etc. etc.

No Brasil, com o homem brasileiro, nada deve ser feito sem se estudar o “como” será introduzido na empresa, sob pena de ver-se a sua utilização minimizada, desvalorizada ou mesmo malversada. Na Europa, nos Estados Unidos, onde a sociedade não é oral e auditiva como a brasileira, essas providências não são fundamentais. Porém, o homem brasileiro, oral e auditivo,é diferente e precisa ser tratado diferentemente pela empresa.

Experimente “solenizar” e “cerimonializar” algumas coisas essenciais na sua empresa daqui pra frente. Você verá a diferença. Você verá que as pessoas passarão a realmente “incorporar” as mudanças ocorridas e passarão a segui-las e atendê-las mais facilmente. A comunicação de fato se estabelecerá. Os objetivos ficarão mais explicitados e a importância do fato será realmente sentida e avaliada. Tenho visto muitas empresas perderem tempo, recursos, energia, por não compreenderem essa verdade antropológica do homem brasileiro. Não cometa o mesmo erro. Experimente.

Pense nisso. Sucesso!



PROF. LUIZ MARINS

Antropólogo. Estudou Antropologia na Austrália (Macquarie University/School of Behavioural Sciences) sob a orientação do renomado antropólogo indiano Prof. Dr. Chandra Jayawardena e na Universidade de São Paulo (USP), sob a orientação da Profa.Dra. Thekla Hartmann;

- Licenciado em História (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba); estudou Direito (Faculdade de Direito de Sorocaba); Ciência Política (Universidade de Brasília - UnB); Negociação (New York University, NY, USA); Planejamento e Marketing (Wharton School, Pennsylvannia, USA); Antropologia Econômica e Macroeconomia (Curso especial da London School of Economics em New South Wales) e outros cursos em universidades no Brasil e no exterior.

Site: Anthropos

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