SALMO 1 - A PRIMAZIA DA PALAVRA

1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. 2  Antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. 3  Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. 4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. 5  Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos. 6  Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá. Este poema é uma introdução de encaixe ao livro de 150 salmos. Revela o padrão básico da sabedoria e adoração de Israel. A vida é vista não nos momentos isolados do presente, mas na perspectiva da eternidade, na visão de Deus. O autor conecta vida humana intimamente com a vontade e o coração de Deus. O salmo lança um apelo desafiador a Israel – e a to

A eternização da miséria

Um conhecido meu, que pediu para não ser identificado, substituiu o computador Pentium II por um Pentium IV. Ficou na dúvida: que fazer com o aparelho velho, que no mercado só vale uns R$ 200,00? Não seria melhor doar para quem precisa?

Foi o que fez o meu amigo no final do ano passado. Resolveu doar o Pentium II, com DVD recorder, placa de som, placa de rede, placa de imagem, monitor LG e impressora à jato de tinta HP à filha da mulher que faz faxina em sua casa, uma garota de uns 8 anos de idade e com problemas sérios de saúde (utiliza uma sonda no abdômen, para alimentação). Seria esse o presente de Natal para a família que limpa sua casa.

Como a faxineira é muito pobre, meu amigo providenciou o transporte da aparelhagem até o barraco dela, que fica numa das cidades-satélites de Brasília, a uns 20 km de distância de onde mora. Gastou gasolina do próprio bolso e os pneus do próprio carro para, pessoalmente, instalar o computador na casa da família pobre.

Porém, lá chegando, deparou-se com uma situação surrealista: a dona da casa não permitiu a instalação do computador. Por quê? A menina da faxineira está inscrita num programa do governo do DF que diariamente doa pães e leite a famílias que passam necessidade. O medo da mãe é que algum burocrata do governo passe pela casa, veja o computador e corte o fornecimento do pão e do leite. Temendo tal retaliação, o computador foi escondido dentro de um armário.

É o fim da picada. O que o computador tem a ver com o programa "social" do governo? Não é um simples aparelho que vai tirar a família da miséria, assim de uma hora para outra. Com o computador ligado ou desligado, as necessidades da família de quatro pessoas (sendo uma, a avó, cega) vão continuar a ser as mesmas. Porém, a médio e longo prazo, a habilidade que a menina poderia adquirir com a utilização do computador, e o conhecimento decorrente do uso dessa maravilhosa máquina, poderiam traçar um destino melhor para a família, pois a menina teria muito melhores condições de fazer, mais adiante, uma faculdade e conseguir um bom emprego, ajudando toda a família a sair da miséria.

O que se vê nesses programas do governo que Jarbas Passarinho chamou de "marsupiais" (bolsa pra isso, bolsa pra aquilo) é a eternização da miséria das famílias carentes. Através de uma doação que é um pouco mais do que uma simples esmola, o governo cria um círculo vicioso que nunca tem fim, pois o que tira um indivíduo da miséria e lhe dá segurança e dignidade é um emprego. Nem sequer um trabalho o governo exige dessas famílias em troca do pão e do leite que doa, como a pintura de faixas de pedestres, serviços de capina e tapa-buracos no asfalto, só para citar algumas das prementes necessidades de qualquer município. Tudo o que vem de graça não é valorizado. O único beneficiado com esses ditos "programas sociais" é o governante que, em troca de um pouco de comida ou de um cartão magnético, vai pedir votos mais adiante para se reeleger - uma forma moderna de voto de cabresto.

Já dizia Luiz Gonzaga que "a esmola vicia o cidadão". Em "Vozes da Seca", de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, há a seguinte estrofe:

"Seu doutor, os nordestinos têm muita gratidão/ pelo auxílio dos sulistas nessa seca do sertão/ mas doutor, uma esmola pra um homem que é são/ ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão/ dê auxílio ao nosso povo/ encha os rios de barragem/ dê comida a preço bom/ não esqueça a açudagem/ livre assim nós da esmola/ que no fim dessa estiagem/ lhe pagamo inté os juros/ sem gastar nossa coragem".

O computador, até hoje, continua desligado na casa da menina. Louca para ligar o aparelho, ela não entende porque deva ser prejudicada em troca de um pão e de um litro de leite. A pobreza da família, esta, ao contrário, está cada vez mais "ligada", muito longe de acabar. Triste país, o Brasil!

Por Félix Maier - Mídia Sem Máscara

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